Dia: 4 de Abril, 2020
Carrega-se No Botão?
A verdade é que o conteúdo da notícia não explica praticamente nada. E quem vai andar a reunir-se a partir de 2ª feira para fazer os planos E@D sabe com o que contar?
Para que serve e como vai funcionar a telescola? As explicações de Tiago Brandão Rodrigues
Isto não quer dizer nada. É para ocupar espaço mediático e aparentar acção política. Apenas. E bem podem os “capuchas” e capangas chamar-me nomes feios.
Ainda não há uma data de início para a transmissão de conteúdos escolares, mas Tiago Brandão Rodrigues deixa como pista os dias que seguem às férias da Páscoa.
“Precisámos de uma margem temporal para preparar os conteúdos, as orientações para as escolas, os recursos pedagógicos temáticos. Em abril, e se for possível logo depois das férias da Páscoa espero que possamos ter tudo montado – uma operação que está a ser feita em tempo recorde”, concluiu.
O QUE SE PODE ESPERAR DO DIA 9 DE ABRIL
A decisão sobre a possível reabertura das escolas vai ser comunicada no dia 9 de abril. Segundo o ministro da Educação, no dia 7, vão ser ouvidos um conjunto de especialistas que vão ajudar o Governo a tomar uma posição, mas nada mais adiantada sobre o tema.
Lembra apenas o bom trabalho que tem sido feito pelas escolas e pelos professores:
“É importante que os portugueses sintam que o trabalho está a ser feito, que nos estamos a preparar para as situações mais complexas, criando um conjunto de mecanismos”
Dia 17 – A Maioria Dos Alunos Já Quer Voltar
(entretanto já foi publicado no Educare)
De acordo com os resultados de um questionário colocado online pelo Observatório das Políticas de Educação e Formação divulgado ontem à noite, perto de dois terços dos alunos que responderam revelam que já querem regressar à escola. Nas notícias que li ou ouvi, este valor, como outros sobre a satisfação dos encarregados de educação com as medidas já praticadas ou a mudança de hábitos de estudo ou no quotidiano, são “preliminares” e baseiam-se em cerca de 1200 respostas. Vou ultrapassar as reservas metodológicas que me levantam o inquérito, que entretanto preenchi, constatando que não existe qualquer forma de verificar a veracidade da situação dos respondentes (poderia ter declarado que era aluno e respondido na mesma, sem qualquer tipo de controlo). Vou crer que todas as pessoas responderam de forma séria e que os dados não se encontram de forma alguma afectados por essa opção pela facilidade da recolha dos dados em detrimento da sua fiabilidade.
A corresponder ao sentir da maioria dos alunos, isto demonstra que, afinal, a escola é um local que eles apreciam e do qual ao fim de duas ou três semanas já sentem saudades. O que contraria a ideia preconceituosa de alguma opinião publicada e mesmo de “estudos” acerca da insatisfação dos alunos com o seu quotidiano escolar. Eu sei que há quem separe o gosto pelo espaço de socialização e o desgosto com as aulas. Mas eu acho que essas fronteiras são mais artificiais e operatórias para alguma sociologia simplista da educação do que a realidade. As alunas e alunos, na sua maioria, gostam da escola e mesmo das aulas, embora com naturais assimetrias. E basta uma minoria mais vocal para conseguir perturbar o quotidiano de colegas e professores (no actual ambiente de complacência com esses comportamentos) e para justificar conclusões apressadas acerca das atitudes da maioria dos alunos em relação à Educação. Ainda há esperança, apesar de tudo que tem sido feito para em nome do “sucesso para todos”.
A Ordem Certa?
Será que as prioridades estão correctamente definidas se for assim? Se o estado de emergência é para continuar, será que esta é a solução mais correcta ou apenas a menos complexa?
Ou ainda vão desmentir as notícias (embora os meios usados me pareçam aprovados pelo governo)?
Telescola deve arrancar a 13 de abril só até ao 9.º ano
O ministério da Educação e a RTP estão já ver várias soluções para garantir que as famílias com mais de um filho possam usufruir das aulas através da televisão.
Governo prepara reabertura do ensino secundário para 4 de maio
Costa ainda vai ouvir sector, mas espera retomar aulas do 10º, 11º e 12º. Objetivo é pôr o plano em marcha e ir medindo o surto.
A Ter Em Atenção… 3/4
Acho que não me devo prolongar em justificações em relação a algo que está a irritar algumas pessoas com soluções automáticas engatilhadas. Sempre achei que mais informação fundamentada só ajuda a tomar melhores decisões. Há quem ache o contrário e que a emergência tudo justifica.
B) Zoom:
Dada a aplicabilidade, ao caso do “Zoom”, de quase tudo quanto de essencial se disse a respeito do “Google Classroom”, dá-se por reproduzido, nesta secção, o que se deixou alegado na alínea A) supra.
Como já mencionámos, temos um outro filho, a frequentar o 11.º ano.
E obviamente que, conforme tínhamos já referido em anterior comunicação, caso a escola deste nosso outro filho venha também a optar por soluções do género em questão, ou seja, e desde logo, proprietárias e/ou invasivas, intrusivas e ilegais, logicamente que não deixaremos de tomar, em relação ao mesmo, as decisões tomadas a respeito do caso do nosso filho mais novo, supra aludidas.
Ora, sucede que, tanto quanto nos chegou ao conhecimento, tudo indica que a escola do nosso filho mais velho pretende implementar, no âmbito do ensino à distância, a “solução” Zoom.
Como tal, tivemos a curiosidade em conhecer e analisar essa plataforma (Zoom).
Uma das coisas que constatámos é que o acesso às vídeo-conferências do Zoom obriga à instalação de um programa/aplicação: ou para PCs ou para smartphones (Android ou IOS). E acontece que todas essas aplicações/programas são proprietários…
Ora, sucede, desde logo, que nenhum dos equipamentos de que dispomos permite a instalação de programas/aplicações proprietários, pelo que sempre seria impossível, no nosso caso, a instalação de qualquer um dos ditos aplicativos Zoom. Os nossos equipamentos permitem apenas, e exclusivamente, a instalação de programas a partir de repositórios próprios, os quais, por sua vez, contêm exclusivamente software livre.
Depois, tivemos a curiosidade de ir verificar quais as cláusulas contratuais que a Zoom impõe aos seus utilizadores, e verificámos que as mesmas, além de ofenderem a totalidade dos direitos elencados nas alíneas a) a h) do ponto I, violam frontalmente a Lei da Protecção de Dados Pessoais, pelo que sempre seriam absolutamente inaceitáveis, pela nossa família (ou qualquer outra minimamente informada).
Com efeito, e se, por exemplo, se ler o tópico “Collection of your Personal Data”, da “Privacy Police” do Zoom, verificar-se-á que as respectivas cláusulas, além de violarem direitos de personalidade dos utilizadores, violam frontalmente a Lei da Protecção de Dados Pessoais, pelo que jamais poderíamos dar autorização para o uso dessa plataforma. E, como sabe, a autorização para a recolha e tratamento de dados tem de ser dada pela própria pessoa objecto da mesma, ou pelos seus pais, dependendo da idade. Transcrevemos abaixo um trecho desse tópico:
«Collection of your Personal Data
Whether you have Zoom account or not, we may collect Personal Data from or about you when you use or otherwise interact with our Products. We may gather the following categories of Personal Data about you:
* Information commonly used to identify you, such as your name, user name, physical address, email address, phone numbers, and other similar identifiers
(…)
* Facebook profile information (when you use Facebook to log-in to our Products or to create an account for our Products)
(…)
* Information about your device, network, and internet connection, such as your IP address(es), MAC address, other device ID (UDID), device type, operating system type and version, and client version
(…)
* Other information you upload, provide, or create while using the service (“Customer Content”), as further detailed in the “Customer Content” section below.”
Ainda no âmbito da “Privacy Police” do Zoom, deparamo-nos com cláusulas e avisos como estes:
«Customer Content is information provided by the customer to Zoom through the usage of the service. Customer Content includes the content contained in cloud recordings, and instant messages, files, whiteboards, and shared while using the service.»;
«Zoom, our third-party service providers, and advertising partners (e.g., Google Ads and Google Analytics) automatically collect some information about you when you use our Products, using methods such as cookies and tracking technologies (…)»;
«As discussed above, we may collect information about your broad geographic location (city-level location) when you are using our Products or have them installed on your device.»;
«Note that we may use third-party service providers and our affiliated entities to help us do any of the things discussed here, and they may have access to Personal Data related to the specific activity they are doing for us in the process.»;
«Depending on where you reside, you may be entitled to certain legal rights with respect to your Personal Data.
Here are the types of requests you may make related to Personal Data about you (…): (…)
Under certain circumstances we will not be able to fulfill your request, such as if it (…) involves disproportionate cost or effort.»; – coitadinhos…
«We may transfer your Personal Data to the U.S., to any Zoom affiliate worldwide, or to third parties acting on our behalf for the purposes of processing or storage.».
Como ressalta à evidência, cláusulas e avisos deste género, conjugadas com as referentes à secção “Collection of your Personal Data”, faz do Zoom um monstruoso e criminoso Big Brother.
As cláusulas contratuais referentes aos “Terms of Service” do Zoom não são menos alarmantes e inaceitáveis. Só a título exemplificativo, cumpre chamar a atenção para a seguinte cláusula: “The host can choose to record Zoom meetings and Webinars. By using the Services, you are giving Zoom consent to store recordings for any or all Zoom meetings or webinars that you join.”.
Logicamente pois que também jamais aceitaríamos este tipo de cláusulas.
https://us04web.zoom.us/privacy
https://us04web.zoom.us/terms
A análise e conclusões aqui deixadas sobre o Zoom são corroboradas por inúmeros artigos, de que deixamos aqui alguns exemplos:
Em relação a este artigo, e dada a sua extrema relevância, transcrevemos aqui a seguinte passagem (a qual, aliás, está em total consonância com o que nós próprios havíamos dito):
«On the surface of it, Zoom’s privacy policy is similar to the likes of Facebook and Google – it collects and stores personal data and shares it with third parties such as advertisers.
But Zoom’s policy also covers what it labels “customer content,” or “the content contained in cloud recordings, and instant messages, files, whiteboards… shared while using the service.
This includes videos, transcripts that can be generated automatically, documents shared on screen, and the names of everyone on a call.
Consumer Reports points out that your instant messages and videos can be used to target
advertising campaigns or develop a facial recognition algorithm, like videos collected by other tech companies.”
“That’s probably not what people are expecting when they contact a therapist, hold a
business meeting, or have a job interview using Zoom.”».
Dada a relevância, deixamos também um pequeno excerto deste artigo:
«Privacy experts have previously expressed concerns about Zoom: In 2019, the video-conferencing software experienced both a webcam hacking scandal, and a bug that allowed snooping users to potentially join video meetings they hadn’t been invited to. This month, the Electronic Frontier Foundation cautioned users working from home about the software’s onboard privacy features.
With the novel coronavirus causing a surge in work-from-home activity, Zoom has quickly become the video meeting app of choice. And with that popularity, privacy risks are extending to a greater number of users.
Here are some of the privacy vulnerabilities in Zoom that you should watch out for while working remotely.
(…)».
c) https://www.insidehook.com/daily_brief/tech/zoom-privacy-concerns
Igualmente alarmante, é este trecho:
«As Australia’s Financial Review notes, “In the past year, Zoom has suffered from several critical security vulnerabilities, ranging from allowing hackers into private calls uninvited, to allowing Mac users to be forced into calls without their knowledge.” As well, Zoom “essentially refused to change fundamentally flawed security practices.”
A separate issue: Random people are gate-crashing Zoom conferences with purposely disturbing images and videos.».
d) https://securityboulevard.com/2020/03/using-zoom-here-are-the-privacy-issues-you-need-to-beaware-of/
e) https://techcrunch.com/2020/03/17/zoombombing/
Face ao supra exposto, dúvidas não restam de que a utilização do Zoom no contexto escolar constituiria, salvo o devido respeito, uma grosseira irresponsabilidade.
Irresponsabilidade esta que, de resto, custaria muito caro aos respectivos autores, dado que a implementação da sua utilização, ainda por cima em contexto escolar, faria incorrer os mesmos em responsabilidade criminal, contra-ordenacional e cível.
Destarte, jamais o nosso filho, ou nós próprios em seu nome, permitiríamos a utilização, por parte do mesmo, do referido Zoom. Decisão esta também ela definitiva e inapelável.