É uma página rodeada de sete outras, em tons de cor de rosa, de loas e elogios à solução encontrada, à bondade de tudo e mais alguma coisa e auto-congratulação do seu principal mentor no JL/Educação deste mês. Um tipo olha à volta e sente-se quase tão solitário quanto nos tempos dos primeiros artigos para o Público em 2008.
Mas enquanto puder, vão ter de me aturar.
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Quem cometeu o erro de usar grupos do WhatsApp para estabelecer uma linha imediata e rápida de comunicação com os alunos, viu-se obrigado a desativar o som das notificações ao fim de pouco tempo, ao perceber que os “horários” para enviar dúvidas ou comentários, nem sempre muito propositados, não respeitam nenhuma parte do dia ou noite. Para quem fez isso com duas ou mais três turmas começou a amaldiçoar o momento em que comprou o smartphone. Pelo que uma das prioridades deveria ter sido a da inclusão de aulas para desenvolver as competências dos alunos em ambientes ditais de tipo educativo, não chegando aceder à primeira página do doutor google ou à página da doutora wikipédia.
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A forma como a área artística das Expressões volta a ser menorizada é coerente com o modo como o currículo, que se afirma pretender que os alunos desenvolvam competências estéticas e humanistas, tem maltratado em todas as mais recentes reformas as disciplinas ligadas às Artes e Humanidades, como se fossem uma espécie de resquício de um passado arcaico, sem interesse para o futuro digital e cibernético.
A Filosofia foi truncada no Ensino Secundário, a História e a Geografia passaram a ser servidas, por quem assim entende, em fatias semestrais no 3º ciclo do Ensino Básico. A Educação Musical está reduzida a dois tempos semanais e restrita ao 2º ciclo do Ensino Básico e quem a quiser explorar terá de recorrer a instituições exteriores ao ensino público. A Educação Visual e Tecnológica foi desmembrada no 2º ciclo e agora as suas componentes desaparecem, enquanto disciplinas autónomas, da versão televisiva/digital do currículo do Ensino Básico.
Se estes são sinais do que será um futuro currículo para os tempos digitais, são péssimos sinais para todos os que querem uma verdadeira Educação Integral das novas gerações.