Pelo Educare

Os que partem deixam-me mais só

Ao longo dos últimos anos verificou-se um substancial êxodo docente. Na década de 2010 a 2019 aposentaram-se cerca de 20.000 docentes, sendo que muitos deles não o fizeram por terem atingido a idade legal para o fazer sem penalizações, mas porque decidiram antecipar a sua saída, mesmo com substanciais sacrifícios materiais.

(…)

Assim como não estão livres de responsabilidades, aquelas luminárias que argumentam que os professores estão demasiado “amargurados” e que as suas “frustrações” não são razão para não colaborarem em mais uma voltinha de “inovação”. Em regra, é gente que enche a boca com “utopias”, mas que não perde ocasião para ser presidente disto ou directora daquilo. Porque não há nada como mandar as tropas para a frente de batalha, para serem dizimadas, à maneira das tácticas militares sacrificiais dos generais de rectaguarda da Grande Guerra de 14-18. Gente que leva a vida em corredores, gabinetes e a debitar a mesma conversa durante décadas ou quem passa os seus dias bem longe dos alunos. Esses, infelizmente, ficam e raramente partem por vontade própria, pois o quotidiano pesa-lhes pouco.

Desses não sinto falta.

10 opiniões sobre “Pelo Educare

    1. Haverias de ter visto a prédica do director Elias de Colmeias no sábado.
      Parecem ter sido clonados em matéria de discurso e postura messiânica.
      No meu caso, nem sequer houve o decoro de retirar o cabeçalho da apresentação que deve ser a que usa sempre nestas coisas.

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  1. Há uma caça às bruxas. Na minha escola, todos se queixam, mas somos nem uma «mão de gente» a não embarcar nestas palhaçadas. Resultado…caça às bruxas. Se eu pudesse, Paulo, também me ia embora, mas infelizmente tenho muito que andar. Só não sei até quando vou aguentar. Somos expostos e tratados como se fossemos «Velhos do Restelo» (E olha que pela média de idades, até sou «nova»!). As ameaças começam… subtilmente…

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  2. Algo está mal, muito mal, quando a intimidação se transforma num meio para atingir um fim. Talvez eles não saibam, mas essa forma de agir constitui a melhor evidência das fragilidades desta reforma. Quando faltam os argumentos, passa-se à propaganda, quando esta falha, passa-se à intimidação. E depois?
    Podem calar muita gente, mas a sociedade, como já está a acontecer, pagará o seu preço!
    Nesta vida que vamos levando percebe-se a força das palavras de Tchékhov: «era tempo, para cada um de nós, de nos livrarmos do escravo que trazemos cá dentro».

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  3. “Porque nem tudo é culpa do “sistema” ou da super-estrutura política, havendo muitas outras responsabilidades à escala micro, nomeadamente da parte de quem até gosta de ver partir, em jeito de selecção natural à sua medida, quem acha mais “fraco”. Quem sente que assim “sobe um lugar” na escala dos (de)méritos e vê alguém sair-lhe da frente.”
    Na mouche!

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