Não é de agora que tenho reservas em relação ao que por cá se tornou a prática das Black Fridays, uma espécie de saldos de monos mal disfarçados. Apresento alguns pontos em defesa da minha causa para que terminem ou então passem a outra designação.
- Antes de mais, parece-me de elementar evidência, que a expressão é nos tempos que temos, abusiva e claramente racista ao associar o termo “black” a algo que se vende a metade ou menos do preço. Nem sei como a deputada Joacine ainda não se alevantou em fúria contra isto e não acorreu a colar cartazes nas portas dos espaços comerciais que praticam este tipo de iniciativa neo-colonialista.
- Em seguida, tomara eu que, a ser Black Friday, o fosse mesmo, porque lá por fora os descontos andam pelos 90% e não são apenas sobre o que já não se vende ou tem fractura exposta (na comiXology, por exemplo, as reduções andam nos 90% em toda a variedade de produtos digitais, na Verso são todos os livros em promoção, o chato é que já exigem autenticação suplementar nos pagamentos por cartão de crédito). Por cá os descontos são ATÉ uma dada percentagem que, quando é 50% se aplica ao que já quase todos esquecemos, já vendeu o que tinha a vender ou não vendeu porque não valia a pena. Ou então é 50% na segunda unidade. Ou é de 20% como em qualquer saldos fraquinhos.
- Por fim, era bom que a “sexta-feira” se limitasse a sê-lo ou, para facilitar, que se estendesse pelo fim de semana contíguo, e não por todas as sextas até ao Natal ou a meses inteiros. Porque já estou farto de berros nos anúncios da rádio/tv, de me aparecerem publicidades ao navegar na net como se fossem artigos de interesse informativo mesmo com o adblocker ligado e de que o anúncio seja, como acima descrito, profundamente enganador e uma traição ao espírito original.
Muit’agradecido e muita saudinha é o que eu desejo.