… no curto prazo, estamos um bocado lixados com F, por causa do R.
Este facto resulta de não se terem tomado medidas em devido tempo para evitar a escalada de casos, visto que os efeitos de tais medidas na redução do R só se fazem sentir entre um mês e mês e meio depois de implementadas.
Na prática, andamos atrás dos acontecimentos e, se tudo continuar assim, corremos o risco de estacionar num plano mesmo alto. Tudo porque só se colocaram trancas na porta, depois do furto estar em curso. A estratégia das “cigarras” falhou por completo,
Pelo que me parece justo concluir que o “sucesso” do combate à primeira vaga pandémica resultou de se terem tomado medidas claras e “duras” com rapidez, enquanto que em relação à segunda se andou a ver no que isto dava e a tentar apagar fogos com colheres de chá e outra fofuras, por causa do “cansaço”. E isto é mais grave porque se deu a entender que, se tinha aguentado o primeiro choque, o SNS estaria em condições de aguentar o segundo. Agora já se percebeu até que ponto a abordagem português suave de Costa e Marcelo se baseou em pensamento mágico. E nem vale a pena no completo desleixo que foi a forma como se tratou a questão dos lares de idosos em todo o Verão.
(parece que acreditaram que teriam mesmo uma vacina antes do pior… ou ali logo pelo Natal, ou ainda antes como o trump…)
O que para mim foi desde cedo uma estratégia errada, muito sensível a retóricas economicistas que me fazem pensar que as teses marxistas da Economia como a infraestrutura de que tudo depende (incluindo a vida?) estão de belíssima saúde entre o nosso mainstream político-mediático e mesmo entre alguns teóricos da conspiração covídica, está a ter consequências que podem vir a ser dramáticas.
Pelo que… agora limitamo-nos a andar a alinhar números, desenhar curvas e ainda com oscilações quanto às medidas restritivas a tomar, impondo algumas que são puramente impossíveis de cumprir de forma coerente. Como podemos limitar verdadeiramente as deslocações entre concelhos de risco se continuamos a obrigar dezenas de milhar de pessoas (nem vale a pena nomear as profissões) a deslocar-se diariamente de uns para outros? E até que ponto é honesto afirmar que não há uma relação “directa” entre reinício das aulas e aumento de contágios, mesmo quando se diz que se afala apenas no Superior, quando os maiores estudos disponíveis afirmam exactamente o contrário, mesmo que a relação seja “indirecta”?
Quer isto dizer que defendo um confinamento draconiano, em que ninguém pode meter o nariz fora de casa? Quero o fim da economia e do mundo como o conhecemos, cheio de turismo, comércio e liberdades mil? Não propriamente, pois sou tão consumista como qualquer outro tipo vulnerável às tentações do capitalismo. E por isso mesmo é que gostava de estar vivo mais uns tempos. E desejo o mesmo para a maior parte das pessoas, mesmo que alguns considerem que esta é uma oportunidade para acabar com boa parte da “peste grisalha” que acham composta de gente já doente, socialmente pouco útil e economicamente excedentária. Dispensável. Que custa muito dinheiro tratar para acabarem por morrer na mesma.
(ainda vou ler algumas luminárias a afirmar que sairá muito caro vacinar os mais velhos…)
Pessoalmente, acho que muita conversa que por aí anda acerca de tudo isto poderá ser qualificada como “abjecção”, para citar um nosso conhecido e destacado articulista, emérito discursador no 10 de Junho e hábil angariador de babysitter sempre que fica com nervoso com a petizada em casa.
é que na 1ª vaga o governo ‘contava com o ovo no cu da galinha’, isto é, com o beneplácito financeiro da UE que não iria recusar ‘abrir os cordões à bolsa’ numa situação natural e que não resultou de má gestão ou viver acima das possibilidades. Depois daquele fim-de-semana do conselho europeu em que o governo trouxe uma fisga mascarada de bazuca, a atitude mudou porque o dinheirinho já não existe para cobrir as despesas de um confinamento a sério. E por isso adota-se a politica de ‘uma no cravo, outra na ferradura’, para não aumentar o custo económico. A derrocada virá em 2021 quando as moratórias acabarem e o governo não injetar o dinheirinho para pagar isso tudo.
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