Há momentos em que se percebe que alguém leu um livro (e não foi da Margaret Archer). Ou um artigo (e não foi do John Boli e do Francisco Ramirez). E descobriu a pólvora feita de farinha amparo.
Para entendermos o atual Modelo de Educação temos que recuar 300 anos pois, historicamente, este tem as suas bases assentes na expansão do Império Britânico pelo mundo.
Na altura, para promover o sucesso da sua campanha militar, os ingleses criaram aquilo a que chamaram de Máquina Burocrática Administrativa. Esta “máquina” era composta por pessoas, tantas quanto possível, todas elas iguais, ou seja, com o mesmo tipo e nível de conhecimento. Por outras palavras, significa que estas pessoas tinham que assegurar tarefas simples mas de extrema relevância, como por exemplo, a correta leitura de relatórios de guerra, o cálculo de trajetórias balísticas, o devido aprovisionamento do batalhão, entre outros.
Para tornar isto possível, foi criada uma outra “máquina” a que chamaram Escola, onde dotavam estas pessoas das habilidades necessárias. Foi deste modo que os britânicos conseguiram assegurar o sucesso e a sustentabilidade do seu sistema e investidas militares. No entanto, esta infraestrutura escolar montada por eles era tão forte que sobreviveu ao passar dos tempos, foi replicada, escalada e ainda continua a gerar pessoas, todas elas iguais, para uma “máquina” que já não existe.
E como aprendeu tudo isto, esta especialista instantânea em Educação (já agora, a propósito, ler este curto post do A. Duarte)?
A jogar futsal. Nada cá de coisas enciclopédicas.
Eu era pivot, tinha que marcar golos e dar golos a marcar durante os sete anos em que pratiquei futsal feminino. Foi nesta etapa que desenvolvi noções estratégicas e tácticas, coletivas e individuais, que se viriam a revelar fundamentais dentro e fora de campo, pela vida fora.
Numa modalidade extremamente rápida onde a execução acontece em frações de segundos, a lição verdadeiramente educativa foi o saber ocupar o meu lugar. Se a minha posição falha, se a tua posição falha, o nosso jogo falha; somos a peça que tanto pode bloquear como impulsionar a equipa, jogar e fazer jogar. Já a aprendizagem mais difícil foi levantar a cabeça e formular visão de jogo, mas a partir do momento em que o consegui passei também a jogar sem bola e isso fez-me mais completa. Recepção, intercepção, antecipação, desmarcação, compensação e marcação, num 4×0 ou num 3×1 eu era eficaz na disrupção que gerava em um para um, a finalização era sempre o foco na ponta dos meus pés (…).

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