O Relativismo Na Pedagogia (E Mais Umas Coisas)

A crítica ao Conhecimento, por parte daqueles que o acham “enciclopédico” e desnecessário, é apenas um elemento da deriva relativista que encontrou acolhimento em Pedagogia “de esquerda”, numa tendência de anti-intlectualismo que antes era própria de algum tradicionalismo conservador “de direita”. De regresso a Furedi, portanto (Where Have All Intellectuals Gone?, pp. 64-65)

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E neste contexto, debater as ideias e opções torna-se quase um pecado, pois quem ousa criticar certos argumentos é visto como sendo pouco polido, quase incivilizado por não achar que todas as opiniões são válidas por igual, mesmo quando se desenvolvem em forma de falácia ou se baseiam em argumentos pouco consistentes. Tenho a minha dose de ser assim qualificado (como “arrogante” ou mesmo “mal educado” por não me calar perante dislates ditos com a sensação de serem pérolas de sabedoria) quando ouso dar a minha opinião sobre as opiniões alheias que se acham acima de qualquer crítica. Mas, o debate faz-se confrontando argumentos e não cortesias, Mas combatendo o dumbing down sem contemplações e não apostando apenas nas adjectivações coloridas.

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(Furedi, p. 75).

Há quem leve toda a divergência para a esfera do pessoal, mesmo quando não se está a apontar incoerências entre as teses e a prática conhecida. Nesses casos, de manifesta hipocrisia, confesso, justifica-se a “personalização” da crítica. Mas sem o recurso à voluntária distorção dos factos ou à provocação sem argumentos (sim, e nesse caso, recuso o direito de entrada nesta casa, mas não tento eliminar ninguém do debate público como já me tentaram fazer mais de uma vez, com recurso a intimidação judicial e tudo).  Mas tenho a “sorte” de irritar mais do que de irritar-me, pelo que não devolvo nessa moeda. Casca grossa de quem não tem linhagem aristocrática ou ambição de ser cortesão do poder. Ou de ganhar um contrato de consultoria à maneira para aplicar “inovações” com décadas de poeira.

Ahhhh…. e também há umas páginas muito boas sobre as críticas dos filisteus modernos a quem ainda defende o valor, por si só e não apenas em função dos interesses dos “utentes” ou da sua relevância económica, das manifestações artísticas e culturais. Ou tão só dos livros numa biblioteca.

6ª Feira

Na ordem do dia está a escrita ou a chamada de atenção para o covid-19 e a sua expansão acelerada. Já li há muitos anos a edição não abreviada do The Stand do Stephen King, pelo que me sinto preparado para enfrentar boa parte dos disparates e irracionalidades à solta, mas também os perigos de uma pandemia quando temos as gerações mais certificadas de sempre, mas também das mais vulneráveis ao boato e à sugestão mais parva que possam ouvir ou ler.

(e incluem-se em declarações apalermadas as do actual delegado regional de Saúde da zona de Lisboa, que antes era da margem sul, do Barreiro, demonstrando de passagem que não é por não se ser do PS que não se continua a ter carreira na pós-geringonça…)

Mas gostava de chamar a atenção para dois factos mais “globais”.

O índice Dow Jones de Wall Street teve a sua maior queda de sempre no dia 27 de Fevereiro e perdeu mais de 4.500 pontos entre 21 e 28 de Fevereiro (perda acumulada superior a 15%). Em qualquer outro momento, isto corresponderia a uma crise financeira e económica profunda. Mas… se repararem, nada quase se ouviu sobre o assunto e todos agem como se estivéssemos apenas perante um bump in the road. Isto significa uma de duas coisas (ou as duas): ou as anteriores quedas que provocaram ondas fortíssimas de impacto a nível global que poderão ter sido exageradas muito para além do seu real efeito ou estão, desta vez, a minimizar, o que se passa no presente. Mas não deixa de ser “curioso” quem, desta vez, ninguém dramatize o que seria, em outra altura, um crash dos históricos.

Os fluxos turísticos estão já a ser afectados de forma algo assimétrica, mas é muito possível que o surto ainda não esteja em contenção durante o início do Verão no hemisfério Norte (a menos que o calor o mate como previu o cientista Trump), o que corresponderá a uma forte retracção da procura turística e não apenas nos destinos tidos por mais arriscados. No caso de Portugal, que tem feito assentar muito do seu “sucesso” em termos de “exportação” no produto-turismo, isto pode ter efeitos que farão cair o castelo de cartas que alguns gostam de apresentar como genialidade sua, mas que é apenas uma feliz conjugação de circunstâncias. E não estou apenas a pensar no actual presidente da Câmara de Lisboa, que aparece na TVI24 com as análises políticas mais entediantes desde os discursos de horas do camarada Fidel (que ao menos expressava algumas emoções). Quando (mais do que “se”) alguns dos maiores festivais musicais de Verão começarem a ser cancelados ou “reavaliados”, perceberemos que a “bolha” é apenas isso mesmo e que há magos que de magia nem sabem tirar um coelho da secção de frescos de um supermercado perto de si.

VerdadeTruth