Há projectos de “investigação” que são todo um programa ideológico à espera da evidente confirmação das suas teses de partida. Que, mesmo quando dizem que não resposta certas ou erradas, trazem questões onde está mais do implícito o que se pretende.
Recebi há pouco um questionário, reenviado por uma colega que abandonou o preenchimento, e muito bem, optou por questionar as autoras acerca do “método” de construção e encadeamento do questionário.
É sobre “Crenças sobre a retenção escolar” e tem perguntas para graduarmos a nossa posição (de “discordo” a “concordo totalmente”) sobre certas atitudes como “É oferecendo a todos os alunos – dotados e pouco dotados [mas sem definir estes conceitos] – as mesmas oportunidades de aprendizagem que se constrói uma escola justa” ou “A instrução deve ser alicerçada em torno de problemas com respostas corretas e claras em torno de ideias que a maior parte dos alunos possam assimilar rapidamente”. Ou “quanto maios [sic] o professor demonstrar confiança na capacidade da criança mais ela desenvolverá a inteligência”.
Claro que são questões com respostas encavalitadas e, já agora, quando eu consultei literatura sobre a elaboração de questionários deste tipo, aprendi que se deve ser conciso e claro no que se pergunta, em vez de fazer uma espécie de “manifestos”. A maioria das “perguntas” estão formuladas de um modo que dá claramente a entender o que se pretende concluir, ou melhor, o que se considera ser a atitude “certa”. Dificilmente se descobre algo novo, quando se expõem de forma tão óbvia os pressupostos ideológicos da “pesquisa”.
Se as autoras quiserem, eu posso elaborar já introdução e a conclusão do estudo, mesmo sem acesso aos resultados do inquérito. Porque já vi este caminho ser percorrido tantas vezes, que o faço de olhos fechados.
Até acredito que exista, mas gostaria que alguém me citasse um estudo desta área designada genericamente por “Ciências da Educação”, onde um estudo tenha chegado a uma conclusão contrária à tese defendida na argumentação teórica. Se houver, gostaria de conhecer.
Escreve isto alguém que já se meteu por esses caminhos de um mestrado, fez um primeiro ano até com muito bons resultados, mas que achou tudo uma grande treta e mandou o segundo ano ás urtigas.
A cita B, B cita C, C cita D que cita A e B e ficam todos muito felizes e citados e convencidos que são os reis das “Ciências Pedagógicas”.
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Essa dita ‘qualquer coisa’ pedagógica estuda-se em que faculdade de teologia?
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No ISPA , em Lisboa.
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Calma, porque o questionário pode ser feito com consulta. Não vá o diabo tecê-las!
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Meu caro Paulo, não seja soberbo!
Eu também consigo escrever a Introdução e a Conclusão do estudo ou lá o que é. Eu e os comentadores deste blogue com dois dedos de testa.
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Manchete do Público 12 agosto 2018:
Três em cada quatro docentes já foram vítimas de assédio moral. Principais responsáveis: os diretores. A notícia não é sobre a Coreia do Norte, é sobre Portugal, mesmo!!!!!
Quem quererá uma profissão em que, além de um salário de miséria, existe 75% de probabilidade de ser perseguido?
Os números são bem mais elevados que os do racismo ou violência doméstica!!!!!!!
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