Isto Anda Tudo Ligado

Transcrevo a parte final do texto que fiz a meio da semana passada para o Educare, pensando que era para sair na última 6ª feira, quando, afinal, é apenas na próxima que sairá. Mas penso que a antecipação acabou por não lhe fazer perder a oportunidade.

Esta desorientação ao nível de uma gestão míope dos recursos humanos que se pretende de “boa governança”, fascinada pelas poupanças feitas e pelos objectivos alcançados de “redução da despesa” transmite-se com uma grande rapidez ao quotidiano da vida das escolas e potencia situações de instabilidade nos alunos, quer porque ficam com muito tempo desocupado, quer porque muitas vezes não chega a existir tempo para estabelecer uma relação produtiva de trabalho entre os grupos-turma e @s professor@s que chegam e partem, sendo encarad@s como ocasionais. E quando essa base se esboroa, muito mais entra em colapso. Mesmo que se esconda isso com uma política de sucesso por decreto.

Acham que a indisciplina e o desrespeito em relação aos docentes é um fenómeno desligado da sua escassez e da precarização da sua situação laboral? Pensem melhor…

PG 4

As Fábricas De Necessidades

Na Saúde, de forma periódica surgem surtos de qualquer coisa que precisa de um medicamento específico, acabado de investigar ou pronto a comercializar pelo preço certo. Na Educação há algo parecido com a detecção de “necessidades de formação” que, felizmente, já estavam a ser previstas por aqueles que as detectaram.

Mercearia

Penso Que Outro Fenómeno “Residual” Nas Escolas…

… em especial nas Secundárias, será o consumo de drogas à vista invisível de todos, seja dos alunos não consumidores, seja de quem vê os recantos e pontos de interesse para a aquisição e fruição nas redondezas. Se é apenas do lado de lá do portão e a responsabilidade é apenas das “forças da autoridade” e já nem é crime se for só relva moída? Talvez. E se for farinha aditivada ou smarties com esteróides?

 

three_blind_mice

3ª Feira

Já refeito do aumento de glicose no sangue enquanto via o PeC de ontem, fez-se-me luz no neurónio saudável e entendi que a mensagem a transmitir é “as escolas são seguras” e quem leva nas trombas (por incivilizado e “residual” que isso seja) é porque não soube flexibilizar as abordagens ou a escola não soube oferecer aos alunos o que eles desejam (aparentemente, serão aulas de Teatro) e não tem direito a indignar-se. Para além disso os professores portugueses parecem embaraçar-se por ser cultos e adoram coisas da Cidadania.

Ou seja, a mensagem foi “para fora”, para tranquilizar quem não está todos os dias nas escolas e percebi como alguns dos presentes, não intervenientes de microfone nas mãos, pareciam pacificados. Quase todos quiseram transmitir uma “boa imagem” das escolas públicas, o que é estimável, mas me parece altamente hipócrita. Não é verdade que o problema seja meramente de erupção “mediática”, pois existem assuntos muito mais suculentos, a começar pelo caminho de Sócrates para o arquivamento ou do Sporting para os lugares que lutam pela não descida de divisão ou o relvado da Luz que não deixou o Pizzi fazer aquela escorregadela pós-golo sem dar um tombo.

Valha-nos o Luís “Resíduo” Braga e alguns fogachos dispersos de quem, quando com a possibilidade de falar um ou dois minutos, desperdiçou a maior parte do tempo em demonstrações de adesão ao século XXI ou se perdeu em contradições, terminando intervenções a dizer o contrário do início (demonstrando à saciedade o burnout mental que vai por aí).

Na sequência do que escrevi ontem, o programa poderia ter sido sobre a mudança da cor das folhas no Outono que não teria tentado fugir de forma mais rápida ao tema. Nem sei se foi pena, mas, curiosamente, esperava melhor. E honra seja feita desta vez à Fátima Campos Ferreira que, apesar de querer tanto “dinamismo” que o resultado final pareceu uma manta desconexa de retalhos e purpurinas, ainda foi quem mais tentou “focar” a tertúlia.