“Debates” Que Chateiam Na Quadra Natalícia – 2

O da carga fiscal, do peso fiscal, do não-sei-quê fiscal, feito por especialistas na “ciência” com mais peneiras de falsa exactidão, ou seja, a Economia, capaz de descrever o passado como a História, mas em mais pobre e com equivalente poder de previsão (ou pior). Não quero saber se é o Mamede de esquerda ou o Arroja de direita quando se trata de ver, de forma clara e objectiva, o que, de forma directa me é retirado do salário nominal em cada mês.

Podemos usar Dezembro e recuar ao início da década.

Em Dezembro de 2010, entre salário nominal e subsídio de refeição o valor ilíquido da minha remuneração era de 2222,40€ dos quais recebi 1560,64€, o que correspondeu a um total de descontos de 661,76€. Ou seja 29,8% ficaram logo, à partida, em diversos cofres do Estado (IRS, CGA, ADSE).

Em Dezembro de 2019, a soma ilíquida passou para uns astronómicos 2323,33€, recebendo eu uns generosos 1461,28€. Mesmo para alunos muito maus em Matemática (a generalidade dos economistas que clicam nas fórmulas do Excel) percebe-se que a mais 100 euros brutos correspondem menos 100 líquidos. Hom’essa que coisa estranha. Pois… a ADSE passou de 32 para quase 78€, a CGA de 213,7 para 245€ e no total levaram-me em descontos diversos 862,05€, ou seja, 37% da remuneração.

(posso estar enganado mas parece-me que a “pancada” foi de 10% do salário nominal e em temros de impacto “real” com a inflação nem é bom falarmos, dispensando eu a sapiência de cronistas marrecos e nem falo dos camilos e dos gomesfewrreiras que esses só com um pau de vassoura entre as pernas… para voarem sobre a terra que os viu partir)

Claro, eu sei que existiu a troika e que não devemos fazer comparações assim tão distantes como o último ano descongelado que a precedeu.

Mas podemos ir a Dezembro de 2013, quando nominalmente eu tinha direito a 2130,48€ e recebi 1301,34 porque me descontaram um dia de subsídio de refeição e outro de greve num total a rondar os 50€. Tivesse eu recebido os 1350€ que eram então a norma e eram 36,6% a menos. Com a greve da FP em cima (que nem fiz) foram 38,9% em plena troika.

Mas podemos ir a 2016: nominal de 2222,40€ (regresso a 2010), mas descontos no total de 834,87€, o que dá 37,5%.

Os impostos directos à cabeça, de 2016 para 2019 diminuíram 0,5%, não sendo bom falar no que cresceram os indirectos e taxinhas diversas, a começar pelo que pago para me poder deslocar todos os dias, visto não existirem transportes públicos entre o meu domicílio e o local de trabalho, por muito que baixem o preço do passe social.

Sim, isto dá para todas as interpretações, mas a verdade é que depende da forma como usarmos os números para dizer a cada um o que deve pensar que recebeu. Só assim se entende que o Centeno de Harvard y Eurogrupo diga que o salário dos trabalhadores do Estado aumentou 8% sem lhe crescer o nariz de São Bento até Freixo de Espada à Cinta.

Sim, eu sei… devemos ver “o grande cenário”, os indicadores “macro” e sairmos do nosso “quintal” e deixarmos de olhar para o nosso “umbigo”, tudo expressões de uma interessante e sempre refrescante originalidade.

Pinoquios

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