Quem Diz 2021, Diz 2023 Ou Dia De São Nunca Ao Entardecer

A velha estratégia de atirar umas coisas para as primeiras páginas e ver o pessoal a espernear. E ainda há quem vá ao engodo.

Alexandra Leitão diz que o compromisso é o de estabelecer este ano critérios para dar acesso antecipado à reforma. Mas verbas específicas só em 2021.

A nova ministra está no seu elemento… o de atropelar qualquer boa vontade da “outra parte”. O conceito dela de “diálogo” é o de ela dizer e mandar fazer e os outros ouvirem e fazerem. Mas se o camarada Mário diz que gosta de negociar com ela… ele lá saberá.

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Li Há Pouco Um Livro…

… em que a alguém que está prestes a morrer aparece o Diabo a sugerir uma “troca”: por mais um dia de vida fazer desaparecer qualquer coisa do mundo. Parece ideia do Woody Allen, mas é de um tipo japonês com algum talento para a coisa, mas com menos humor do que a ideia requereria.

Mas adiante… a verdade é que o narrador acaba por perceber que o outro lado do que lhe é oferecido não compensa a extensão da própria vida. Depois de prescindir dos telefones, dos filmes e dos relógios, recusa-se a sacrificar os gatos e a viver mais um dia se isso significa sacrificar os bichanos.

Se ele não tivesse meios para o comprar, acho que mandaria de oferta para um certo secretário de Estado que parece estar em permanente estado de laboratório intelectual, assim a produzir “ideias inovadoras” (agora sem disciplinas, agora sem aulas, agora sem portas, agora sem paredes, agora sem notas, agora sem exames, agora sem professores, agora sem directores de turma, agora sem o raio que nos parta) como uma chaminé da velha cuf cuspia fumarada tóxica.

Que raios… porque falhou esta gente as tripes maradas dos anos 60?

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(a ver se nos entendemos… eu não recuso a mudança, tenho é muitas reservas acerca da transformação do sistema de ensino público no recreio onde brincam meia dúzia de maduros armados em “inovadores”…)

A Ler

Como as capacidades individuais ou o nível de escolarização deixou de ser determinante na mobilidade social, sendo cada vez mais determinante o estatuto pré-existente do contexto familiar. O relatório é de 2015, mas as evidências são cada vez mais evidentes sobre uma alteração fundamental na forma de funcionamento do “elevador social”.

Downward mobility, opportunity hoarding and the ‘glass floor’

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E Se Deixássemos De Ter Secretários De Estado?

E se as escolas deixassem de ter diretor de turma?

Até poderia ser uma boa ideia se fosse para baixar o número de alunos acompanhados de forma directa por um professor. Mas, infelizmente, é apenas um estratagema pretensamente “pedagógico” para justificar a redução de horas atribuídas às direcções de turma. O interessante neste secretário de Estado é que quer fazer-nos acreditar que as suas sugestões são purezas teóricas e não medidas destinadas a operacionalizar opções economicistas.

(basta lembrar o modelo de tutorias à dezena)

Ainda há quem seja enganada com aquela forma melosa de apresentar as coisas, como se fossem as melhores das intenções, mas ao fim de quatro anos só acredita quem acha que pode vir a ganhar alguma coisa com isso. O truque de dizer que a culpa é apenas das Finanças já começa a ter barbas de Pai Natal, mas daquele que nos fica com as prendas.

Já se deixassem de existir secretários de Estado da Educação, poupava-se imenso no gabinete e em viagens, não se perdendo nada em qualquer outro aspecto da nossa vida educativa.

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