FEM 2020: 3 – Inovação

Outro termo que é atropelado e tropeliado a cada esquina sem dó nem piedade é “inovação”. Porque parece que há quem não perceba o que “inovação” quer propriamente dizer. O termo tem etimologia no latim innovatio (não se espantem, isto até a wikipédia diz) e significa criar algo novo (ideia, processo, aparato) que se distingue do que antes existia, mesmo se pode resultar da combinação de elementos antes já conhecidos. Mas é algo que difere do que já foi feito.

Assim sendo, quase tudo o que vejo ou ouço tratar nos dias que correm como “inovação” não o é, não passando de “repetição” (repetitio), mais ou menos cosmetizada ou envernizada apressadamente. Mais do que voltar a fazer o que foi feito, servem-me como vnoas fórmulas há muito testadas e praticadas. Não é por terem sido abandonadas tais práticas ou abandonados os objectos que a sua reutilização ou recuperação se torna “inovação”. Não é porque recombinamos graficamente os procedimentos de planificação, implementação e avaliação de um dado “projecto” ou “actividade” que eles se tornam “inovadores”.

Tudo bem, podemos passar de uma grelha quadriculada para um fluxograma um determinado processo, mas isso não traz qualquer “inovação pedagógica”. Não é porque se apresenta a coisa numa app ou programa mais recente que ela se torna nova. Um lifting ou uma injecção de botox deixa a senhora (ou senhor) com a mesma idade, apenas muda a sua “aparência”. E nem sempre para melhor.

Por caridade, não me cansem com banha da cobra como se fosse toda uma new school. O marketing está bem pensado em termos de repetição (hoje levei com outra apresentação que nem tirou lá em cima a tarja do pafismo educacional, mesmo que estreitinha e discreta), mas só engole quem é muito verdinho nisto ou já foi atacado pelo senhor Aloísio (e agora? vá de correr ao google…). Ou já está por tudo, desde que se calem antes de falecermos de tédio.

Inov

3 opiniões sobre “FEM 2020: 3 – Inovação

  1. sinceramente, até é bem pior virem com a conversa de inovação quando já existem coisas idênticas há 20 ou mesmo 30 anos. Não há pachorra para tanta parvoeira. Deve ser a carga genética dos tugas ser predominantemente comerciante e abusar do marketing de pacotilha

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  2. Há 20 anos (ano 2000 foi o inicio) que escrevo diariamente na net. Antes dos blogs.

    Ao longo do tempo percebi ( e ja o escrevi) que existem duas formas de estar no virtual: uma reflexiva outra reactiva. A primeira implica reflexão, argumentação, discussão lenta e cuidada dos temas em análise; outra que é rápida, emocional, pouco cuidada. Sempre foi assim nos locais virtuais que frequentei, sempre houve essas duas variantes. É do século XXi? É! É porque é em suporte virtual e por escrito. É diferente do Sec XX? Só no suporte. No sec XX a escrita era usada para reflectir e estruturar o pensamento; era na oralidade que éramos reactivos. Mesmo na arte da retórica havia e há lugar a um certo improviso. Na escrita podemos riscar e melhorar o texto final. Então e na net não há emoções a fluir como outrora na oralidade? Há. Quantos casais se encontram no virtual? E não há lugar ao toque? Há. Quando os net-friends quiserem. Há mudança? Sim, no suporte. Mas continuamos a ser o mesmo bicho animal que se toca para reproduzir ou se encontra para se emocionar com os odores. Até um dia…

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