Um Par De Problemas Recorrentes Nesta Época De Avaliações

O primeiro é aquele das pessoas que levam mesmo a sério a teoria da permanente construção do conhecimento, como se nada tivesse ficado adquirido com a experiência, e todos os períodos, todos os anos, colocam a mesma treta de questões, têm exactamente as mesmas dúvidas existenciais e, no fundo, empastelam tudo e mais alguma coisa, quando já deveriam ter idade e a bagagem suficiente para não parecerem recém-nascid@s a cada temporada. Uma das vantagens do regime não-presencial seria a limitação desse tipo de divagações filosófico-pessoais sobre o sentido da rama do nabo. O problema é que, pelo que me contam acerca das presenciais “residuais”, basta ser-lhes dada a oportunidade e esta malta aproveita logo para se estender, sendo muito pior quando fizeram qualquer formação com teorias requentadas do último quartel do século XX.

O segundo é o das pessoas que têm muito pouco a preencher-lhes a vida fora da escola, pelo que a socialização e os “afectos” ou o raio que nos parta ficam quase circunscritos ao tempo e espaço escolar, pelo que adoram esticá.lo até aos limites do razoável, para não terem de regressar ao “ninho vazio” (em termos físicos e/ou emocionais) e então adoram falar, falar, falar, porque gostam de saber que alguém, ou ainda melhor, um grupo, é “obrigado” a ouvi-las. E talvez este seja um problema lateral do “envelhecimento docente”, embora existam salpicos em todas as idades, por esta ou aquela razão que obriga terceiros a preencher um vazio existencial de que não têm responsabilidade. Que raios… o Natal não é para ser passado na escola, por muito que exista quem ache que professor não pode ter “férias”.

Que me desculpe quem acha que ando pouco caridoso, mas há vícios que nenhuma pandemia consegue eliminar, muito menos quando se pode beneficiar de uma proximidade imposta a quem até tem vida pessoal fora dos portões. E não há “renovação” à vista, porque é raro quem chegue novo de corpo e mente.

5 opiniões sobre “Um Par De Problemas Recorrentes Nesta Época De Avaliações

  1. Sou DT, sempre fui. Nas reuniões o presidente da reunião sou eu. A minha decorreu ontem, marcada para as 16h00, iniciou às 16h01 e terminou 17 minutos depois, pelas 16h18. Nada ficou por abordar.

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  2. Isto está a ficar cada vez pior. E tem tendência para piorar. Caquéticos, senis? Talvez? Amorfos, incoerentes? Sem dúvida.

    Para os meus lados, presencialmente (porque o ministro mandou recado, personalizado, à diretola dizendo que as outras são legais) às voltas, às voltas (lembram-me aqueles gifs com os gatos e cães a caçar a cauda….) com os papéis… Ele é educação sexual, ele é cidadania, ele é flexibilidade…. quantos mais quadros e tabelas ridículas melhor…. E que ninguém se atreva a questionar o ridículo, a incoerência, que é imediatamente fuzilado com o olhar e ostracizado ao limite da insanidade…

    O CT, anestesiado pela indiferença, diz que sim a tudo, porque é tudo a fingir. Sim, a fingir. A arte do fingimento está ao rubro. Ninguém faz nada daquilo, mas toda a gente (exceto os “marginais” como eu, que me recuso, logo não sou “solidário” com o “sofrimento” e a “entrega à missão” dos colegas…) finge fazer.

    A educação em Portugal bateu mesmo no fundo. Os alunos estão a ser enganados, os pais estão a ser enganados. E ninguém quer saber. Antes parecer do que ser.

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  3. Exatamente, um belo par de problemas recorrentes.
    Estamos soberanamente preocupados com o excesso de refeições natalícias que o Presidente da República irá perpetrar contra a família e com o excesso de carne de gamo e de javali abatido sem autorização do PAN.
    Não por causa do vírus, não por causa do “brequecite”, não por causa dos milhões que vão ficar desamparados nas transformações sociais que estão em marcha, não por termos o mundo mais armado do que alguma vez esteve, não por causa de já nem a Miss Universo acreditar na paz entre os homens, mas sim por que não há pior para o colesterol do que o javali e as refeições natalícias!

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  4. Já não tenho paciência, a escola transformou-se numa fábrica de inutilidades.
    A título de exemplo de insanidade intelectual, por que razão é pedido a um professor que registe as medidas universais aplicadas ou a aplicar, segundo dizem, por exigência do 54? Como é possível? A triste destino nos condenaram os deuses! É preciso escrever o que define a vida de um profissional… Quando as coisas não funcionam aumenta a exigência de relatórios, o que faz lembrar a burocracia dos regimes comunistas, como tão bem descreve Vassily Grossman.

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