E Dizem Que A Municipalização Não Interfere Com A Autonomia Das Escolas E Com A Gestão Pedagógica?

Veja-se o caso de Odivelas e do projecto “Repensar o ano letivo como forma de melhorar a aprendizagem dos alunos”. Deixo aqui todo o documento (Semestres_Odivelas_Relatório), porque até me cansa estar a copiar aquelas passagens típicas da escrita de um certo tempo de final do século XX, tão lido por ocasião das profissionalizações feitas nos anos 80 e 90.

Chamo apenas a atenção para o organograma implícito nesta apresentação:

Odivelas1Odivelas2

A Câmara (do PS), com a benção do governante (do PS) nomeia uma comissão (ver parte sublinhada) para proceder ao acompanhamento e avaliação de um projecto implementado a nível municipal, convidando para consultor um especialista e ex-governante (do PS).

Essa comissão, formada principalmente por elementos da Equipa de Acompanhamento da Autonomia e Flexibilidade Curricular da Região de Lisboa e Vale do Tejo (nomeada em modelo de dependência clara da tutela), acha por bem dar a sua opinião sobre o funcionamento dos órgãos internos de gestão das escolas, apontando-lhes forças e fraquezas, presentes e futuras naquele modelo muito apreciado da análise SWOT (prefiro a versão portuguesa-brasileira de análise FOFA, mas são gostos).

OdivelasPodem dizer-me que é apenas um olhar “externo” para “ajudar”, mas mim parece toda uma outra coisa. E tem muito pouco a ver com “autonomia” e ainda menos “diferenciação” pois promove metodologias e modelos únicos de intervenção.

Ora Bem…

… não seria difícil percebê-lo quando já temos autarquias a avaliar o trabalho das escolas, não apenas em matérias administrativas, mas também pedagógicas e a apadrinhar recomendações para o funcionamento dos seus órgãos internos. E quando se vão ver quem são as “equipas” que acompanham o processo, interrogamo-nos acerca da sua competência especial para a função… sem ser a da aceitação da nomeação desejada (digam o que disserem em contrário).

Educação será competência dos municípios em 2020

A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, falava hoje aos jornalistas no final de uma reunião do Conselho de Concertação Territorial, realizada em Lisboa.

“Isto são as clarificações que faremos no quadro das três competências, onde há acertos necessários a fazer”, disse, salientando que esta “é uma clarificação necessária para a aceleração do processo” e que “todas as outras competências estão a correr bem”.

Mas a demissão desta senhora, o sindicalista Nogueira e companheiros não pedem a demissão, ah, pois não. E perceberemos porquê, mais adiante em todo este processo que vai acima do paycheck do Mário, mesmo que já esteja ali bem no topo do possível.

Leitão