Parecia quase inquestionável até há um ano. Não perdeu validade (os excessos nocivos da “positividade” não desapareceram), mas o carácter algo absoluto atribuído ao fim da época viral.
Cada época tem as suas doenças paradigmáticas. Podemos, assim, dizer que existe uma época bacteriana que só durou, porém, quando muito, até à descoberta dos antibióticos. Apesar do medo descomunal de uma pandemia gripal, não vivemos presentemente na época viral. Graças ao desenvolvimento da técnica imunológica, já a conseguimos ultrapassar. De um ponto de vista patológico, não é o princípio bacteriano nem o viral que caracterizam a entrada no século xxi, mas, sim, o princípio neuronal.
Byung-Chul Han, A Sociedade do Cansaço, p. 9.