Bué Útil

A aula conjunta de 2ª feira para História e Cidadania dos 7º e 8º anos é sobre “A Europa: da fragmentação do império romano à formação dos Estados liberais”. A ficha de trabalho proposta faz-me sorrir porque parece uma daquelas mantas que a minha avó fazia em crochet (os meus alunos vão perceber a diferença enorme entre o que costumam ter e isto em matéria de competência gráficas) ou uma manta de retalhos, do tipo tesoura e cola. Para além de que a miudagem do 7º vai ficar a olhar para aquilo e a interrogar-se sobre que raio é parte daquilo,

Já a de 4ª feira de História e Geografia de Portugal para os 5º e 6º anos é, para 30 minutos, sobre “Da Expansão Marítima do séc. XV à manutenção do Império Colonial no séc. XX”. A ficha de trabalho só pode ser uma anedota. A política financeira de Salazar em 1928 a propósito do colonialismo?

Mais um pouco de transversalidade temporal e pedem uma composição sobre a Primavera na era depois de Cristo.

clio

Phosga-se! – Série “E@D” #4

A forma como na DGE tratam as mensagens dos professores e as denúncias que há quem diga (e bem) que devem ser feitas. O pessoal lá nem tem paciência de mandar um “recebido”. Apagam sem sequer ler. O que vale é que os professores arcaicos ainda sabem enviar mensagens com relatório de leitura.

Há quem se queixe do “Estado”. Ora bem…

Screenshot Zoom

A Tolerância (Modo De Usar)

Agora anda tudo muito agitado com os problemas de certas plataformas. Há umas semanas, andei a partir pedra com algumas “personalidades” entusiasmadas do meio educativo digital. Uma delas levou uma tarde de sábado a dar-me na cabeça. Agora já está preocupada e recomenda a denúncia das situações. Fui lá à publicação relembrar que há quem tenha menorizado os riscos e não tenha feito o seu papel na informação e prevenção. Tudo com bons modos e sem adjectivos. Pimba, apagado. Mas depois andam a pregar por aí a tolerância de cravo ao peito. Poizé.

Censura

Dia 30 – O Último Voo De Sepúlveda

(…)

Os meus alunos do final dos anos 90 do século XX e inícios do século XXI foram muito cedo introduzidos no universo que gosto de designar como “realismo fabulástico” de Sepúlveda, com especial destaque para gato Zorbas que ensinou a Ditosa gaivota que só voa quem se atreve a fazê-lo. E todos voámos com eles e mesmo agora, quando as prescrições administrativas me dizem que é leitura de 7.º ano, ainda lhes damos uma piscadela de olho quase todos os anos.

diario

E Já Andam Por Aí Com Dezenas De Milhar De Visualizações…

… gravações de aulas por vídeoconferência através do Zoom. Como é óbvio não irei linkar as horas disponibilizadas no Youtube por hackers de meia-tigela. Enquanto os gurus da nossa Educação Digital não reconhecerem o erro (e quando o fizerem é como se tivessem sido sempre eles a avisar) que é recomendarem plataformas altamente inseguras. A idiotice de alguns pseudo-iluminados deve ser travada pelo bom senso e a cegueira e as vaidades apressadas só ajudam a aumentar o problema, não a resolvê-lo.

Zoom

 

Demagogia À Solta

Já depois da meia-noite, na RTP 3, apareceu a notícia de que o senhor da EPIS (o entusiasmado com a “oportunidade” criada pela pandemia para fazer avançar a Educação da Nação) tinha ido à Escola Secundária Braamcamp Freire, na Pontinha, entregar 2 (dois) computadores a alunos carenciados daquele agrupamento para que pudessem seguir as aulas à distância.

Na peça, o director do Agrupamento, com um ar meio embaraçado e de quem tinha sido “convidado” a fazer aquele papel, dizia que tinha 2900 alunos, 500 dos quais sem equipamentos para acompanharem o ensino à distância. Mas pronto… o senhor da EPIS, em nome dos “empresários pela inclusão social”, estava ali a dar 2 (dois) computadores a dois alunos escolhidos a dedo, obrigados a ir à escola em altura em que a dita deveria estar fechada, com direito a reportagem televisiva, numa modalidade de demagogia que roça a obscenidade propagandística.

Hoje de manhã, já estava na SICN a anunciar que vão dar não sei quantos computadores a alunos  restando saber se os vão obrigar também a desrespeitar as regras do confinamento social para que as televisões possam gravar a coisa sem terem de ir a bairros mais complicados e menos fotogénicos.

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(no site oficial da EPIS dizem que estão a acompanhar 4379 alunos e que estão prontos a gastar 370 euros no máximo por aluno, o que daria, no máximo dos máximos, 1,6 M€, o equivalentea pouco mais de 60% do salário anual de um qualquer mexia)