Há Conselhos Gerais Sensatos

E deveriam existir mais a agir assim, pois estão menos expostos à acção disciplinar da tutela e, pelo menos em tese, representam a comunidade escolar no seu todo.

Tomada de Posição do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas Romeu Correia

SOBRE A REALIZAÇÃO DE EXAMES NACIONAIS NO ANO LETIVO DE 2019/20 E RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS DOS 11º E 12º ANOS

Considerando que:

1. A avaliação sumativa externa dos alunos do ensino secundário foi já suspensa, ficando assegurada a classificação final das disciplinas através da classificação de frequência.

2. As escolas continuam e continuarão a desenvolver atividades de ensino não presenciais, viabilizando aprendizagens por parte dos alunos.

3. A suspensão da avaliação sumativa externa dos alunos implica que os exames do ensino secundário se constituem apenas como um instrumento de acesso ao ensino superior.

4. O recomeço das aulas presenciais previsto para 18 de Maio tem apenas como objetivo a preparação dos alunos para os referidos exames.

5. A evolução da pandemia, designada como COVID 19, é incerta.

6. É impossível prever, com segurança, o estádio de desenvolvimento da doença em Portugal a 18 de Maio, considerando ademais a incerteza sobre que consequências trará, para esse efeito, o fim do estado de emergência e a reabertura da economia.

7. As aulas presenciais poderão pôr em causa a saúde pública de toda a comunidade escolar, obrigando ao levantamento do isolamento social, expondo-a assim a riscos desnecessários e imprevisíveis. Destaca-se, para este efeito, o facto de os jovens, por serem particularmente assintomáticos, se tornarem vetores de transmissão de grande risco.

8. Qualquer plano de implementação de aulas presenciais neste contexto, e subsequente realização de exames, colidirá com um conjunto vasto de problemas, implicando um esforço organizacional, logístico e financeiro, desproporcional ao tempo e aos recursos disponíveis por parte das escolas.

9. Estas aulas e o novo calendário de exames irão inevitavelmente condicionar a preparação do próximo ano letivo, o qual deveria ser especialmente ponderado, considerando tanto as incertezas sobre o desenvolvimento da pandemia, como a necessidade de assegurar a recuperação de aprendizagens que ficaram por concluir no presente ano.

10. A mitigação de um problema efetivo — o da desigualdade de oportunidades para a realização de exames e acesso ao ensino superior, gerado pela suspensão das aulas presenciais a 16 de Março — não é alcançável com uma solução que comporta novos e mais gravosos problemas, sem que a mesma contribua, de modo substantivo, para a atenuação do problema inicial.

Considerando ainda, em função das orientações entretanto emanadas da DGEstE, que:

11. A desigualdade de oportunidades pode vir a ser potenciada:

a. Pela expectável ausência de alunos, motivada pelo risco acrescido para a saúde pública da comunidade escolar, que lhes não é imputável.
b. Pelo impacto de eventuais casos de contágio, os quais obrigarão a períodos de quarentena de um número indeterminado de alunos, obstando a que possam realizar os exames pretendidos.
c. Pelas diferentes condições de recursos, materiais e humanos, que cada escola terá ao dispor.
d. Pela diferente carga letiva atribuída a cada turma, variando a mesma em função da redução que vier a ser necessária, em cada caso, para garantir os desdobramentos.

12. Uma parte significativa das medidas propostas ou é potencialmente inexequível ou é desadequada, como sejam:

a. A salvaguarda da distância mínima de segurança (Cf. orientações da DGS), com a disposição de um aluno por secretária, o que levará à necessidade de desdobramentos superiores a dois turnos, não resolúveis com a redução da carga letiva máxima prevista.
b. O número insuficiente de docentes para colmatar os desdobramentos necessários das turmas.
c. A exiguidade temporal para o recrutamento de docentes em tempo útil e a elevada probabilidade de os procedimentos concursais ficarem desertos.
d. A compatibilização com as aulas à distância em curso nos restantes níveis de ensino.
e. A disponibilização, em permanência, de equipamentos de proteção pessoal em quantidades suficientes para garantir o cumprimento das regras de segurança, tanto pelo pessoal docente e não docente, como pelos alunos.

O Conselho Geral do Agrupamento de Escolas Romeu Correia decide:

1. Exigir ao Ministério da Educação o cancelamento dos exames do ensino secundário, no presente ano letivo.

2. Solicitar ao Ministério da Educação, em coordenação com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que equacione uma nova forma de acesso ao ensino superior válida para o corrente ano letivo e que não passe pela ponderação de qualquer tipo de exames realizados em 2020, podendo considerar-se, para o efeito, exames realizados em anos anteriores.

3. Divulgar o mais amplamente possível a resolução ora aprovada junto de escolas, organizações representativas da comunidade escolar e população em geral.

7 de maio de de 2020

O documento original: AE_Romeu Correia_Feijo_ tomada posicao do CG

stop-the-press

Dia 52 – Há Direcções Sensatas

(…)

Hoje apetece-me elogiar @s director@s e respectivas equipas que decidiram ou vão decidindo, de modo muito sensato, interpretar as indicações superiores de uma forma imaginativamente literal para conseguir que os seus alunos estejam expostos aos menores riscos que é possível e, desse modo, reduzirem o seu potencial de agentes transmissores para os seus agregados.

(…)

diario

Assoma-se-me Um Sorriso, Quiçá Mesquinho

Ao ler as críticas das organizações representativas dos professores de Educação Física às aulas de Educação Física do “EstudoEmCasa”.

(…)

Outro motivo de preocupação e de confusão, principalmente quando se percebe que as sessões pretendem representar aulas de Educação Física, é o desrespeito pela referência curricular expressa nas Aprendizagens Essenciais, utilizando nomenclatura que não consta do currículo (por exemplo, a Ginástica Artística), e/ou apresentando objetivos/conteúdos sem referência aos programas específicos (por exemplo, a velocidade de reação não integra os objetivos da matéria de Atletismo) ou utilizando terminologia em desconformidade com os documentos curriculares de referência da disciplina (por exemplo, o “rolamento dorsal com saída de frente”).

Estes aspetos, que podem parecer irrelevantes, num quadro de urgência e de esforço realizado, pervertem as boas intenções da instituição que dirige, provocando reações negativas dos professores de Educação Física e transmitindo uma imagem distorcida do que é a Educação Física no sistema educativo português e do papel que assume na formação e na saúde dos nossos jovens.

Face ao exposto, cremos ser importante proceder a um conjunto de alterações no #EstudoEmCasa, no que diz respeito à Educação Física, de modo a garantir a necessária correção e coerência científica e pedagógica que um projeto desta natureza exige, mobilizando a comunidade para uma compreensão adequada dos objetivos da disciplina e aproveitando esta oportunidade para a uma pedagogia social, tão necessária.

Agora imaginem que eu fazia uma crítica deste tipo a certas coisas que (ou)vi em outras áreas mais do meu domínio e nem é se o Rui Tavares apareceu ou deixou de aparecer, mas sim se aquilo é mesmo uma aula ou uma sucessão de apresentações de que, com a honrosa excepção dos colegas de HGP, quase ninguém identifica a origem quando não são originais.

Tomara que fizessem algo parecido sobre algumas práticas em regime presencial e perceber-se-iam algumas das minhas reservas, mais do que fundadas, em outros momentos,

Mas como é malta amiga do SE Costa, ninguém diz que as críticas são “mesquinhas”.

ginastica

E Agora As Indicações Da DGS Para O Retorno Das Aulas Presenciais

Gosto sempre quando um documento traz mais de uma página de suporte bibliográfico, mesmo se a assinatura digital não me aquieta O que, na dúvida e nos casos em que as recomendações divergem em parte das recomendações anteriores da DGEstE, pode servir para desempatar. Recomendo a leitura relativa à organização das salas de aula (na maior parte dos casos dá-me 12 alunos por sala). E gostaria de saber se vai ser mesmo respeitada, em conjunto com as indicações sobre os percursos no interior da escola. Mesmo se, repito, a miudagem não esteja em grupo de risco, mas sim no de potenciais transmissores assintomático.

Fica aqui o documento: Orientacao-n-0242020-de-08052020.

alerta

Já Sei Que Seria “Inevitável”

A semana terminou com três dias em subida íngreme dos casos confirmados, sem que tivesse havido acréscimo do número de testes. A média de 3 a 5 de Maio andaria abaixo do 200 casos novos, enquanto de 6 a 8 passámos para mais de 500. O gráfico que se segue é do Expresso.

8Mai20

Como o desconfinamento só começou oficialmente a 4 de Maio, estes resultados só podem indicar o que era observável na semana anterior. Perante uma retórica toda virada para a “retoma”, deixou de se ouvir a parte da “prudência”. No fim de semana já tive gente a atirar com as compras na fila do supermercado para cima das minhas, mesmo em hora de escassa afluência, ajuntamentos de passeantes, ciclistas em défice de exposição da lycra e máscaras deixadas pelo chão à saída dos estabelecimentos que obrigavam ao seu uso.

Podemos ter até uma maioria de pessoas a cumprir e uma minoria de fanáticos da sanitarização, mas temos de igual modo um lote muito apreciável de imbecis, pois não há outro termo mais caridoso para @s designar. Quem antes deitava as raspadinhas para o chão ou deixava os dejectos do canídeo a céu aberto, agora descarta-se das máscaras na via pública, parece que acreditando que basta usá-la dentro das lojas para estar a salvo. Mais divertido (e já fiz parecido, mas num caso limite porque me diziam que não me estavam a ouvir bem) é ver as pessoas de máscara quando se deslocam e a tirá-la para falarem, porque se sabe de ciência cientificamente aprovada que falando as gotículas saem pelo rabo directamente para o ralo da sarjeta.

O Centeno diz que a economia quebra 6,5% ao mês? Os velhotes com mais de 80 anos (quase 75& dos casos fatais) não interessam muito? É esta uma “oportunidade” para rever o funcionamento de imensos lares de idosos que funcionam de modo vergonhoso? A retoma não pode esperar? “Reabrimos e depois logo se vê”?

Espero que esta não seja uma tendência para continuar e que se encontre um novo planalto a breve prazo. Porque então a 4 de Maio pode mesmo ter começado um “estado de calamidade”.

Adenda das 12.50: hoje, os números melhoraram.

A Ler

Mesmo se tenho uma ou outra discordância pontual.

Que Educação para a Era Pós-Covid-19?

(…)

Em resumo, são estes os desafios que se colocam à educação em Portugal a partir do próximo mês de setembro:

  1. Reforçar radicalmente a autonomia nas escolas. 

  2. Assegurar que cada escola ou agrupamento constitui uma infraestrutura tecnológica sustentável e um padrão de práticas que a prolongue de forma permanente para o espaço online.

  3. Desenvolver de forma gradual a competência dos professores para a educação online.

  4. Iniciar um percurso gradual de apropriação cultural do telemóvel para a prática pedagógica.

  5. Manter um serviço público, pedagógico, televisivo de alta qualidade para as populações que pretendam aprender mas não têm alternativas. Assegurar, desde já, através desse serviço, um programa de alfabetização e de literacia digital.

Finger