A Verdadeira Pele Do PAN

Pelos vistos, são já um partido orçamentalmente responsável e profundamente demagógico em termos de argumentação seguidista.

O PAN não vai viabilizar as propostas de alteração ao Orçamento do Estado para este ano com vista à descida do IVA da eletricidade, por considerar que é uma medida “economicamente irresponsável” e “ambientalmente pouco aceitável”.

Já quanto ao tema seguinte, parece que nada têm a dizer.

Socialistas criam dupla taxa para cães e gatos

Conheço pessoalmente várias eleitoras do PAN, mas sei que será inútil perguntrar-lhes seja o que for sobre isto.

rabo_thumb2

Continuo A Achar Inaceitável…

… que organizações sindicais cobrem aos seus sócios dezenas de euros por acções de formação. Não sou pagante de quotas de nenhuma, portanto não estou a queixar-me em causa própria. Mas acho uma indecência, por muitos “custos administrativos” que aleguem. Afinal, para que servem os pagamentos mensais? Sofrível apoio jurídico e parcerias com agências de viagens? Só assim podem pagar aos formadores? E se esses formadores forem também associados ou parecido?

O mundo cada vez mais é dos expertos.

Monty

6ª Feira

Breves reparos factuais sobre a greve:

  • Uma adesão bastante interessante, nomeadamente entre quem está tão esgotado que agarra a oportunidade para faltar.
  • A agitação habitual nas redacções de rádios e televisões.
  • Noticiário online muito mais preocupado – aparentemente – com o vírus que vem da China e a demagogia de uma Lisboa sem carros.

sindicatooo

Este Mês no JL/Educação

IMG_2427

Um excerto:

As proclamações sobre a imensa importância de recrutar os “melhores professores” são feitas pelas mesmas pessoas que foram responsáveis por medidas objectivas que levaram a afastar dos cursos de formação de professores de aqueles que viram a carreira docente ser desqualificada publicamente e proletarizada materialmente. Publicam-se notícias sobre o facto de tais cursos serem frequentados por alunos com algumas das médias mais baixas de acesso à Universidade, mas raramente se tem a coragem de ir mais longe e fazer as perguntas certas sobre a origem desse fenómeno e de questionar se o actual modelo não está errado por outras razões que não as que são lançadas para consumo público.

Estou convicto que os responsáveis políticos não têm qualquer interesse em terem nas escolas os melhores professores, mas sim os professores que façam tudo o que lhes é exigido pelo custo mais baixo e sem especiais contestações. Entre um excelente professor no trabalho com os alunos, mas consciente do seu valor enquanto profissional qualificado e contestatário dos seus direitos e um professor razoável, mas obediente e respeitador das hierarquias, a generalidade das “lideranças” prefere o segundo. Porque se mostrará mais “flexível” para integrar o “projecto” e trabalhar “em equipa”.

Dá Sempre Um Prazer Especial…

… quando uma atividade, mesmo que simples e muito “século XX” corre bem e cativa os alunos, decorrendo acima das expectativas e apesar dos contratempos. Porque parece que o ME acha bem apoiar as conhecidas “visitas de estudo”, mas não as vindas às escolas, por exemplo, de peças de teatro, que até são mais económicas. E porque depois há assim umas coisas relacionadas com os anos de escolaridade e as verbas são por anos civis e depois é complicado, mais do que o que seria desejável, para não adjectivar mais. Mas faz-se, arranjam-se maneiras de todos pagarem ou, não o conseguindo, negociar com quem também gosta de interagir com os miúdos e até prescinde de parte do cachet acordado inicialmente.

Mais de uma centena de miúdos de 5º ano e uma avaliação (anónima) entre o 4 e o 5 (com média muito perto do nível máximo) e o único verdadeiro “defeito” encontrado ter sido o pouco tempo, sendo que durou coisa de hora e meia, entre a representação e o diálogo final. Sim, não há “artistas residentes”, mas há artistas visitantes. Sem muitos meios, mas sem exigir muitos encargos. Deixando a petizada toda feliz e a querer mais, a fazer mais perguntas, a querer ficar.

Ainda bem, graças à carolice de alguns. E apesar de algumas insensibilidades. Sem grandes burocracias preparatórias, mas com a devida avaliação pelos interessados.

Este slideshow necessita de JavaScript.

 

A Lei Ainda Funciona? Ou Roma Cansa-se, A Dada Altura, De Tanto Proselitismo?

Director de escola de referência pede reforma “magoado” com o ministério

Uma greve de professores, marcada para um dia de exames nacionais, valeu-lhe um processo disciplinar por ter excedido os serviços mínimos que tinham sido decretados. “Os alunos tinham de ter garantidas todas as condições para poderem realizar os exames”, diz Manuel Esperança, director do Agrupamento de Escolas de Benfica. Foi dado com culpado.

Bigorna

(Esperança, pá, garanto que merecerias alguma compreensão se, em vez de te aposentares, fosses dar aulas nesse último ano de carreira…)

Tenho Um Sério Problema De Classe

Já me disseram isso. Deve ser porque, por ter origem no bom e velho proletariado aqui da margem sul, me irritam aqueles que gostam de fazer a associação linear entre pobreza, insucesso escolar, ignorância, incapacidade para distinguir o verdadeiro do falso e permeabilidade aos “populismos”. Deve ser por isso que me irritam os engomadinhos do sistema. Porque sinto que, com base numas análises estatísticas muito “humanistas”, explicam o maior insucesso escolar junto das classes socialmente desfavorecidas com essa condição e daí partem para a sua imbecilidade política. Sim, pode acontecer, mas acreditem que encontrei mais idiotas e aldrabões em gente com pergaminhos do que nas chamadas “classes perigosas”. Vejam este caso de tipo instruído, mas que deixa muito a desejar em termos de “radicalismo”.

Se a falta de cultura potencia a adesão a propostas simplistas? Sim e isso fica demonstrado pelo modo como o PS reduz qualquer questão complexa a slogans demagógicos (“quem é a favor do combate às alterações climáticas é contra a descida do IVA da electricidade”, quando na factura nós já pagamos uma boa contribuição para as energias renováveis e muita da electricidade consta já ser produzida por essa via), em especial na Educação em que o maniqueísmo é a regra dos “utopistas” de tertúlia académica e dos herdeiros vitalícios do “espírito de 68” que os levou a cadeirões nos círculos do poder que nunca largam de forma voluntária.

Aliás, as contas são simples… se temos uma massa de pessoas que vive abaixo do limiar da pobreza ainda superior aos 20% e se as taxas de insucesso foram durante tanto tempo tão elevadas, é paradoxal que certos “populismos” só cheguem ao Parlamento exactamente quando temos a votar a “geração mais qualificada de sempre”, como o actual primeiro-ministro gosta de afirmar em ocasiões solenes de agit-prop institucional.

Assim como é paradoxal que quem promove medidas mal disfarçadas de esvaziamento dos currículos depois ache que o risco esteja na “ignorância”. Dizem, em coro, que o contrário de chumbar é aprender, mas aprender o quê? História aos Semestres? Ciência do Quotidiano? Matemática dos Trocos? Inglês Camarinho para servir Turistas? Geografia de Proximidade?

Não será isso que levará a que acreditemos em “fontes obscuras de informação” ou declarações absolutamente patuscas como as de certos preclaros senadores do regime?

Mas volto ao início… o problema deve ser meu, de um qualquer complexo de classe por ter lido cedo autores “radicais” como Gorki, Steinbeck, Redol, Soeiro Pereira Gomes, Sartre, Ferreira de Castro, porque os ignorantes com a 4ª classe que me fizeram nascer e me criaram gostavam de ler e deixar ler em vez de acreditarem em determinismos da sociologia para totós de certos governantes.

pensamento-de-pobre.1239556715.thumbnail