A Muralha D’Aço

Não posso deixar de anotar que é mais fácil dizer estas coisas quando nem se cheira uma sala de aula ou se ajuda a “adoçar” números. Claro que “não foi pelas escolas”, caramba! Que raio de argumento! Mas acham que tudo o que envolve 1,5 milhões de crianças e jovens (mais professores e pessoal docente) em movimento é compatível com um confinamento? Foram criadas condições para que os professores possam ir para as escolas desenvolver o seu trabalho de forma remota para os alunos em casa, devidamente equipados? O que se fez nos últimos 9 meses a esse respeito? Os senhores directores poderiam ser menos óbvios no esforço por agradar à tutela em busca de quota para mais xalentes.

Há momentos em sou obrigado a sentir “vergonha alheia” e nem sequer vale a pena falar muito da posição da Fenprof, particularmente [pi-pi-pi]. Se são “representantes dos professores” a quem perguntaram a opinião para tomar este tipo de atitude? É o que faz muito tempo em gabinetes ou com horários muito reduzidos.

Escolas e Fenprof aplaudem o anúncio de que as escolas deverão manter-se abertas e com aulas presenciais, mesmo num cenário de novo confinamento. FNE sugere ensino misto para o secundário.

Como É Possível Um “Novo”Confinamento…

… com as escolas abertas? É assim a modos que uma “espéce” de confinamento. Não chegou a estupidez do Natal? Ou será que acreditam mesmo que há “contágio zero” nas escolas, uma nova versão do “milagre” da 1ª vaga”, só que sem a parte do milagre?

(em São Miguel já vão fechar mesmo tudo, graças à imbecilidade e irresponsabilidade natalícia… e olhem que cá por casa há uma micaelense, mas sensata, que foi sabendo o que se passava)

Só Para Colocarem Na Agenda

7 de Janeiro:

  • Criar (CFAE) código de respondente de cada docente das escolas associadas.
  • Solicitar (diretor do CFAE) a colaboração do diretor do AE, no sentido de sensibilizar os docentes para a importância da sua participação da resposta ao Check-in e para o seu desenvolvimento profissional.

8 de Janeiro:

  • Enviar (CFAE) o código de respondente e o endereço do Check-in a cada docente, para utilização na resposta ao questionário.

(o preenchimento ainda não está disponível hoje, portantosss….)

  • Preencher (docentes) o questionário Check-in.

12 de Janeiro:

  • Enviar lembrete para todos os docentes.

15 de Janeiro:

  • Enviar último lembrete.

18 de Janeiro:

  • Fim do período de preenchimento do formulário

(dizem que parece que “agora é que vai ser diferente!” Diferente do quê, já agora?)

Uma Petição Com Tudo Para Ter Sucesso

Defende a “Realização apenas de exames que servem como prova de ingresso no ensino secundário.” Algo que eu, apesar de não ser da facção anti-exames, já o ano passado achei bastante razoável, atendendo ao contexto da pandemia.

Mas com tanta gente que se afirma anti-exames, desde as tradicionais críticas à classificação do trabalho de anos de um@ alun@ muma prova de apenas 2-3 horas àquela mais recente mas que evoca o “medo ancestral” dos portugueses aos “exames, espero que as cerca de 2750 assinaturas que lá estão à hora que escrevo aumentem de forma exponencial.

Antes de mais, aos promotores, eu sugeriria – se já não lhes ocorreu – que a enviassem para assinatura e patrocínio ao ministro Tiago, ao secretário Costa e a tod@s aquel@s conselheir@s do CNE que assinam sempre de cruz, batendo no peito, qualquer relatório ou declaração contra a existência de exames, nomeadamente no Secundário.

Esta petição é um meio caminho, pois visa a não realização apenas dos exames que não são essenciais para o acesso à Universidade, ou seja, aos exames que, em boa verdade, até se podem considerar “inúteis” por alguém como eu que, repito-o, não milito na trincheira aguerrida dos que defendem o fim dos exames, excepto se tiverem mesmo o poder de o decretar na prática. Porque já se percebeu que a pandemia ainda aí estará no próximo Verão e, mais de um ano depois, houve tempo mais do que suficiente para pensar nestas coisas e adequar as práticas às circunstâncias e, mais importante, às teorias tantas vezes repetidas.

Eu não assino pela razão acima e porque sou parte interessada no assunto, pelo menos de modo indirecto, pois a minha filha está no 12º ano e poderiam achar que a minha posição dependeria disso (mesmo se defendi as provas finais de 4º ano quando ela estava nesse ano e teve de as fazer… e mesmo se, com esta petição, ela teria na mesma de fazer o exame de Matemática). Mas acho que, por coerência e convicção, o senhor ministro, o senhor secretário, a presidente do CNE, os conselheiros Azevedo e Rodrigues, o conselheiro-relator Lourtie, a conselheira Figueiral, só a título de exemplo, deveriam subscrever uma petição que vai ao encontro do que tantas vezes declararam publicamente.

Claro que não é o “fim dos exames” e muito menos a proposta peregrina de acabar com os exames todos do Secundário e fazer os senhores professores do Superior elaborar e classificar provas de acesso às suas Universidades, porque isso seria de uma violência e crueldade que mesmo um tipo com maus instintos como eu acha excessivas. Sim, claro, há “Universidades” cujos “representantes” reclamam contra a desadequação do actual método de seriação dos candidatos ao Ensino Superior e defendem que deveriam ser “as instituições do Ensino Superior” a escolher os seus alunos com base nos requisitos que consideram adequados. Mas a verdade é que isso daria uma grande trabalheira, a menos que metessem os professores mais precários ou até alunos finalistas ou estagiários a tratar do assunto. Mas seria sempre necessário perder tempo e energia com esse processo e fica bem reclamar algo que, na verdade, não se quer, salvo honrosas excepções. Ou melhor, nem todas seriam propriamente “honrosas”, porque já se sabe que entre nós há sempre “cartas de recomendação” que valem mais do que qualquer currículo.

Isto é apenas uma petição razoável e já passou tempo suficiente para que se pensasse no assunto e não apareçam com desculpas do tipo “ahhh… nem tivemos tempo para anda”. Afinal, a recomendação do CNE é de Novembro passado.

Esta petição (neste momento tem 2799 assinaturas, quase mais meia centena do que há uns 20 minutos) tem tudo, sublinho-o, para colher os melhores apoios junto dos decisores políticos. Assim sejam eles coerentes com as suas proclamações de anos seguidos. Afinal, não se podem esconder atrás de ninguém. São eles que estão no poder há um mão-cheia de anos e nada fizeram de acordo com o que dizem ser as suas convicções. O actual contexto poderia ser o pretexto ideal.. A menos que… seja tudo conversa fiada.