Os ex-titulares de alma e coração ou os neo-titulares de aspiração. No terreno, conhecemo-los desde sempre e não se definem pela idade, como se tenta fazer passar, mas pela “atitude pró-activa”, sempre dois pontos à frente de todos para fazerem parte de grupos de controle, avaliação ou monitorização, desculpem, equipas de trabalho. Há duas variantes principais… quem diz detestar grelhas e burocracias mas corra logo a desenvolvê-las quando as “circunstâncias assim o exigem” e quem nunca deixou de achar que o modelo original de add da “reitora” só pecava por demasiado benevolente.
É a malta que aparece nas redes sociais sempre com disponibilidade para tudo e mais alguma coisa e critica azedamente quem acham quem critica as superiores e esclarecidas orientações da tutela. E reforça que “estamos em pausa lectiva, não em férias” e que acha bem que seja tudo non-stop, provavelmente por terem o seu próprio vazio temporal existencial por preencher. E se não tiverem umas tabelas para aplicar sentem que a vida se esvazia de sentido. É também aquele pessoal que diz que “se usámos sempre os computadores em casa, porque se estão a queixar”, não distinguindo o que é feito por opção pessoal do que é apresentado como se fosse um dever inquestionável da condição docente. É gente que tem muita dificuldade em separar como se usa o tempo e o espaço privado, mesmo quando se está em redes de sociabilidade, e a obrigação de estarmos em modo de domínio público 24/7, numa espécie de neo-servilismo digital.
É gente que lê pouco e pouco variado. E aborrece-se imenso com quem lê mais do que as vulgatas e sebentas dos poderes que estão. Lêem muito as arianas, mas nunca leram os originais. Acreditam que a flexibilidade e diferenciação pedagógicas são portentosas novidades, quando a mim já amareleceram as páginas do que li sobre isso. E há ainda quem faz que esqueceu. E entusiasmam-se com o tele-ensino como se fosse a “oportunidade” para entrar no século XXI, quando em termos conceptuais pararam num limbo sem tempo.
Mas não cedem à vaidade de quererem reconhecida a sua excelência em documento formal e só lamentam não existir cerimónia pública de agradecimento pelos pares menores.
É triste.
Efectivamente.
Os cágados de pernas para o ar.
Muito , mas mesmo muito bom .
Grande Paulo !!
Muito obrigado , pelo gozo que me proporcionas.
Incrível escreveres tanto e sempre tão bem !
👍👍👍
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Clarividência… ao mesmo tempo que lia me parecia estar na sala de professores.
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Efetivamente……………..
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É bem verdade… Em tempos, escrevi uma coisa para um jornal sobre esse tema que intitulei: Les vaches avant la vache… Não sei se ainda o consigo descobrir mas tratava precisamente disso, das vacas que apareceram antes da vaca e que quando ela apareceu se disseram muito indignadas…
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Com licença. Eu só queria mandar para a puta que os pariu, lá nas profundidades do Inferno, as aventesmas que um dia se lembraram de chamar “pausas ou interrupções lectivas” às FÉRIAS. Obrigado.
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Adoro o Paulo Guinote. É a única voz lúcida do mundo da educação.
Pensa, lê e escreve.
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Don’t forget,
😉 Achei engraçada a forma de expressares essa revolta.
Não há cá meias palavras.
É assim mesmo .
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Ah…e, acima de tudo, é honesto!
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