Ao fim de uma semana de encerramento das aulas – ou “actividades lectivas presenciais” – começa a ser possível perceber até que ponto a equipa do ME é muito útil em cerimónias, viagens recepções, visitas VIP e conversa mole em tempo de paz, mas um bocado ausente quando as dificuldades apertam.
No actual contexto, seria interessante que se tivessem estabelecido algumas linhas claras de orientação que fossem além de “os professores não estão de férias” do ministro ou daquela enfastiada ida do secretário de Estado a um programa televisivo vespertino para falar de modo vago no ensino à distância. Sabemos que na Educação, tirando a conversa teórica sobre inovação, flexibilidade, inclusão e outros chavões, há escassa autonomia para tomar decisões, mas, neste caso, até porque as questões orçamentais não são as decisivas (isso está dominado, e bem, pela Saúde) até bastaria aparecer alguém com alguma voz de comando e que desse a sensação de perceber o que é prioritário e, já agora, demonstrar que todo aquele parlapatório sobre o século XXI tem reflexos na capacidade prática do ME reagir ao “desafio” que enfrentamos.
Em vez disso, temos um grupo de figuras segundas ou terceiras altamente estimáveis, com evidente saber técnico, a tentar preencher de algum modo ao vazio criado, com recurso às “redes sociais” de que tanto mal por vezes é dito e a formar grupos de “apoio” para “ajudar os professores”. O esforço é meritório, mas não substitui uma verdadeira liderança. E muito menos é capaz de responder às exigências, percebendo-se que o voluntarismo de alguns chega ao terreno em conta-gostas e em modo que eu chamaria “consultivo”.
No grupo de apoio ao e-learning criado no fbook dá para perceber como a maioria das escolas está entregue a si, assim como os professores, na algo vã tentativa de provar que não se está de férias. Repare-se no inquérito lançado pelo Jorge Sottomaior Braga (que anda convencido que estou chateado com ele, não entendendo bem o que verdadeiramente me cansa em certos climas de agitação e pouco “foco”) no grupo há mais de um dia acerca das soluções adoptadas para acompanhar os alunos à distância.

Num grupo com mais de 17.300 membros, em mais de 24 horas, existiam menos de 170 respostas (cerca de 1%), sendo que metade declara que não existe qualquer solução padronizada nas suas escolas. Um pouco mais de 30% refere a opção pela plataforma Microsoft Teams (claramente a preferida por alguns dos dinamizadores do grupo) e o resto dispersa-se.
Embora não seja essa a sua vocação, por ser uma ferramenta essencialmente para fins administrativos, percebe-se que o E-360 nem é referido. Mesmo se é afirmado no site oficial que:
Com o E-360 pretende-se ainda a facilitar a interação de todos os intervenientes no processo educativo do aluno (encarregados de educação, professores, dirigentes escolares e pessoal administrativo e organismos da administração educativa) que resultará numa maior colaboração, troca de informação mais célere e eficaz, garantindo a segurança de informação.
Ou seja, o ME parece ter-se alheado de fazer mais do que encaminhar para as plataformas e ferramentas existentes, numa espécie de sortido rico das propostas no mercado. Só que a acumulação de sugestões, está longe de permitir que se adoptem soluções com um mínimo de coerência pelo país e não me venham com a “autonomia” para justificar a inexistência de um plano com prioridades claramente definidas e ajustadas ao calendário e especificidades de cada grupo de alunos, conforme os graus de ensino. Apresentar todas as alternativas que um grupo de gente informada conhece há muito é algo muito diferente de ter um rumo claramente traçado.
Não chega a demagogia de afirmar que estamos perante um “enorme desafio” e “uma oportunidade” para inovar os processos de ensino com base em recursos digitais. Porque o resultado é que, um pouco por todo o lado, passámos a ter uma espécie de formigueiros a quem falta uma “cabeça”.
Sim, todos podemos colaborar e fazer a nossa parte, mas depois o conjunto parece uma daquelas mantas das nossas avós, coloridas, criativas qb, e agora até bem caras por serem uma espécie de artesanato gourmet, mas que nem sempre chegam para tapar a cama toda.
Não é tempo para apontar divergências e “unir esforços”? Sim, mas para isso teria de haver com o que convergir ou divergir e, como escrevi, o que se encontra é um enorme vazio de liderança.
Já agora:
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Ignore Novelty And Start With The Pedagogy
Taking a step back is an essential first thing to consider before implementing virtual reality training for your organization. Firstly, you need to check if VR is best for you to achieve your desired results.
Of course, VR is not right for every situation or performance problem. So, ensure that you start with the pedagogy and define your challenges and learning goals.
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