Resumo Da Audição Na Comissão De Educação, Ciência E Mais Coisas

Como sou um tipo pontual, entrei na sessão um pouco antes da hora marcada, o que permitiu que ainda assistisse a algum fogo de artifício entre os peticionários anteriores e o deputado Silva, Porfírio de sua graça, com trocas de acusações de falta de inteligência e mentiras, coisa que não me espantou, nem sei porquê. Percebo o incómodo do jovem e bem educado deputado Tiago Estevão Martins, mas a culpa daquelas coisas não é só de quem vai ao Parlamento e perde um bocado as estribeiras (basta ver como o seu colega de grupo parlamentar ignorou sistematicamente os avisos de tempo esgotado, como se aquilo fosse tudo dele) e o facto de se ser “eleito” merece respeito, mas também traz obrigações e deveres para quem os elege.

Mas passemos adiante.

As colegas Catarina Leal e Maria Sanches Ribeiro estiveram muito bem, claras e objectivas na sua apresentação inicial, sem retóricas políticas ou diversões, respeitando o tempo destinado e dando um exemplo de civismo e cidadania activa. Eu e o João Paulo Maia assistimos por Skype, sem dar um pio.

Seguiram-se três intervenções dos três únicos grupos parlamentares que se deram ao trabalho de esperar pela última petição do dia, qual delas a mais fraquinha.

A do PS, a cargo da deputada Maria da Graça Reis (o epistemólogo da traulitada já tinha saído)  parecia a leitura do último guião enviado aos militantes sobre a realização de exames, contendo duas imprecisões grosseiras (ou seja, a traço grosso) ou, no mínimo, duas contradições evidentes. A primeira delas foi dizer que tinham sido suspensas as provas sem influência na progressão dos alunos, o que é de um desconhecimento atroz sobre as provas finais do 9º ano por parte de quem tem no currículo se afirma docente “docente”. A outra foi dar a entender que não se mudam as regras a meio do percurso dos alunos, o que contrariou exactamente o que tinha sido dito antes pelo mesmo PS na audição relativa à questão da não admissão de exames para melhoria de nota, quando afirmou que tinha sido necessário mudar as regras, atendendo à alteração das circunstâncias.

Pelo PSD, a também professora Cláudia André fez uma intervenção que me pareceu um sim, não e talvez tudo ao mesmo tempo, o que não destoa as posições do seu partido em matéria de Educação. Tem uma posição, até ter dúvidas e passar a outra ou vice-versa. Pelo Bloco, o jovem Luís Monteiro percebe-se que anda a fazer o tirocínio e que está lá para ocupar o lugar e pouco mais. Boa vontade, mas apenas isso.

A deputada Ana Mesquita do PCP saiu para ir a outra Comissão, certamente com tema mais interessante e do CDS, PAN ou PEV nem rasto.

E estas observações não procuram desrespeitar seja quem for, mas eu já não tenho idade para aturar fretes, amadorismos ou malta que vai picar o ponto e põe-se a andar. E os “eleitos” recebem o seu estatuto de membros de um órgão de soberania, como se ensina em HGP no 6º ano, por delegação dos eleitores. E esta coisa de aceitarem que existam petições, mas depois tratarem-nas (como é bem conhecido) como se fossem formalidade a ultrapassar no menor espaço de tempo e incómodo possível, fica mal. Mas é o que se arranja.

A audição terminou com uma intervenção das colegas peticionárias, que demonstraram com mais detalhes como poderia ter-se evitado a situação actual (alunos em quarentena que não farão exames na 1ª fase, alunos a fazer em salas e uns em espaços inadequados, grande desconhecimento de informações relevantes sobre as provas até há poucos dias) e como o que está em causa é a defesa do interesse de todos os alunos, confluindo nisso quem é, em geral, contra e a favor da realização de exames.

Manga

Mas Que Raio!

Mas o burocrata tem mais catarro que o Parlamento?

Caros(as) Diretores(as)/Presidentes de CAP,

Considerando a necessidade de esclarecer algumas dúvidas, entretanto surgidas, relacionadas com o processo de reutilização dos manuais escolares sou a informar que até final do orçamento suplementar se mantêm as orientações já emanadas sobre a reutilização dos mesmos, em conformidade com o Despacho respetivo.

Com os melhores cumprimentos,

Francisco Neves

Delegado Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo

pieinthe face

Os Marretas Ao Menos Tinham Graça

Claro que o problema teria de residir nos professores envelhecidos, atendendo a alguns dos participantes, jovens como alfaces ao amanhecer ou especialistas instantâneos em assentamento de sentenças e outras coisas “não lucrativas” (atchimmmm!).

Os professores não estão preparados para ensinar à distância

(…)

O debate, organizado pelo Expresso em parceria com a DECO Proteste, reuniu um conjunto de especialistas no sector da educação, e contou ainda com a presença de Alexandre Homem Cristo, co-fundador e presidente da QIPP, organização sem fins lucrativos que atua na área da educação, Nuno Almeida, IM B2B manager da Samsung Ibéria, Rita Coelho do Vale, professora de marketing na Católica Lisbon, e Teresa Calçada, comissária do PNL 2027 (Plano Nacional de Leitura).

pieintheface

(já sei que é “demagógico” apontar o facto destas luminárias nunca se terem visto, durante uma semana que fosse, à frente de uma meia dúzia de turmas do ensino básico público nos últimos 30 anos, à distância ou pertinho…)

Pelo Educare

Educar para a adversidade

“Brucie dreams life’s a highway
Too many roads bypass my way
Or they never begin
Innocence comin’ to grief
At the hands of life’s stinkin’ car thief
That’s my concept of sin”
(Prefab Sprout, Cars and Girls, 1988)

(…)

Há um enfoque sistemático em educar de forma “positiva”, assumindo que a “felicidade” e o “sucesso” estão garantidos se fizermos tudo aquilo que nos dizem ser o certo. Mas a vida não é assim e o facto de se descurar a prevenção do que pode correr mal deixa muitos indivíduos vulneráveis, com níveis elevados de frustração, cada vez mais jovens. Porque não foram preparados para que as coisas corram mesmo mal. A uma escala que vai para além da “negativa” ou do ocasional “chumbo”. Há problemas muito mais graves do que esses.

Educar para a adversidade pode parecer um lema pouco apelativo.

Mas é indispensável que entendamos a sua extrema necessidade.

pg contradit