Contra Os Filisteus

Cheguei tarde a este autor, mas estou a gostar imenso da clareza como ele, logo nos primeiros anos do famoso século XXI, começou a desmontar o discurso “inclusivo” de alguns responsáveis políticos (e não só) acerca da Sociedade do Conhecimento, que eles pretendem com pouco conhecimento e ainda menos preocupado com padrões de Verdade, que gostam de apresentar como uma questão de interpretação. Assim como passou a ser norma amesquinhar como “elitista” qualquer pretensão ou exigência intelectual de rigor. Poderia ter seleccionado diversas outras passagens, até mais concisas e acutilantes, mas esta parece-me assentar de forma perfeita ao que vivemos, com especial intensidade, desde finais de 2015 na Educação.

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Frank Furedi, Where Have All the Intellectual Gone? (Londres, 2004, pp. 16-17)

(espero poder um dia destes contar as agruras de um tipo a quem dizem – e não foi apenas uma ou outra vez – que escreve de forma demasiado complicada para vender nos tempos que correm…)

Sábado

É muito interessante a DGEstE aconselhar “ponderação sobre a oportunidade e conveniência de se realizarem visitas de estudo e outras deslocações ao estrangeiro, em particular a países ou a zonas com maior incidência de casos de infeção, mas veicular a recomendação da DGS em que se considera que para as “crianças, jovens e adultos que regressem de uma área com transmissão comunitária ativa do novo coronavírus (…) não existe recomendação para evicção escolar ou profissional, ou necessidade de isolamento”.

Parvo

A Ler…

… em especial pelos pseudo-novos. Calma, não estão sós na vossa luta contra os velhos que ganham imenso.

Exclusive: ‘Older teachers bullied to breaking point’

Union says bullying is ‘rife’ in order to drive out expensive older teachers, while psychotherapist reports ‘massive increase’ in teachers seeking counselling.

heinz ketchup

Ainda Há Uns Resquícios De Decoro

Mas não tenhamos muita esperança. Afinal ainda há 93 a votarem a favor, o que é sintomático da deriva do PS para uma espécie de neo-socratismo, com uma tentativa de dominar isto tudo em modo light e o PCP a servir de muleta aos dias pares, o Bloco nos dias ímpares e o PAN e a Joacine aos domingos. Este era (é?) um caso praticamente nos limites de tudo o que se pode conceber.

Vitalino Canas falha eleição para Tribunal Constitucional. Correia de Campos também não é reeleito para o CES

O socialista Vitalino Canas não conseguiu sequer todos os votos do grupo parlamentar do PS – teve 93 votos a favor (e 96 votos brancos) e há 108 deputados do PS. Votações exigiam dois terços de votos a favor, ou seja, 146.

Cowbell

(como terão votado os porfírios?)

A Ler

Embora ninguém, agora, perante as evidências, assuma que asneirou, ao ignorar a História da Educação na Finlândia e o ponto onde se estava e porquê.

O logro finlandês

Os cientistas da educação não nos protegeram do logro finlandês. Muitos encontraram aqui a “prova” das ideias pré-concebidas que tinham para a Escola, gerando-se um autêntico efeito de histeria.

Barrete

6ª Feira

Ontem estava a explicar como aquilo que conhecemos como Ciência Moderna tem as suas raízes no século XVII, no desenvolvimento do método experimental e na aplicação das novas tecnologias de então, como o microscópio (para alcançar o muito pequeno e ir descobrindo o funcionamento do corpo e da vida) e o telescópio (para ver mais longe e descobrir o funcionamento dos céus e do universo) e veio mesmo a propósito a questão do coronavírus e do paralelismo que se pode estabelecer sobre o modo como está a ser feita a sua prevenção/contenção e esforços para o combater e o que na Idade Média se fez em relação à peste bubónica ou Peste Negra, que se desconhecia ser transmitida por uma bactéria, então invisível com os “aparatos” à disposição da sociedade ocidental e inconcebível à luz das teses em vigor sobre a origem das doenças e sua propagação.

E é fácil encontrar o que se faz de melhor com origem nos métodos científicos (a relativa rapidez com que agora é possível iniciar testes e experiências para “conhecer o vírus e desenvolver potenciais vacinas) e o que ainda resta das práticas medievais (encerramento de espaços públicos, restrições à deslocação de pessoas, isolamento dos doentes).

E nem sequer houve tempo para explicar como, em matéria de opinião pública, se mistura o melhor com o pior, a tentativa de adoptar práticas de segurança não alarmistas e o disparate de associar uma eventual pandemia à orientação política deste ou aquele governo, no Extremo Oriente ou na própria Europa. Se há algo que a cartografia do COVID-19 demonstra é que ele se tem propagado, em regra com óbvias excepções (Noruega, por exemplo), mais devagar aos países pobres de África e da América do Sul (e da antiga Europa de Leste). Até nisto, o mapa das desigualdades tem regularidades curiosas.

coronavirus

(a ligação passado-presente em História é mais fácil e frequentemente praticada do que a vossa fraca filosofia pode imaginar, caros inovadores do século XXI)