Dia: 21 de Março, 2020
O “Gabinete” Do Ministro Reage
(os metadados do documento deixaram-me confuso acerca de quem fez – decidiu, escreveu – exactamente o quê)
Sábado – Dia 3 Em Emergência
1280 Casos, 25,5% De Progressão
É o terceiro abaixo dos 30% de crescimento. É possível – apenas possível, claro – que não tenhamos os 12 milhões de infectados da aplicação insensata de previsões equivalentes às da metereologia ou do horário dos comboios na margem sul nos anos 80.
Em termos globais, a curva continua exponencial para os casos confirmados, mas têm sido muito ignorados os valores de quem recupera da infecção. A OMS produz relatórios diários muito completos que dão a dimensão global da pandemia, mas também podem ajudar a relativizar alguns efeitos.
Assim Sendo, Como Fica A Semestralização?
Desculpem lá, mas há coisas que necessitam de mais do que uma reacção epidérmica. No casos das escolas que optaram pela semestralização… as classificações finais são as de Janeiro? Ou em quatro semanas de aulas (o Carnaval meteu-se pelo meio) justifica-se uma alteração?
E as disciplinas semestrais? As do 2º semestre, adeus! A juntar às que já vinham sem nota por falta de professores há turmas com 20-25% do currículo por avaliar.
Não é que avaliação seja a minha maior prioridade (ou sequer chegue ao top 3), no contexto educativo que vivemos, mas há que começar a ter uma visão mais ampla e de conjunto – quase diria holística – disto tudo.
Lamento se estou a colocar dúvidas em tempo útil, em vez de me congratular por, ao fim de três dias de emergência, ainda ter água a correr nos canos e luz nas lâmpadas, como se isso tivesse deixado de acontecer na Itália ou Espanha, que estão a atravessar uma fase bem pior do que a nossa.
O Rabo Com O Gato De Fora
Mas se é isso que estão a prever é porque… afinal…
É só uma possibilidade? Sim… pois… provavelmente.
(também existe o homeschooling…)
Expresso, 21 de Março de 2020
Phosga-se! – Série 2
Recebi entretanto o material que contextualiza os materiais do post anterior, que faz parte de um segundo mails que a DGEsTE mandou para as escolas durante a tarde de ontem, 6ª feira.
Passo a transcrever o primeiro desses mails:
De: DGEstE – Sistema de Informação <dgeste.informa@dgeste.mec.pt>
Enviado: 20 de março de 2020 15:28
Assunto: Comunicado às escolas – Propostas gerais de intervenção para alunos em situação de vulnerabilidadeAssunto: Propostas gerais de intervenção para alunos em situação de vulnerabilidade
Senhores(as) Diretores(as) / Presidentes de CAP
Durante a crise de pandemia que atravessamos e tendo em conta o seu impacto, é importante relembrar que a democracia continua. Um estado democrático é aquele que garante direitos fundamentais a todos.
As escolas e os professores têm, naturalmente, sentido constrangimentos em garantir o contacto com os alunos especialmente carenciados ou vulneráveis. Estas dificuldades têm sido um dos principais focos de preocupação do Ministério da Educação. Não obstante outras medidas de larga escala a aplicar, é fundamental que se mantenha o contacto e o apoio aos alunos que se encontram com maior potencial risco de exclusão social.
Neste sentido, as Áreas Governativas da Educação e da Presidência, que tutela a Cidadania, a Igualdade e a Integração e Migrações, apresentam um conjunto de propostas de ação, convidando também todas as escolas a partilhar, através do site apoioescolas.dge.mec.pt, iniciativas, estratégias e soluções para as crianças e jovens.
Seguem também anexo os contactos de ONGs, associações e outras entidades que já se disponibilizaram. Em função das áreas de intervenção e áreas geográficas, as escolas poderão estabelecer contactos para articular apoios.
Cumprimentos,
Maria Manuela Pastor Faria
Diretora-Geral dos Estabelecimentos Escolares
A acompanhar vinham 12 (doze) anexos, um dos quais aquele que ontem publiquei, mais 9 com contactos de centenas de organizações de todo o tipo, desde Universidades a associações de apoio a minorias étnicas, e 2 com a identificação (nome, nº de telefone e mail) dos chefes regionais e chefes de núcleo do Escuteiros. A consulta dos metadados dos documentos permite perceber a rede de contactos e que as listagens começaram a ser feitas na 2ª feira.
E todas as escolas/agrupamentos do país, até prova em contrário, receberam isto, sem qualquer preocupação em seccionar ou seleccionar a informação verdadeiramente útil para cada contexto. No fundo, tomem lá isto e desenrasquem-se. Façam como as antigas listas telefónicas.
Mas tudo isto ainda seria aceitável se depois não surgissem as tais propostas de intervenção que contêm coisas absolutamente incompatíveis com as regras de um estado de emergência e que, em alguns casos, sugerem mesmo o recurso a grupos de risco para andarem de porta em porta com a missão de “entrega/recolha de fichas ao domicílio e posterior monitorização”, como docentes reformados ou os vigilantes escolares. Isto para não falar no recurso a estudantes ou a embaixadores dos países de origem dos alunos imigrantes.
Revelando a imensa desorientação, a DGEsTE manda novo mail às escolas, depois das 18 horas, com duas versões (pdf e doc) de um dos documentos já enviados anteriormente (o das propostas).
Em tempos de “guerra” e de “luta pela sobrevivência” (António Costa dixit) devemos unir-nos e esquecer divergências, sendo prioritário combater o “inimigo comum”. Certo, certo… mas ~e complicado combatermos seguindo as ordens de “generais” de um “estado-maior” que apresenta sinais evidentes de idiotice, desculpem, de falta de rumo, parecendo que lança mão a qualquer ideia que pareça vagamente passível de passar a imagem de que se está a fazer algo.
Muito disto volta-me a fazer lembrar a cena final da série Black Adder.