Já estava tomada, até por causa dos prazos envolvidos, mas senti que ficava um pouquinho mais legitimada com esta absoluta falta de vergonha a envolver a nomeação para um dos belos tachos na burocracia europeia de mais um boy do regime, daqueles cinzentos, que ninguém conhece, até chegar à tona com currículo inventado à engenheiro, à relvas, à tantos outros, desde o plano local ao global, que até custa pensar em fazer lista só dos conhecidos.
Resumindo: indeferido o pedido de escusa de inclusão na bolsa de avaliadores externos pelo excelentíssimo senhor sub-director geral da Administração Escolar com justificação jurídica que não passa de puro gozo, pois remete para legislação que não diz de maneira nenhuma o que dão a entender, pus-me a pensar se valeria mesmo a pena fazer um recurso hierárquico da decisão para o ilustríssimo senhor secretário de Estado. Claro que – mesmo que transcrevesse de forma extensa a legislação que “fundamenta” o referido indeferimento, demonstrando a completa falta de pudor – novo indeferimento estaria garantido, tendo eu apenas de pesar se o gozo de fazer prosa jocosa compensaria a perda de tempo.
Foi então que realmente me surgiu o argumento maior contra submeter um aspecto da minha vida profissional à decisão. nem que seja apenas por assinatura, de alguém que considero politicamente oportunista (o Tiago que se chegue â frente que os bastidores são dele), intelectualmente desonesto (basta comparar, para não ir mais longe, a forma como reagiu ao sucesso nos PISA 2015 com o insucesso nos TIMMS 2019) e juridicamente manhoso (achemos o que acharmos da posição do encarregado de educação em causa, o despacho sobre os dois alunos que não frequentaram a disciplina de Cidadania é uma vergonha, remetendo para articulado não aplicável ao caso concreto). Sim, porque passou a acumular também esta área da governação que antes pertencia à colega Leitão, pois as mais recentes secretárias não passam de advérbios de pouco encher.
Quero eu ter um despacho do magnífico secretário de Estado a confirmar o despacho anterior do digníssimo sub-director geral? Não foi já suficientemente mau ter de ler um despacho de alguém com a estatura e o currículo de um licenciado César Israel Mendes de Sousa Paulo a indeferir um pedido formulado de modo correcto e juridicamente sério? Estarei eu para ver isso confirmado pelo catedrático secretário João Miguel Marques da Costa, com justificação jurídica automática fornecida por uma técnica superior sem qualquer autonomia que não fazer o que lhe mandam e como lhe mandam?
Não, não me apetece voltar a ser amesquinhado desse modo. Chegou o primeiro despacho do boy de segundo escalão. Não preciso da confirmação do seu superior, mais um num governo que se especializou na manipulação de factos e que considera que a mentira, desde que necessária para manter a face, é absolutamente aceitável, estejam em casa encenações com granadas ou nomeações de Estado. Isso não significa que não exista plano B (mais criativo) ou C (recuperando velhas tácticas que muita gente parece ter esquecido preferindo amochar) acerca do assunto, apenas que devemos estabelecer um padrão mínimo para entrarmos neste tipo de circo. Porque quando nos baixamos muito, ficamos à mão de semear e com esta gente é melhor nunca se ficar de costas em público. Porque ainda nos podem confundir.
(até porque me desgosta bastante quem faz o mal e ainda se arma em vítima e queixinhas…)
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