Presidenciais 2021 – 2

Não tenho muito a acrescentar ao post anterior. Marcelo ganha, como esperado. Ana Gomes fica em 2º lugar à tirinha, ganhando o seu jogo com Ventura (que ficou em 2º em muitos distritos, para espanto de tanta gente que vive num país de fantasia). João Ferreira ganhou o seu jogo com Marisa Matias (que merece uma espécie de presidência emérita do Bloco pelo papel que a obrigaram a fazer), mas pouco mais, pois perdeu para Ventura nos distritos onde o PCP é mais forte. No fundo da tabela, a esta altura (umas 50 freguesias por apurar) Vitorino ainda está frente do Tiago, porque este só existe verdadeiramente em Lisboa, Porto e alguns arredores.

Globalmente, uma derrota da Esquerda que dá imenso jeito a António Costa, proponente nº 1 de Marcelo.

Presidenciais 2021 – 1

O entusiasmo que estas eleições me suscitaram conseguirá, quanto muito, que faça no máximo um par de posts sobre os resultados. Agora (21.00), as coisas parecem assim como que mais ou ,menos claras.

A abstenção foi menos do que se esperava, mas mais do que alguma vez foi em presidenciais (já sei… aquilo dos emigrantes todos inscritos altera esse cálculo).

Marcelo Rebelo de Sousa ganha com larga margem, mas longe de ser o plebiscito esmagador que ele desejaria.

Ana Gomes deve ganhar o campeonato do 2º lugar, mas longe de outros resultados de candidatos apresentados na área do PS, mas sem o seu apoio formal

André Ventura parece ficar em 3º com valores bem acima d@s candidat@s do Bloco e do PCP juntos, mas numa posição em que prometeu demitir-se do cargo (ficar abaixo de Ana Gomes).

João Ferreira e Marisa Matias estão em empate técnico para o 4º lugar, embora aquele faça melhor do que Edgar Silva em 2016 e Marisa faça muito pior do que já fez, não sendo isso estranho ao ar de evidente frete que teve de fazer com esta candidatura.

Tiago Mayan faz prova de vida para os Liberais. Com os votos urbanos deve ganhar ao Tino.

Vitorino Silva faz dele próprio e deveria ir dormir um soninho descansado e voltar daqui a 5 anos para atormentar o MiguelitoST.

Resumindo: um enorme tédio, exepção feita ao penduranço em que ficou o Rodrigo Guedes de Carvalho, à espera do grafismo dos resultados e levando primeiro com a abstenção e durante mais um bocado, enquanto segurava no zimngarelho, com um ecrã branco.

A Sério?

Turmas a receberem ordem de isolamento no sábado, a contar até dia 2 de Fevereiro. Se calhar o delegado de Saúde em causa quererá dizer os alunos da turma? Todos? Então, para que pede os contactos de risco= Para testar? Sendo assim, porque será que em casos similares, em concelho limítrofe, o delegado vizinho nunca mandava qualquer turma para casa?

Enfim. O completo desnorte.

Ou será “desigualdade”?

(e não me venham dizer que isto é inventado, que é em primeira mão, de um lado e do outro)

Juntaram-se Os Dois Na Esquina, A Tocar A Concertina, A Dançar O Solidó

O Partido Comunista Português (PCP) não concorda com o encerramento das escolas, a partir desta sexta-feira, e pede ao que Governo recue “o mais rapidamente possível”. Os comunistas entendem que a interrupção das atividades letivas tem consequências nefastas no processo de aprendizagem dos alunos e dizem que os apoios anunciados para as famílias são “insuficientes”.

“O PCP tem defendido que as escolas não deviam encerrar tendo em conta os prejuízos que serão causados aos alunos, nomeadamente nas suas aprendizagens. Para o PCP, não há alternativa ao ensino presencial, único que garante a necessária interação entre o aluno e o professor na sala de aula, elemento decisivo para garantir a qualidade do ensino”, lê-se num comunicado do partido enviado às redações.

*

“É pena que tenha sido feito desta forma abrupta, quando seria ideal que tivesse tido a programação possível. Mesmo agora, seria desejável que houvesse um mínimo de previsão sobre o que se passará de seguida. Ninguém acredita que se esteja a falar de uma suspensão por duas semanas apenas”, disse à agência Lusa o matemático que assumiu a pasta da Educação e da Ciência, como independente, no Governo liderado por Pedro Passos Coelho.

Às questões da Lusa sobre as medidas anunciadas pelo Governo e possíveis consequências, Nuno Crato respondeu com outra pergunta: “Vamos prolongar estas férias forçadas de todos os nossos jovens, com as consequências graves para a sua educação e com os prejuízos brutais que isto tem para as vidas familiares e para a economia, tanto familiar como nacional?”.

O Horror! O Horror!! É O Apocalipse!!! AiJazuze!!!

Bastam duas semanas em aulas e o homem entra em colapso mental.

E este novo #ficaremcasa não representa só a destruição do futuro de uma geração de alunos pobres; também representa a destruição dos sonhos profissionais de muitas mulheres de todas as classes, porque são elas (e não eles) que se sacrificam em casa pelos filhos.

Este texto é escrito a sério, mas parece arrancado à melhor (?) comédia de costumes, em tons de dramatismo milenarista. Quinze dias em casa e a uma geração de alunos pobres (para dar um toque “social” ao delírio) é destruída, assim como os “sonhos profissionais de muitas mulheres” (a demagogia a galope) “porque são elas (e não eles) que se sacrificam em casa pelos filhos” (acho que ele não percebe bem quantos disparates concentra nesta frase, embora eu destaque o do “sacrifício”).

O Henrique Raposo já pareceu novo, mas agora parece daqueles velhos sempre a anunciar o fim do mundo. E isto digo eu, que em regra sou considerado assim para o velho do restelo, sempre a apontar “problemas”.

Mas o que me custa mais – e nesse caso, não sei se consigo sequer achar graça – é o escriba achar que é por causa de dois anos lectivos interrompidos que “nunca mais o sistema conseguirá agarrar e salvar milhares de jovens da pobreza material e cultural em que vivem”. E eu que pensa – mas sou um inconsciente – que essa pobreza material e cultural é o resultado de muitas décadas de governança em interesse próprio. Que tanto que agora sofrem pelos “pobrezinhos”. Que enorme falta de decoro. Embora há uns anos o mesmo autor tenha ganho muito saber nestas matérias, pois até terminou prosa (não muito diferente do discurso actual do Ventura sobre as “pessoas de bem”) dando a entender que se aprende muita coisa, fazendo “antropologia suburbana durante quinze dias”.

O que direi eu que lá dou aulas há décadas. Tenho muito a aprender com o Raposo, que não gosta que lhe chamem betinho.

Domingo – Dia 3 Do Re-Re-Confinamento

Como seria natural, o fecho das escolas foi a medida essencial para que o confinamento fosse levado a sério, como aconteceu em Março, quando existiam muito menos casos. Muito do que se tem escrito acerca do assunto passa completamente ao lado do mais importante: sem o “sinal” que representa o encerramento das escolas, ninguém encara o confinamento verdadeiramente a sério. Assim, para além da imediata redução da mobilidade de uma parte significativa da população, há ainda que ter os miúdos em casa, o que pode ser chato, compreendo, mas é um imperativo para controlar o nível de expansão da pandemia. Andar a debater “catroguices” em torno do tema só serve para entreter os que têm um preconceito muito pouco sadio em relação ao funcionamento das escolas e ao trabalho dos professores, excepto quando se nota a sua falta. Curiosamente, não acho que seja tempo para alguns (auto-)elogios que andam por aí, na onda oportunista do momento. Parafraseando de forma muito flexível o que terá dito aquele deputado acerca das resoluções (assinam-se todas as que parecem bem, agora fazer as leis em conformidade é toda uma outra dinâmica), uma coisa são as palavras, outra os actos. E se é verdade que gosto de um elogio no momento certo, pelas razões certas, desconfio muito dos que aparecem à cata de tolos. Que os há a rodos. E enfunam muito, sem perceberem que o vento muda de quadrante num instante. Versejei, mas foi quase um acaso.