O Socratismo nunca existiu? O episódio “vitalino constitucional” não parece ter chegado para que a maioria percebesse como estamos numa espécie de neo-socratismo ou socratismo light, mais colectivo na ganância, mas não menos sistémico nas ânsias de controle das potenciais “forças de bloqueio”, da comunicação social ao aparelho judicial.
Claro, já todos percebemos que o núcleo duro do anterior governo era formado, em regra, pelos homens-fortes do regime iniciado em 2005 (António Costa, Vieira da Silva, Santos Silva) que têm a característica comum de, apesar de enorme experiência política, nada terem visto ou ouvido durante anos a fio. Parece que o engenheiro fez tudo sozinho com o primo e amigos e aquelas negociatas de bastidores, tipo-pinho ou tipo-lino, eram tão bem feitas que ninguém sabia. Quase toda a gente se safou bem, da reitora ao correia do CES (que agora se lixou em boa parte por causa do outro que há 40 anos estudava para ser o que ainda não se sabia existir), não esquecendo os estágios mal sucedidos para banqueiros dos amados do banife ou dos teixeirasdossantos do bique.
E que o actual núcleo duro é formado por gente que nem etra nascida em 2005 e que, portanto, não sabe de absolutamente nada, mesmo se o familygate tinha todos os sinais distintivos do clientelismo socrático. Os sizasvieiras, os nunossantos, as martastemidos, as leitões, as marianas filhas do pai – e o que dizer to ministro tiago – são imberbes jovens sem memória, enquanto os cabritas, apesar de terem idade para se lembrarem bem, disfarçam como se tivessem sido atacados de amnésia. Mas há práticas que permanecem, procedimentos, desejos de a tudo deitar a mão e controlar.
Sim, em 2015, queríamos a troika no passado, virar a página, seguir em outra direcção, toleravam-se certos pecadilhos em nome de um novo recomeço. Só que aconteceu outra coisa. E em 2020? Ainda queremos voltar aos vícios piores, mesmo que em versão menos agressiva e mais “descentralizada”, de 2005? E vamos continuar a ignorar este tipo de derivas em que se pretendem colocar operacionais em pontos estratégicos para desarmar qualquer verdadeira oposição aos desmandos de fazer leis à medida e mandar arquivar tudo o que incomode?
Parece que sim, nem que seja por omissão ou deferência em relação a uma geringonça que dá de comer as migalhas de forma muito selectiva. É pena que o PCP e o Bloco comecem a deixar-se ir pelo valor facial de qualquer PAN.

(adenda: e o que dizer do pedrosilvapereira senador-comentador na tvi, o clone do original? não há decoro mínimo? e, já agora, que não esqueçamos o assis europeu até 2009… a acumular com o cargo de vereador… e líder parlamentar do fase minoritária do socratismo, mas que agora se reclama de qualquer coisa ética que me escapa completamente)
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