Boa Noite (E Cuidado com Os Ataques E Bloqueios No Portal)
A sucessão de disparates no ME começa a ultrapassar o vagamente razoável e está a par, se não suplanta, as trapalhadas dos tempos do Santana e da “tia” que era da família daquele senhor padre muito conhecido na altura.. Não é apenas o que isto desorienta as escolas e as famílias dos alunos, mas o que significa como sinal de um permanente amadorismo. Apesar de já ter tido tempo para fazer dois ciclos de estudos bolonheses na 5 de Outubro, o ministro Tiago continua aquela lástima que se viu na entrevista ao Expresso. Percebeu-se (e não foi apenas agora) que a carreira política está acima de qualquer coerência ou seriedade. O secretário Costa prefere os momentos e tempos de “sedução” a docentes “páusicos” de qualquer género, que gostam de conversa doce que faça sonhar com o fim dos anos 70 ou algo parecido e detesta ter de meter as mãos em tretas destas.
Nem vale a pena perder tempo com aquela de as turmas não irem ser divididas porque, afinal, os alunos cabem todos nas salas e o “distanciamento social” como prevenção é uma espécie de mito urbano moderno para o cientista Rodrigues.
Os manuais eram para devolver, apesar de se quererem recuperar aprendizagens no próximo ano; no Parlamento é votada a não devolução e o ME manda devolver na mesma até que alguém lhe deve ter explicado a estrutura dos poderes nos regimes liberais, porque no 6º ano ele estava distraído, porque História era uma chatice, e lá se disse que era mesmo para não devolver, embora grande número, na dúvida, tivesse devolvido.
Agora são as matrículas. Qualquer director de turma sabe que foi instigado com intensidade para convencer os encarregados de educação a usar o Portal das Matrículas; houve mesmo escolas que nem consideraram a possibilidade de matrículas presenciais. Deram-se datas, mas percebeu-se rapidamente que a última semana de Junho foi o melhor período para o usar, mesmo antes de se saberem os resultados das avaliações. Em pouco tempo, com a palavra passada, o portal começou a não aguentar os acessos simultâneos que eram previsíveis. E os directores de turma começaram a recomendar que se fizesse tudo pela madrugada, como antigamente com os primeiros irs por via electrónica. Quando tudo aconselharia que, em tempos como estes, as matrículas para quem permanecesse no mesmo agrupamento fossem automáticas. Mas não. Agora fala-se em “ataque informático” para justificar uma medida que deveria ter sido tomada há duas semanas. Não sei se existiu e até espero que não, pois os meus dados estão lá. Mas se houve mesmo, que segurança sentirão os pais dos alunos dos anos iniciais de ciclo ao irem lá colocar as suas informações?
Só que não temos oposição, por razões há muito sabidas. O Bloco anda a ver se apanha as últimas migalhas, enquanto encena umas questiúnculas e uns arrufos. O PCP anda a ver se ainda tem migalhas e não sabe bem o que fazer, não percebendo que já ninguém fica convencido com o perigo do papão da “Direita” chegar ao poder. Porque a “Direita” não existe. O PSD não tem uma mão cheia de gente que apareça e fale com credibilidade sobre seja o que for e o seu líder fica muito feliz só porque tem tempo de antena para dizer umas coisas. Se até o histórico militante laranjinha número 3 é o candidato preferido do actual PM, percebe-se que Rio está lá, porque é preciso estar lá alguém que nem perceba que só está lá para a cadeira não ficar vazia. Quanto ao CDS, apesar da boa iniciativa relativa aos manuais, é uma caricatura em miniatura dos seus piores tempos. Os outros? Os “novos”? A sério? Alguém leva mesmo a sério o Ventura (alguém que o convide para vice do Benfica e ele chega-se logo), a Joacine ou as zumbas do PAN?
O governo governa como bem quer e entende, podendo falhar tudo e mais alguma coisa, porque “o Marcelo” quer ser plebiscitado e bater o recorde de percentagem na eleição para um segundo mandato e não há qualquer tipo de “contrapeso” com verdadeira capacidade de intervenção. A maioria da comunicação social está estrangulada pelo medo de falir e aceita quase tudo, assinando de cruz. O poder judicial funciona até esta ou aquela instância, mas depois esbarra quase sempre numa parede imensa de cumplicidades.
Nem nos tempos mais ferozes do “engenheiro” se viu tamanha anomia e incapacidade de acção da oposição.
A democracia não é isto, mesmo se há cortesãos que batem palmas e se congratulam por esta forma “nova” de união nacional.
A preocupação maior é se os cámones vêm para o allgarve ou não. Tudo isto é triste, tudo isto é um mau fado.
Então o Portal não era a coisa mais ágil desde o filho do Pernalonga com o Bip-Bip?
Por forma a tornar mais ágil o processo de matrículas, informo V. Exa. que as renovações de matrícula (EPE, 2.º, 3.º, 4.º, 6.º, 8.º, 9.º, 11.º, 12.º) passam, a partir do dia de hoje, a processar-se de forma automática, nos mesmos termos em que acontecia no ano letivo transato, com exceção de transferências de estabelecimento.
Neste contexto, importa acautelar os seguintes aspetos:
- As escolas deverão assegurar-se que os Encarregados de Educação são informados pelo meio mais célere de que as renovações de matrícula passam, a partir do dia de hoje, a processar-se de forma automática, nos mesmos termos em que acontecia no ano letivo transato (esta informação será também disponibilizada através do Portal das Matrículas);
- Para os alunos cujos Encarregados de Educação tenham já procedido a submissão de renovação no Portal das Matrículas, não são necessárias mais diligências, uma vez que os AE/ENA já dispõem de toda a informação e o processo está completo;
- As escolas devem, nos termos do ponto 1 e no contexto da informação prestada aos Encarregados de Educação, definir forma e prazos para, oportunamente:
– recolher consentimento relativo à proteção de dados pessoais;
– apurar as opções relativas a AEC (1.º ciclo) e EMR, bem como às disciplinas anuais de opção de 12.º ano;
– identificar as necessidades de transporte escolar;
– recolher declaração da Segurança Social para efeitos de identificação da situação de beneficiário de ASE.
- Dado o atual contexto de pandemia, todos estes procedimentos devem ser realizados, preferencialmente, através de meios digitais, evitando-se, por esta via, a necessidade de deslocação à escola por parte dos Encarregados de Educação;
- Todos os anos de início de ciclo, bem como as transferências, têm obrigatoriamente de continuar a tramitar no Portal das Matrículas.
Com os melhores cumprimentos,
João Miguel dos Santos Gonçalves
Diretor-Geral dos Estabelecimentos Escolares
É o que o ME diz e estava a passar em rodapé na SICN e também vai chegando aos jornais online. Não faço ideia se é verdade ou não, mas é indesmentível que o Portal não estava concebido para os acessos que teve (e eram previsíveis, com tantos apelos a que tudo fosse feito por esse meio), sendo problemático todo o cruzamento de dados que implicou as matrículas, assim como toda a informação que ficou disponível. O mesmo já se passava com as plataformas mais usadas pelas escolas para gestão do seu quotidiano, de horários a refeições, de sumários e faltas à avaliação. É apenas usar uma ferramenta para testar a cibersegurança e ficar aterrado.
De acordo com o que passava na SICN, existiram “ataques” (plural) de “extrema complexidade”.
Pelo que, a partir de agora, já só exigem matrícula para as transferências e inícios de ciclo. Mesmo isso, quando se passa no mesmo agrupamento, não se compreende. Mas quem tem as cabecinhas pensadoras e o poder de mando são el@s.
Que isto tudo é deprimente, para quem andou dias e dias, como professor e encarregado de educação, a ter de encaminhar os encarregados de educação para o Portal ou a ter de usá-lo, é evidente. Parece um país de brincadeira, gerido pelos mais espertalhões das associações de estudantes jotistas de certas faculdades.
Só por curiosidade, dia 22 de junho, em mail com outros assuntos, prevendo que isto ia dar confusão e nem sequer era necessário, inquiria alguém da seguinte forma:
Mas, já agora… porque razão não se completam as coisas em Setembro, em vez de estarmos a matar a cabeça agora?A menos que peçam transferência, ficam automaticamente matriculados, certo?
Confesso que não me sinto muito feliz por, há mais de duas semanas achar que temos uma tendência imensa para complicar o que deveria ser simples, usando as novas tecnologias da pior forma possível.
Já agora, o E360 também parece que anda meio kaput.
A União Europeia prevê uma crise na economia portuguesa com valores a rondar os 10%, enquanto antes se falava em menos de 7%. Principal causa? A queda do turismo. E voltamos ao velho problema nacional de pequenos surtos de aparente prosperidade com causas exógenas. Um modelo de “desenvolvimento” que depende fortemente dos humores de fenómenos sazonais ou de procura externa é sempre algo frágil. A aposta no mercado externo funciona quando se tem uma boa base no consumo interno. Já lia isso nos idos dos anos 80, quando os livrinhos (aqueles dois volumes, um amarelo e o outro verde de formato pequeno do Indústria e Império, publicados pela Presença) do Eric Hobsbawm explicavam isso mesmo sobre o arranque industrial. Pode parecer ultrapassado, mas não. Apenas mudou as roupagens. E os “impérios”. E os economistas de algibeira, mesmo se agora cacarejam muito bem em inglês.
Tenho muito pouca esperança que qualquer processo contra o “novo zeinal” ou o “velho” mexia chegue onde quer que seja em ermos de “finalmentes”. Está mais do que garantido qualquer coisa, ao longo do processo, permitirá que não se prove o que parece evidente, mas nunca é. Mas, pelo menos, serão oito meses em que terá de ser outro a mexer os cordelinhos, a decidir se paga as mesmas publicidades e apoia os mesmos eventos.