Domingo À Noite

Prestes a iniciarmos a recta final de um período no qual ainda há quem ache que é possível um mínimo de dignidade e integridade em todo este processo por entre toda uma floresta de fingimentos e faz-de-contas. Muita papelada se adivinha, mesmo na maioria das escolas semestralizadas em que será tempo de reuniões intercalares obrigatórias (certo?), não para ser “fácil chumbá-los”, mas sim para ser fácil o pessoal não estar para se chatear e ter um espírito natalício flexível. Difícil é ter de justificar cada bafo que se dê fora do guião.

Confesso que flexibilizei e “reconfigurei” o meu calendário da avaliação (se é que ainda se pode usar o termo sem levarmos com uma ariana ou um discípulo inclusivo em cima), pelo que não há actividade transdisciplinar ou extra-curricular que me tire o sono. Quanto a sonhos, tenho aquele em que todo este processo, até por não acarretar decisões de transição ou transição à mesma [sic], poderia ser completamente virtual, se é que é mesmo para sermos século XXI.

Portantossss… nos próximos dias, com sorte, aplicarei uma ou outra “questão de aula”, muito prática, muito “saber fazer” para não tirar todo o açúcar do pastel de nata. Ou qualquer coisa assim. Como se nota, já estou quase numa de paradigma alternativo, tipo quarta via em direcção ao nirvana pedagógico. Ou então é da medicação que não tomei para a sinóóóósite.

pluto-scratching

O Fim (?) Das “Crónicas Dos Domingos Felizes”

Não posso obrigar o autor a ir contra a sua consciência.

Meus caros amigos e amigas, colegas professores e professoras que me foram lendo nas últimas semanas, esta é a última colaboração que manterei com este blogue e é por respeito a vós que aqui volto.

Bem que tinha sido avisado para não me envolver nestes tipo de espaços em que pouco se ganha e muito se pode comprometer em termos de credibilidade, mas ainda pensei que talvez a minha participação pudesse trazer uma forma límpida de olhar para o progresso da nossa Educação, por entre o turbilhão de críticas que o dono do blogue publica diariamente, distorcendo de forma voluntária tudo o que de bom vai sendo feito e as intenções dos promotores de medidas que a maioria de nós tem vindo a implementar com o espírito certo de colaboração e em sintonia com pessoas que merecem toda o nosso respeito como o secretário de Estado senhor professor doutor João Costa, assim como todos aqueles que com ele colaboram de perto, em especial nas formações espalhadas pelo país.

Cheguei à conclusão, após algumas mensagens de pessoas amigas, que estava aqui apenas a comprometer a minha imagem, ao tentar trazer uma amostra de integridade e profissionalidade, servindo apenas para o autor do blogue fingir que este é um espaço aberto à pluralidade de visões sobre o futuro-presente da Educação Pública num século XXI que muito exige, mas também muito nos devolve em termos de compensação e satisfação com o trabalho desenvolvido em prol do sucesso pleno e integral dos nossos alunos, num plano humanista, inclusivo e diferenciador.

Confesso que antes desta colaboração, não era este um espaço que eu frequentasse, embora tivesse ouvido falar do autor ao longo do tempo, em especial quando, há anos, participei numa manifestação, acompanhando os colegas da minha escola, numa experiência que não voltei a repetir, porque, afinal, nada se resolveu e apenas acabei por perder a possibilidade de chegar a professor titular, o que achei injusto. Quando recebi o convite, passei por aqui e pensei que o meu contributo poderia trazer alguma luz e alegria a um fórum em que a discussão fica marcada pela forma como o dono do blogue se posiciona; assim como cedo percebi que até as imagens que usava para ilustrar as minhas prosas serviam para me denegrir de forma implícita.

Desde então, pautei o meu trabalho por um esforço de concentração no essencial, não me deixando dispersar ou tentar por utópicas reivindicações que, se formos bem a ver, apenas renegam sacrifícios que todos fomos obrigados a a fazer em defesa do bem comum e do interesse nacional. É verdade que fui escrevendo alguns pensamentos, desenvolvido algumas reflexões, em especial em relatórios de ações de formação que me deram alguma notoriedade no plano local e, como agora me dizem, podem servir para me tornar eu próprio formador na área da flexibilização do currículo, convite que me deixa orgulhoso, assim como o ter passado a ser avaliador externo, responsabilidade maior que não procurei, mas que não irei renegar, até em defesa dos interesses dos colegas avaliados.

Por tudo isso, mas principalmente porque é claro que esta minha postura não é respeitada por autor deste blogue, que confirmou tratar-se de alguém com uma postura negativa, ousaria mesmo qualificar como tóxica, incapaz de encontrar valor onde ele é evidente e de entender que temos de entrar decisivamente no século XXI e não podemos ficar ancorados numa visão retrógrada do papel da escola que não pode ser apenas um mecanismo de seleção dos alunos e e avaliação dos seus méritos académicos, pois deve estar ao serviço de um projeto de reforma social de que a Educação é peça nuclear conforme destacado em abundante literatura, desde os estudos da OCDE ou do nosso Conselho Nacional da Educação aos escritos de personalidades académicas nacionais de reputação maior que, repito, o dono deste blogue está constantemente a citar de forma jocosa e inaceitável por alguém como eu.

Dito isto, e vou longo, irei terminar aqui esta colaboração que eu sei ter sido marcada pela positividade e ter constituído uma leitura reconfortante para aqueles que aqui passam e não se satisfazem com o sistemático bota-abaixismo, a acrimónia e, tenho de o dizer porque o sei de fonte segura que não citarei porque assim mo pediu, o ressabiamento maledicente de alguém que é marcado pela inveja do sucesso alheio.

Com os desejos de um mês natalício pleno de satisfações profissionais e pessoais, aqui me despeço com a certeza que nos voltaremos a encontrar em oportunidade futura em ambiente mais positivo.

João Tiago Eumesmo Feliz dos Santos, professor por vocação e missão

Birds

Domingo

É importante que existam cada vez mais professores sem medo das consequências de ir contra o diktat do costismo educacional. Que tenham a coragem de denunciar as mentiras oficiais e de apontar o dedo com clareza aos responsáveis por políticas desastrosas com a cosmética da pós-modernidade. Maria do Carmo Vieira fez isso há uns dias e agora foi o Luís Filipe Torgal. Bem-hajam aqueles que não receiam tresmalhar do rebanho das conveniências instaladas e do desejo de ficar num qualquer canto de uma fotografia para o twitter do ME.

A atual autonomia escolar impôs às escolas menos liberdade e mais dependência dos intricados decretos e portarias ordenados por este ME e a flexibilidade educativa pouco acrescentou ao que já se fazia.

Quanto a acrescentar, acrescentou mais uma camada de burrrocracia inane e idiota a que aderiram, mesmo que por vezes com algum discurso auto-desculpabilizador, muitas criaturas com vértebras amolecidas.

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