As Coisas Que Descubro Sobre Mim Nas Redes Sociais

Em discussão/polémica absolutamente desnecessária e ridícula a propósito de uma publicação numa “rede social”, de alguém que é meu amigo mas que coloca o que escreve sempre “público”, pelo que é comentável por qualquer um@, descobri que há pessoas importantes no mundinho político-académico deste país que acham que eu tenho “responsabilidades acrescidas” pois tenho presença relevante no “espaço público” ou, em outro termos “relevância pública”, que influencio a opinião de milhares de pessoas e até me tratam por “historiador”. Tudo isto (e mais) que poderia ser encarado como um interessante (mesmo se despropositado) conjunto de elogios (?) vem de quem em momento algum acho que essa minha “relevância” ou “responsabilidade acrescida” devesse ser tida em conta para uma série de questões sobre as quais escrevo. Ou seja, tenho “medalhas” de duvidoso mérito só quando é para me mandarem calar, não insinuar o que não possa provar imediatamente e, no fundo, ficar amestradinho senão ainda é capaz de me cair uma queixa qualquer por “difamação” ou “calúnia” porque isso é uma opinião sem factos.

Quando interessava mesmo, o que escrevi foi irrelevante. Quando lhes tocou a beira dos fundilhos, já é tudo muito “relevante”. Eu sei que sou volumoso como alvo, mas esta malta tem tendência para atirar para sítios onde não estou.

Não vou aqui reproduzir a longa resposta, que espero ser a última a esse respeito, que dei ao grupinho de pessoas que se armou em detentor da ética e da seriedade, mas que eu não me lembro de ter visto em tantos momentos em que ela foi necessária, tendo quantas vezes ficado solteira a razão dos que, como eu, protestaram contra situações de gritante abuso. Quando estas figuras optaram por estar do outro lado ou apenas fingir que não existiam. Nem a isso eram obrigadas, claro, que não era no seu lombo que as coisas caíam.

Apenas vou repetir algo muito simples: em termos pessoais, os meus encontros com a Justiça não foram traumáticos e correram de acordo com a verdade, mas isso não significa que eu considere que o Estado de Direito seja respeitado entre nós de uma forma transparente e completa ou que em muitos processos que por aí correm ou correram tenhamos ficado a conhecer a verdade dos factos ou, tendo-a conhecido, ela tenha sido considerada para efeitos de prova.

Se há quem se amofine com tão pouco é porque a hipersensibilidade aos fenos chegou antes da época certa.

Se valeria a pena estar aqui a nomear pessoas? Talvez, mas não me apetece porque, afinal, são residuais nas minhas preocupações e apenas serviram para perceber que as conversas públicas em “redes sociais” são apenas para as pessoas certas, sérias, éticas e tudo isso. Eu tenho demasiadas “responsabilidades acrescidas”.

bullshit-detector

(defendo a liberdade de opinião, mesmo aquela que se baseia no essencial na emoção e na amizade… não me digam é que se trata de outra coisa)

 

Sábado

Manhã de formação iluminada por uma comunicação de Maria do Carmo Vieira. Em prol da Arte, do Belo, da Educação como abertura para outras realidades, valores, formas de expressão. Contra o que ela designou como “bestialidade” naquela sua voz suave mas plena de indignação; como a “boçalidade” de quem nos desgoverna com palavras que enganam e práticas que desqualificam. Contra o que eu acho um basismo pedagógico pedestre que considera que os “pobrezinhos” só se conseguem interessar pelo que está ao alcance da vista. A pior das formas de promover a inclusão é acreditar que todos podem “aprender”, mas reduzindo o acto pedagógico ao mais simplista e os seus objectivos apenas a vagamente conhecer algo que já os rodeia. Não sou dos que acredita que todos podem aprender tudo (olhem para mim e para o raio das funções, que só à martelada foram entrando a custo), mas que, pelo menos, podemos tentar despertar todos para o que de melhor nos foi legando a herança humana, do espírito às obras. Não é ser enciclopédico, elitista, etc, é apenas querer partilhar o que nos foi fazendo humanos, no que isso tem de melhor.

Fica, por não ter sido possível ouvir sem “ruído” precipitado a escolha original da Maria do Carmo para terminar a sua intervenção, a valsa mais conhecida de Shostakovich.