O Hiper-Controle Da Hiper-Burocracia

Publico, após edição cuidada 😉 , o desabafo que me chegou de alguém, algures, nuns serviços administrativos.

Como é que querem que esta porcaria ande para a frente…
15 dias antes a IGEC chegar, envia um email com uma lista de documentos e pastas que deseja numa sala exclusiva para eles.
E uma outra datas de ficheiros em formato excel para se preencher!!!
Dados que são todos exportados para o MISI, IGEFE… todos os meses!!!
Nem se dão ao trabalho de virem acompanhados desses mapas!!! E andamos nós a apaparicar esta gente! No final, temos 30 dias para corrigir tretas de caracácá… sobre instruções que nunca chegaram à escola! E outras situações em que recebemos orientações via nota informativa & email do IGEFE que o IGEC diz que são ordens, mas não são válidas! Isto é engraçado…
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O Grande Cisma Escolar

Que se vai agravando a cada ano (ou mesmo mês) entre as cúpulas e as bases, acabando por satisfazer de forma “póstuma” a actual “reitora” do iscte que eu ouvi, num congresso da andaep, lamentar que os directores tivessem resistido até então (já lá vão uns anos, ainda não se sabia que iam ter corda solta de mandatos até 2025, mesmo os que são contemporâneos da dinastia de bragança) a constituir-se como um “corpo” próprio no interior das escolas. É um cisma profundo entre o que sente o corpo docente e o que agora passa por ser a “voz das escolas”.

No recente inquérito da Fenprof acerca da aplicação do dl 54 veja-se a forma diametralmente oposta como respondem uns e outros.

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Mas como se sabe… quem acha que está mal é porque não teve “formação” ou não a compreendeu, porque a desqualificação profissional dos docentes tem passado muito por dar a entender que eles não compreendem as mudanças em curso, coitados, pois foram formados no século XX com teses do século XIX, só faltando acrescentar que se o foram foi com aulas dadas por esta mesma malta que agora se diz muito século XXI. Ou tendo-os como colegas de “estágio”, só que não souberam aplicar as coisas.

Da Teoria Ao “Saber Fazer”

Um dos conteúdos que mais me agrada no programa de Português do 2º ciclo é, como seria de esperar, a banda desenhada. Gosto de abordar a teoria da coisa, de explicar a sua originalidade e variantes. Como começar de esquemas simples e os ir complexificando, além dos tios patinhas ou mesmo dos agora populares manga. Uso o Stripgenerator para eles começarem a treinar com um leque de objectos e figuras pré-definidas (a queixa habitual é “não sei desenhar”) e depois forneço-lhes pranchas com diversos formatos, dando-lhes alguns temas para eles desenvolverem e irem-me entregando à medida que terminem, sem um prazo definido. Há sempre um pouco de tudo. Há sempre quem arrisque, sem medo que o professor lhes destrua a criatividade. Se quiserem, podem construir os seus formatos.

E é por aqui que eu muitas vezes entro em choque com as concepções da criatividade nascida do nada. Neste caso, a “competência”, o “saber fazer” vem depois do conhecimento dos elementos básicos das técnicas. Claro que poderia brotar qualquer coisa da folha branca e eu até teria menos “trabalho”, pois em vez de explicar os formatos das vinhetas, das tiras, dos balões, das onomatopeias, bastaria ser o “facilitador” da rabisquice. Mas parece que até o Picasso, o Mondrian ou o Pollock aprenderam a desenhar antes de revolucionarem a arte contemporânea.

4ª Feira

Grande medida de “descentralização” do Estado: há três secretarias de Estado que passam a funcionar no “interior”, curiosamente nas cidades (ou muito perto) onde vivem ou já trabalhavam quem as vai ocupar. Há notícias sobre isto que se lêem como se fosse a sério, mas há outras em que é impossível não notar o aroma, mesmo que involuntário, da ironia. Acho que muitos professores não se incomodariam de “descentralizar” assim.

Dumber