Andas A Fazer As Contas Por Baixo, Mário!

Porque são muito mais de 10.000 os alunos sem aulas em algumas disciplinas desde o início do ano e mesmo muitos mais os que durante estes quase dois meses não tiveram o tempo todo o Conselho de Turma completo. Eu sei que andas pouco pelas escolas, mas podias pedir aos delegados sindicais que recolhessem os dados de proximidade, a começar pelo tipo do spgl que é das minhas redondezas. Já agora, por mim, gostaria de partilhar que a minha DT está sem Geografia e Francês desde o início do ano e nem em contratação de escola há candidatos, pelo já receio o pior. O ano passado, só entre essas duas disciplinas, tiveram de forma intermitente 6 docentes diferentes (3 para cada) e andaram meses e meses sem quatro (4) disciplinas, graças ao sistema estúpido do ME para lidar com atestados de longa duração que se sabe irem passar de um ano lectivo para outro. O Conselho de Turma esteve completo menos de dois meses (Março a Maio), com as férias da Páscoa pelo meio.

Para o ME, 10.000 alunos são amendoins, coisa de 1% do total, um valor residual. Vão mostrar-se muito preocupados e fazer uns malabarismos, mas nada de essencial  Mas são mais. Acredita em mim, porque mentiras entre nós, que me recorde, só as que eu ouvi. Repito: mete quem anda com redução da componente lectiva para trabalho sindical a fazer o levantamento a partir da base e deixa-te da atracção por números redondos, até porque, por muito que grites, já são muito poucos os que te ligam. Enquanto os EE não perceberem que este é um problema em que devem meter as mãos a sério (não falo do pai ascensão, que esse tem outra agenda de prioridades) e meterem o assunto na agenda das televisões nada se resolverá.

Já ninguém te ouve muito, por isso, ao menos, tenta fazer as coisas bem, dentro das tuas imensas capacidades e do que o teu cartão de militante deixar. Não te esqueças que andaste três anos a dar cobertura ao ministro Tiago, quatro ao SE Costa e ainda andas aos elogios à ex-SE Leitão, como se isso te fosse servir de alguma coisa. Ou melhor, como se isso nos fosse servir de alguma coisa, porque no teu caso não arriscas nada.

A culpa não é tua, nem dos sindicatos? Claro que não, mas, por isso mesmo, espera-se que apresentem propostas de solução. Ou dão muito trabalho?

CrisNogas

(e não venhas dizer que a culpa ainda é da troika, ok?)

A Minha “Imaginação Sociológica” – 1

Volto hoje, que tenho um pouco mais de tempo, pois não estou preso a arcaicas tarefas de avaliação e o tempo está fraquito para ir fazer a minha imaginária caminhada pela serra, a algumas diatribes que me foram dirigidas há um ou duas semanas por causa de uma “polémica” sobre a forma como nos devemos tratar na blogosfera ou redes sociais quando estamos a discordar de alguém, mas achamos que fica melhor não nomear a pessoa, para depois poder dizer que não era a essa que nos estávamos a referir e que o interlocutor não percebe nada disso.

Para além de “professor marca branca” foi-me atribuída uma aparente “imaginação sociológica” por eu usar algumas expressões ou termos menos confortáveis para uma restrita clique no poder na Educação desde 2015 (herdeira de correntes de final do século XX e de uma certa pedagogia freirista terceiro-mundista). Uma das expressões que irritou o meu colorido interlocutor foi o uso da expressão “Círculo Interno do Poder”, como se ela tivesse acabado de ser por mim inventada, fruto de uma mente em delírio e sem qualquer fundamento teórico.

Nada de mais errado, porque muitas vezes a ignorância presume que o que desconhece não existe. O Paulo Prudêncio já escreveu a esse respeito usando a designação de “Grupo Fechado”, mas eu fui mais literal na tradução da expressão inner circle, conceito que há décadas faz parte do léxico da Sociologia Política (pois, fiz muitas leituras diletantes nos tempos do curso de História e não só) e se aplica a diversas realidades em que um grupo restrito de indivíduos acede a determinado poder/informação/função de que exclui os restantes elementos interessados ou afectados pelas suas decisões, criando uma clique exclusiva, no sentido original do termo relacionado com a prática da exclusão. Remontando mais de 100 anos, o “Comité Secreto” de Freud é o exemplo de um inner circle de que um dos mais famosos excluídos foi Jung, tendo servido para o seu principal dinamizador controlasse a sua “corte” de seguidores.

Passando para as últimas décadas do século XX, o conceito foi sendo cada vez mais aplicado à forma como grupos de executivos começaram a organizar-se para influenciar políticas, no sentido de obterem decisões que fossem favoráveis aos seus negócios (esta obra de Michael Useem é uma das primeiras análises de um fenómeno que pode remontar às teses sobre o complexo industrial e militar dos anos 50 nos EUA). Mas a inner circle theory deu origem a diversas análises, em especial sobre o funcionamento do poder nos países anglo-saxónicos (um exemplo aqui que reavalia as teses de Useem), mas com imensas ramificações como, por exemplo, o uso recente de algumas redes sociais para estabelecer uma teia de relações entre políticos e jornalistas. E existem mesmo departamentos e cursos destinados a estudar como se estabelecem estes círculos restritos de influenciadores/decisores ligados ao exercício do poder político e ao modo como são tomadas as decisões.

Como matéria de estudo da Sociologia, a própria disciplina é objecto de análise no que se refere à forma como se estrutura o seu campo de estudo e as suas teorizações.

Para não complicar mais as coisas fiquemo-nos por uma passagem acerca do que é o papel do inner circle na vida de qualquer pessoa, sendo especialmente importante quando essa pessoa tem poder de decisão.

An important consideration about our inner circle is that we all are so heavily influenced by those people. We all learned as children the importance of associating with good friends and people who would be good for our lives and help us achieve good things. The lesson is immensely more complicated as adults when our responsibilities and roles are sophisticated and multi-faceted.

Those we invite into our circles that could generate tremendous profits for our business could prove to be people who are willing to compromise their ethics and integrity to fill that bill and alienate others in the circle. People who are too protective or possessive of us will be off-putting to others and could prove to actually hold back our own development. People who are so totally needy that they consume disproportionate amounts of our time and resources may ultimately cause resentment and frustration to develop.

Se há quem ache que, desde 2015 (como em outras alturas), não se criou um Círculo Interno de Poder na Educação, anda muito distraíd@ ou não quer que se perceba como é que as decisões se definem, os decretos se escrevem, as formações se recomendam e as viagens se fazem.

Não, não é “imaginação sociológica” minha. Quem isso afirma ou é ignorante na teoria ou está demasiado ocupado com a práxis que não quer que se note demasiado cá fora. Em qualquer dos casos, espero ter dado um contributo útil para a inclusão de novos conceitos no seu reportório conceptual.

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E Quando As Tecnologias Do Século XXI Não Conseguem Substituir O Instinto E Faro De Um Animal?

Baghdadi death: The ‘wonderful’ canine who chased the leader of Islamic State

What we know about the military dog injured in the al-Baghdadi raid

Everyone loves the war dog in the Baghdadi raid. But the dog’s predecessors used to be killed.

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Um Conceito Interessante

Um café onde é possível, numa cadeira específica, voltar ao passado desde que não se saia do sítio e se volte antes do café arrefecer. Sem que seja possível alterar o presente. Mas o futuro, talvez…

Não é uma maravilha em termos especificamente literários (ainda estou a iniciar o segundo de quatro capítulos), mas ao menos é um exercício a partir de uma ideia “inovadora”, no verdadeiro sentido da palavra.

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MEC, Circa 55 Anos (Que é Quase A Minha Idade)

Textos ali de 2010-11 para refrescar as leituras, Já não é o MEC urgente, mas sim o paciente. Já não busca novidades, mas os confortos conhecidos. Envelheceu como todos nós, mas não optou pela lycra e prefere aquela cabeleira à tia inglesa do que o polimento da careca que alguns pensam tirar 20 anos.

Excertos preciosos das páginas 168-169 sobre como mobiliar uma casa.