A peça do Observador é longa, tem muitas perspectivas e testemunhos, pelo que merece leitura atenta para perceber o esforço conjunto de diversos grupos de pressão para condicionar o concurso de professores à sua medida (autarcas, directores, “especialistas”). Não são apenas os directores que querem um poder de selecção “imperial”; note-se que há muita gente a considerar que o modelo privado é que é o certo e que entre esses estão pessoas que andam a servir de consultores a autarquias na implementação de “projectos” para os quais querem, claro, “os professores certos”. Os seus. Basta seguir os nomes de certos “especialistas-consultores” e é fácil encontrá-los pelo país.
Não nos deixemos enganar acerca do tom académico de certas intervenções, porque é a fachada para um projecto político de total fragmentação da contratação dos docentes e da sua pulverização por entidades locais ou regionais depois de muito dizerem que não queriam tal competência. Em tudo isto, os directores não passam de peões que, quantas vezes por causa da vaidade, nem repararam que são apenas comparsas úteis de quem quem pretende desarticular por completo a classe profissional mais chata para o poder político nos últimos 10-15 anos.
Quanto às minhas declarações, o meu agradecimento à jornalista por ter mantido algumas das partes mais divertidas e que traduzem por completo o meu pensamento, certamente “arcaico”, mas em nenhum momento interessado em esquemas manhosos e opacos. Só é pena que pareça ainda desconhecer este quintal.
Os problemas são de origem humana… 🙂