Dia: 6 de Outubro, 2020
Ainda A Falta De Professores (E De Vergonha De Muita Gente)
Acho alguma “graça” a certos alarmes mediáticos. Em especial em órgãos de comunicação que, em casos notórios, deram abrigo privilegiado ao discurso anti-profe. Que eram muitos. Que ganhavam muito. Que tinham muitas regalias.
Não percebo, então, porque agora se alarmam com a falta de gente para profissão tão bem paga e com tantas regalias e uma progressão automática infinita. Será que há por aí quem agora lamente ter a descendência pelos corredores e pátios, horas a fio, sem nada que fazer? Ao menos, estão na escola, certo?
Percebo ainda menos que se alarmem ao tomarem conhecimento de gotas no mar que por aí anda de alunos sem aulas. Quando leio ou ouço falar em “milhares” gostaria que fossem mais precisos na quantificação porque, só à vista desarmada, isso consigo eu ver e bastam-me os agrupamentos, escolas e/ou concelhos do pessoal cá de casa. Turmas desde o 2º ciclo, mas em especial no 3º e também no Secundário, em que pura e simplesmente não há candidatos para vagas que quando chegam a contratação de escola já só conseguem arranjar quem foi ao acaso e nem sabe bem ao que anda. Há grupos disciplinares em que, com a aproximação dos atestados invernais, não se achará viv’alma que aceite um horário, com deslocações de centenas de quilómetros em troca de 800 euros e 250 a 300 para alojamento. Aliás, há já grupos assim como é o caso de Português, Inglês, Francês ou Geografia do 3º ciclo, porque – então não se fartaram de o dizer? – a malta das Letras não serve para nada e os cursos deveriam ser extintos. Fora muita outra coisa que muita gente fez como boa, mas foi apenas pura e simples estupidez ao nível dos recursos humanos.
Por isso, agradecia que governantes que activamente inspiraram, legislaram ou aplicaram medidas que objectivamente envelheceram a classe docente, guardassem recato e não aparecessem com palpites ou ainda me salta a tampa a sério. E com isto incluo todos os que nas últimas duas décadas se especializaram em colher os louros quando os resultados melhoram, mas metem o rabo entre as pernas quanto a assumirem as suas responsabilidades na degradação da condição docente.
E não há verniz de formações dadas pela quadrilha do costume, sobre os temas do costume, que resolva mais do que abrilhantar o currículo de umas tias shôtôras de dedo repenicado na chávena do chá ou aquela secção das redes sociais em que cada foto tem provoca mais danos à camada de ozono do que todas as vaquinhas dos Açores. Mesmo que digam que os platinados são naturais e as lacas são biológicas. Em resumo, o clube de fãs do secretário, que também inclui uns gajos com saudades de andar em calçanitos e soquete branco a vender calendários.

A Geração Pós-Presencial
Turma de 5º ano. Pergunta… “Como fazes para ter amigos, a que meios recorres?”. A resposta quase unânime (o “quase” resulta apenas de quem não respondeu) é a do recurso às redes sociais para encontrar “amizades”. Ninguém se lembrou de qualquer estratégia/atividade “presencial”, Sinal dos tempos? Sim e algo preocupante porque baseada apenas no telemóvel. Perante um computador tradicional, desktop, parte nem consegue perceber onde se liga e porque existe um botão para o ecrã e outro para a “caixa”. E o mouse começa a ser um acessório estranho e “clicar” algo que não surge como natural se não for com o dedo no ícone.
Há por aqui algo além de uma simples imersão digital.

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