
(confesso… cheguei a votar MPT enquanto ele lá esteve)
(confesso… cheguei a votar MPT enquanto ele lá esteve)
“É difícil verificar-se hoje a quem pertenceu a iniciativa daquela construção, realmente notável. As relações e monografias coevas falam vagamente de um construtor nacional, Pais, como sendo o primeiro que forneceu um plano exequível para a famosa ponte. Parece no entanto averiguado que os portugueses não acreditaram jamais que santos de casa fizessem milagres, e que aceitaram o primeiro ou segundo plano que apareceu firmado por um ou mais nomes estrangeiros.
Timbravam de patriotas os portugueses, mas tinham uma adoração fetichista por tudo que lhes viesse de fora, desde os toireiros e cantores de opereta até aos trajes de gala e aos planos de construções nacionais. Nacionais, digo eu, por se realizarem dentro da nação; mas foram de ordinário estrangeiros os construtores das obras, de que mais se envaidecia o país.
A velha e grande ponte fizeram-na pois estrangeiros, que por muitos anos lhe auferiram os melhores lucros.
Não devo porém ocultar-te que os governos nem sempre negaram o seu apoio aos grandes melhoramentos materiais.
Mas tal apoio não era, nem podia ser vulgar, porque exigia rara coragem e disposição para o sacrifício e para os golpes da calúnia. Ministro que aparecesse, com ânimo para grandes empreendimentos; que tivesse a coragem de cortar fundo nos abusos que o rodeavam; que zelasse a sério os rendimentos do Estado, fiscalizando as receitas, embaraçando as falsificações industriais, e despertando os devedores remissos, acendia desde logo a eloquência do rancor, e açulava as matilhas, que constituíam a guarda de honra dos corrilhos de seita.
Como natural consequência destes processos, para que um ministro passasse por exemplar, fashionable, aplaudido de gregos e troianos, devia ter uns laivos de filosofia budista, e não incomodar a consciência nem a legislação sobre as necessidades do Estado e o dever dos estadistas. E assim, os ministros mais prudentes eram os que nada faziam, arriscando-se apenas a fazer tolice, quando um director de semana, uma favorita, ou um contínuo, lhes aproveitavam a habitual sonolência, para lhes introduzirem arteiramente na pasta uma ilegalidade, ou uma espoliação, sob-color de decreto.”
A síntese sobre Portugal baseia-se em dados anteriores à pandemia, colhidos nas bases de dados do PISA e do TALIS. Para começar, destacaria os dois primeiros quadros que revelam alguns dados interessantes.
No primeiro, pode perceber-se que os professores portugueses até estão bem acima da média quanto ao apoio ao uso de meios digitais por parte dos alunos e da percepção de os poderem ajudar, mas sem que isso tenha feito parte da sua formação inicial. Ou seja, foram competências que os professores desenvolveram na sua formação pessoal e profissional posterior.
No segundo, temos a admissão pelos directores de que os meios (equipamentos, banda larga, plataformas específicas) das escolas são insuficientes para desenvolver um ensino de qualidade com meios digitais, entre outras evidências.
Mas foi assim que se fez o falso “milagre”. E é assim que ainda se continua. Independentemente da segunda vaga que nem o ministro cientista ou o seu secretário (e respectiva corte), sempre tão previdentes e com uma visão tão prospetiva) parecem ter previsto.
Um das vítimas maiores da pandemia corre o risco de ser a informação de qualidade e rigor, já de si escassa, quando fica dependente de subsídios destes (públicos) ou aqueles (privados). Claro que pode ser tudo um acaso, mas o actual PM multiplicou-se nas últimas semanas em entrevistas a jornais e televisões, sempre em contextos controlados e com as perguntas tidas por adequadas e raramente inesperadas ou com follow up de respostas ao lado, exigindo esclarecimentos. Por exemplo, na mais do que amena cavaqueira de compinchas tida há uns dias com o “entrevistador” MST na TVI, António Costa foi muito detalhado a explicar como o Estado pode aceder aos rendimentos de toda a gente, lucros, etc, etc. Se fosse outro alguém a dizer parecido sobre limites de peças de caça, lucros de empresas promotoras de touradas ou de importação de charutos, aposto que o “entrevistador” esmifraria quem de forma tão “cândida” expôs a que ponto a máquina político-fiscal vai no controlo dos cidadãos. E a verdade é que mais ninguém pegou sequer no assunto. Que é grave na forma como foi apresentado. Porque se é possível à máquina fiscal detalhar a facturação de bicas e pastéis de bacalhau no boteco da esquina, porque deixa escapar coisas bem maiores? E tanta outra coisa que aquelas afirmações poderiam suscitar e nem sequer parecem ter ocorrido a estoutro “animal feroz” que é de amoques e de amigâncias, mas que como “entrevistador” se resume ao tipo que faz as perguntas acordadas de antemão com a mão que dá o milhão.