A maioria pode continuar a cumprir as regras básicas de bom senso e uma minoria até estar ainda no regime antigo, em que qualquer proximidade num raio de 50 metros leva a olhares desconfiados e tons claros de desconforto e mesmo zanga. Mas basta uma minoria significativa ter assumido que tudo já passou para que muita coisa se estrague. Havia vírus, agora já não há. Foi uma espécie de milagre com pós instantâneos de perlimpipim imunitário. Até eu que não me destaco pela enorme preocupação pessoal com todos os protocolos anti-contágio vou ficando abismado por estes dias com a rapidez da “retoma social”, sejam as horas em debandada para a praia (as imagens televisivas da Comporta são um hino às brincadeiras dos pobrezinhos), seja a reconquista das esplanadas, seja a despreocupação com que magotes de gente passaram a concentrar-se com o sorriso de quem venceu a terceira guerra mundial só com um tubo de cola e uma caixa de fósforos.
Quanto regressar o futebol, vai ser a rentrée da temporada do arroto e perdigoto no café da esquina, para mais com jogos todos os dias ou quase.
O engraçado que em relação à retoma laboral ouvem-se muitos receios quanto à segurança, vejam lá aquilo na sonae e tal. Nestas alturas sinto quase um joãomiguel, mas sem a fixação nas escolas.