O Depoimento Completo Para A Peça Do Educare…

… sobre o ensino à distância e o “Roteiro “8 Princípios Orientadores para a Implementação do Ensino a Distância (E@D) nas Escolas”. Poderão constatar como até lhe achei algumas qualidades.

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O roteiro agora apresentado é um documento necessário, independentemente de divergências em relação a alguns dos seus pontos, que deveria ter sido apresentado mais cedo ou, pelo menos, antes de outras indicações pouco coerentes que foram surgindo.

A primeira crítica que merece é essa: um plano deste tipo deveria ter sido uma preocupação prioritária e não aparecer misturado com outras indicações que foram enviadas de modo precipitado e pouco articulado para as escolas (como as recomendações para a “intervenção educativa para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade”).

Dito isto, começarei pelos pontos com os quais estou de acordo: antes de mais, o facto de apresentar “uma lógica sequencial de implementação” e de prevenir a possibilidade de cada escola definir um plano de acordo com as suas circunstâncias e contexto específico. O que significa que quem já começou a fazer algo, não terá de recomeçar tudo. Em seguida, a abertura a soluções diferentes nos meios a utilizar, não se apontando soluções únicas como chegou a parecer que ia acontecer a avaliar pelo que se ia conhecendo das conversas em grupos informais de “apoio aos professores” em algumas redes sociais.

A sugestão do estabelecimento de parcerias locais com organismos públicos ou entidades privadas para chegar ao maior número de alunos nas condições possíveis é outro ponto positivo, embora seja necessário cuidado – até do ponto de vista sanitário – na sua implementação. A repetida referência à necessidade do trabalho em equipa e à interajuda chega a ser redundante mas é algo que deve ser tido em conta, pois devemos praticar o trabalho colaborativo e não apenas enunciá-lo.

Pontos negativos: desde logo, o facto deste documento surgir ainda antes de algumas decisões importantes para que as escolas, alunos e professores percebam exactamente com o que estão a lidar. É certo que algumas decisões têm uma forte componente política como suspender, eliminar ou recalendarizar provas de aferição e provas finais de ciclo, assim como o que fazer com os exames nacionais do Ensino Secundário, mas é essencial que não se pense que esta rede de ensino à distância erguida em poucas semanas permitirá aos alunos estarem preparados com “normalidade” para provas que já estarão feitas. E qualquer cronograma do trabalho com os alunos precisa de saber como (e não “se”) o calendário que existia vai mudar.

E relacionado com o ponto anterior, está a questão da monitorização do cumprimento de indicadores de qualidade e quantidade, quando o que está ainda em dúvida é se conseguiremos chegar a todos os alunos com um mínimo de equidade e atenção à sua diversidade.

Uma outra falha, que se poderá atribuir ao carácter “global” do roteiro é não dirigir instruções mais específicas para os vários níveis de ensino, pois as soluções para o pré-escolar ou mesmo o 1º ciclo terão de ser muito diferentes das adoptadas para o Secundário. Mais grave é o aparente esquecimento dos alunos com problemas de aprendizagem ou necessidades de saúde especiais.

Por fim, acho perfeitamente desnecessário o espaço gasto com passagens de retórica “mobilizadora” que nesta altura é perfeitamente secundária, assim como uma certa obsessão em querer fazer cumprir, em circunstâncias extraordinárias, todos os princípios de normativos como o chamado “Perfil do Aluno”.

PG 4

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5 opiniões sobre “O Depoimento Completo Para A Peça Do Educare…

  1. Tudo ao contrário. Tudo para cima de estruturas que não tem nem o conhecimento nem a capacidade para resolver o problema. É cada um a fazer como quiser ou como souber ou como puder.

    Já se antevê aqui um “belo resultado”, sim senhores. Mui belo.

    O tradicional do ME. Mais do mesmo mesmo quando o que mais era preciso era mesmo mais.

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  2. e estão a chegar aos e-mail a solução do ME para a falta de pc e/ou internet em casa dos alunos: pedirem aos profs para fazerem uma ‘vaquinha’ para adquirirem o material e custear a net, seja comprando ou pedindo ajuda empresarial. Com a falência em catadupa das empresas e a massificação do desemprego, não sei como o meio empresarial vai ajudar…
    esta ideia peregrina de que os profs não vivem dificuldades financeiras também já fede, e quando no final deste ano garantidamente for decretada a maior austeridade jamais vista (com a respetiva suspensão da progressão, corte no salário, provável corte dos subsidios de natal e férias, e ainda mais umas sobretaxas, já não falando da ressurreição do despedimento chamado supranumerário…), também se vai continuar a considerar que as escolas podem colmatar a desgraça social que estará implantada, usando aquela falácia estúpida e irritante “de que há pior e portanto, é uma vergonha protestar e reclamar”…

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  3. Para o Estado começar a recuperar, poderão reverter o aumento de € 600 aos juízes que o Senhor Presidente promulgou no último Verão… Tendo em conta a vergonha que foi, agora seria altura de avançarem e corrigirem tamanha desigualdade de tratamento…

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