Passei parte da manhã na cerimónia (muito informal) de entrega dos diplomas de mérito, académico e desportivo) aos alunos da minha escola. Algo que faço sempre com imenso prazer, apesar da opinião actualmente dominante na clique dirigente da Educação (ME/CNE e afins) ser a de que esta é uma prática “selectiva” e que promove a “competição” que se considera “pouco saudável” por oposição às “práticas colaborativas” e à “cooperação”.
Sempre me agradaram as coisas simples, mas sempre me irritaram as simplórias. Os maniqueísmos cobertos de chavões a este respeito, como se o destacar do mérito fosse contraditório com a colaboração entre os alunos e apenas implicasse uma doentia concorrência. Não nego que isso possa existir, mas também me recuso a aceitar que exista a possibilidade de coexistência entre práticas colaborativas e o reconhecimento de quem se destaca.
(até porque, e já repeti isto tanta vez, se for no desporto já podem desde petizes querer apenas ganhar, ganhar, ganhar e ser ronaldos, méssis e agora félixes…)
Quando se combina a obrigatoriedade administrativa do sucesso (sim. podem dizer que não é assim nas apenas convencem os crentes ou os que querem entrar no clube dos pipis) e a crítica ao reconhecimento do mérito, optamos por uma Escola Pública que se novela pela mediania ou mediocridade mascarada de outra coisa. Uma “universalidade” do direito à Educação não significa a universalidade (leia-se obrigatoriedade) de todos serem em tons de cinzento. É sempre aqui que esbarro com o princípio da igualdade à força.
Que mensagem transmitimos a quem quer fazer melhor quando a todos se diz que fazem bem, quando notoriamente não fazem?
Que se agarrem ao imperativo hipotético de Kant (já sei que por aqui perdi qualquer leitor que ache bem que a Filosofia esteja restrita a dois anos do currículo, que não interessa nada para a vida do dia a dia”e que não percebam porque Hume e Locke fazem sentido quando se fala em aprendizagem) esqueçam o reconhecimento pelos pares? Acho curtinho; acho mesmo que, como conceito e prática na Educação, é algo que se rende à mediocridade em vez de promover a meritocracia.
Curiosamente, fui um dos que, na blogosfera, nos tempos da “reitora” e do “engenheiro”, estiveram contra aquela coisa de dar 500 euros para pagar o mérito dos alunos do Secundário. Verdade se diga que os cheques demoraram pouco. Mas sou sem reservas a favor de serem simbolicamente destacados. Já agora, lá por 2008, muitos dos (vitalícios ou novatos) que agora muito clamam contra os quadros de mérito, voavam baixinho com receio de levaram com uma bombarda que lhes arruinasse o poleiro ou a carreira.
E como diria o mister aqui de perto, “vocês sabem bem que(m) estou a falar”.

(gostei muito que, para além dos premiados, tivessem aparecido outros tantos colegas que os quiseram ver a receber os diplomas… lá se indo por água abaixo a teoria da competição doentia e não colaborativa… só foi pena o Gabriel não ter podido estar com a Érica, a Rita e o Rodrigo)
Gostar disto:
Gosto Carregando...