O Melhor E O Pior

Nos últimos meses assistiu-se ao melhor do que a Humanidade pode fazer com os múltiplos esforços para conseguir uma vacina para a covid-19. Conheço as reservas mais cínicas (não estou a procurar ser pejorativo, apenas objectivo) acerca disso, já lá irei, mas há que admitir que o que tem sido conseguido em tempo recorde é notável. Já toda a propaganda colocada em torno do nível de eficácia de cada vacina que se diz estar em fase terminal de testes, assim como o timing de certas comunicações públicas revela um pouco do pior que o aproveitamento comercial da coisa pode ter e aqui estou com os cínicos. A vacina A tem 90% de eficácia, mas a B tem 92% e agora a C tem 94.5%? Com jeitinho, daqui a um par de semana e mais 3 ou 4 anúncios temos uma vacina que previne o vírus a 103,4%, só de estarmos perto dela.

Phosga-se – Série “Não Há (Quase) Palavras”

Tenho observado publicações cada vez mais do domínio da pura paranóia destes grupos “pela verdade”. Tenho evitado a divulgação, pelo efeito amplificador, mas a bem da “verdade” é preciso que se tome consciência deste pessoal que se distingue, em algumas situações quotidianas, pelo ar de alucinada agressividade. A filiação ideológica é mais do que evidente naquela corrente que nos E.U.A. é alimentada pelo Alex Jones do Infowars e cinicamente alimentada no plano internacional por figuras como o Steve Bannon. Por cá, enfim, é uma coligação muito beta de gente que parece bastante desocupada a vários níveis e que gosta de exibir um tom intimidatório e umas pseudo-pulsões para o martírio cívico (do género “que me levem pres@”, mas depois nem arriscam um tusto em conformidade).

Estranhamente, tirando uma peça da TVI, a comunicação social tem deixado estes grupos no limbo, como se não existissem. O problema é se passarem mesmo a algo mais do que diatribes descabeladas nas redes sociais.