#EstudoEmQualquerLado – TIC – Lição 3

Ao contrário das provocações a pedir ribalta do burgesso arbustodealá, muita miudagem não percebe grande coisa de computadores. Nasceram com o chip dos zingarelhos, com os polegares em riste, mas a maior parte deles não consegue perceber o que é para fazer se não for ver vídeos e jogar umas cenas maradas, tipo gta, versão 10.3 com o crack das chocapicas.

Portanto, deixo aqui um breve tutorial em 5 passos para a realização de qualquer tarefa numa qualquer plataforma por alunos do 3º ciclo do Básico e Ensino Secundário. São pré-requisitos essenciais, prévios a qualquer domínio da deep web. Repito que muito disto resulta de conversas com colegas que têm mais vergonha do que eu para passar estas coisas a escrito em público.

  1. Confirmar se tem conhecimentos básicos de língua portuguesa.
  2. Recordar as aulas anteriores, em especial aquela parte acerca de como se deve escrever uma palavra-passe e etc.
  3. Seguir as instruções dadas acerca do separador da plataforma onde a tarefa está inserida.
  4. Ler com atenção o que lá é pedido.
  5. Ler outra vez, agora mesmo com atenção, o que está lá escrito.
  6. Recorrer a um dicionário online de português-padrão/portuguêsdoinsta para compreender o que significam algumas palavras como “realiza”, “pesquisa”, “apresenta”, “tema”, “biografia” e, muito em particular, “trabalho”.
  7. Apontar os significados, para não os esquecer nos próximos 30 segundos.
  8. Reler, mesmo, mesmo, com atenção o que está escrito na proposta de tarefa.
  9. Voltar ao dicionário para tentar perceber se “proposta” significa que o trabalho não é obrigatório.
  10. Descansar um pouco.
  11. Phosga-se… a sessão encerrou.
  12. Reiniciar o processo.

baby

Evidências

Para os investigadores, foi mais uma confirmação do que uma surpresa. Há muitos mais alunos sem computadores com acesso à internet do que aquilo que mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística. Só nas escolas públicas, 28% dos alunos do ensino básico não tem acesso a este equipamento. Esta é uma das conclusões do inquérito que o Centro de Economia da Educação da Universidade Nova de Lisboa está a realizar junto de professores de escolas públicas e privadas, do 1.º ao 12.º ano.

tecno

Luís Sepúlveda (1949-2020)

– O humano de Bubulina? Porquê ele? – quis saber Colonello.
– Não sei. Esse humano inspira-me confiança – reconheceu Zorbas. – Ouvi-o ler o que escreve. São palavras belas que alegram ou entristecem, mas que produzem sempre prazer e suscitam o desejo de continuar a ouvir.
– Um poeta? O que aquele humano faz chama-se poesia. Volume dezassete, letra «P», da enciclopédia – garantiu SAbetudo.
– E o que o te leva a pensar que esse humano sabe voar? – quis saber Secretário.
– Talvez não saiba voar com asas de pássaro, mas ao ouvi-lo sempre pensei que voa com as palavra – respondeu Zorbas.

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Uma Voz Autorizada E Benquista Junto Dos Poderes Que Estão

Cristina Ferreira relata primeiro dia de “escola virtual”: “Desejei que amanhã fosse julho”

(…)

“Primeiro dia de escola virtual. Já sei o que é o Moodle, o padle, abri 30 links e fiz 50 logins”, começou por escrever, na página de Instagram.

“Dei cabo da embalagem dos cereais para arranjar cartão não sei onde, fiz os exercícios de Educação Física com o miúdo, fiquei a olhar para os exercícios de matemática e desejei que amanhã fosse julho”, continuou.

“Isto vai dar cabo da cabeça… dos pais”, concluiu.

 

Dia 29 – O Material Tem Sempre Razão

(…)

Mas enquanto falamos de periféricos e consumíveis estamos, por definição, a rodear o essencial. E quando forem os adaptadores de rede a falhar (o meu já começa), as motherboards a queimarem os circuitos, as placas gráficas a psicadelizar? Vamos todos a correr comprar novos computadores para que as telecoisas não parem? Eu sei que já aparecem por aí parcerias para que compremos com desconto (leve 3 dos novos pelo preço de 4 dos antigos) novos computadores, tablets, smartphones . Até que ponto irá o espírito missionário dos ex-congelados? Eu sei que haverá capatazes de chicote em punho a exigir que remendemos as catanas com que se faz a nossa servidão digital, mas a mim parece que… nem por isso.

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