Estive a assistir a uma webinar daquelas internacionais em que se apresenta o currículo do futuro, com chancela da OCDE, baseado no projecto “STEAME: Guidelines for Developing and Implementing STEAME Schools”. No fundo, é o conceito STEM, a que acrescentaram o A das Artes para ficar bonito, mas continuando a deixar de fora as Humanidades e Ciências Sociais, enquanto consideram essencial o E final de Empreendedorismo. É a visão da OCDE para a Educação em 2030 que o SE Costa tanto gosta de espalhar por cá, enquanto finge dar muito valor às Humanidades, enquanto as retalha no currículo. Vejamos o que é dito:
Uma das actividades para alunos de 15-16 anos é a criação de e-shops em 2 aulas de 90 minutos, na segunda das quais “every group of students designs and creates a customized e-shop, that formulates a real problem. In this way, they understand the mechanism of the market in action.”
Os resultados esperados?
After the project, learners will be able to investigate the market and become more competitive using new technologies. This procedure develops their critical mind and fosters their curiosity about new markets and about their future as entrepreneurs. Their communicative skills and their ability to collaborate will be
enhanced, as they will be obliged to make decisions as partners.
The result will be the virtual e-shop with the aid of spreadsheet for billing and pricing the product.
E ainda devem chamar a isto uma Educação Humanista.
(pois, as coisas em que eu me meto só para saber como será o futuro…)
Em português: Empreendedores da Máquina a Vapor.
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Eu acho que prefiro ir trabalhar para essa sua mercearia. Estive a observar a fotografia à lupa e não vi lá nada que se parecesse com digitalices, nem teclas suaves, nem monitores esquisitos, nem homens metidos em escafandros a fazer de conta que são alminhas vindas do futuro para iluminar o nosso presente. Posso enviar o meu currículo, feito à mão, com caneta azul ou preta, ainda hoje.
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A promoção de “pensamento crítico não existe quando a única questão consentida é o “como?”, excluindo-se aquelas que colocam as humanidades, as ciências sociais e a filosofia: “porquê?” e “para quê?”?
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O/A RF disse tudo… o verdadeiro pensamento crítico tem sido absolutamente triturado… e não há nada que não caiba num tik tok, não é? Ou num qualquer documento com dados que não servem para nada, a não ser constituírem prova viva da nossa humana incapacidade.
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É mesmo verdade!!! Cada vez mais assumido!!! A realidade, de facto, ultrapassa a ficção.
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Triste… Muito triste!
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Agora até há um debate na ordem do dia: As novas ditaduras …. 1/3 dos países do mundo são ditaduras. E dos restantes 2/3 quais são democracias? E por quanto tempo? Sem Humanidades não há pensamento crítico. Nem deixa margem discussão…
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https://duilios.wordpress.com/2021/01/25/professor-morre-com-covid-filha-quer-que-os-professores-sejam-vacinados/
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«E ainda devem chamar a isto uma Educação Humanista.»
Como diz o estonteante António Costa: ‘Ora vamos lá a ver!’
E digo mais: Então e se a e-loja a criar pelos miúdos se chamar ‘Tu quoque, Brute, fili mi!’, se a sua plataforma digital apresentar como opções de línguas o latim, o grego antigo, o aramaico e o sânscrito e estiver vocacionada para livros de ética clássica, teologia e religião comparada, com especial enfoque nas religiões do Dharma como o zoroastrismo e o jainismo?
Já pensaram nisso? Não, pois não?
Ahh, pois!
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Ah pois o quê?
Estas e-shops são direccionadas ao DEUS MERCADO, cujo objectivo é o MÁXIMO LUCRO.
As Humanidades são, quase que por definição, monetariamente falíveis, porque se dedicam a QUESTIONAR e não a criar produtos/serviços para o mercado.
Qual o Retorno do Investimento de ” livros de ética clássica, teologia e religião comparada, com especial enfoque nas religiões do Dharma como o zoroastrismo e o jainismo”, ainda para mais em “latim, o grego antigo, o aramaico e o sânscrito”?
É um número redondo, ZERO!
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Portanto os putos vão vender a produção da família no quintal… Entrepreneurship OECD style… à grega
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Por acaso, o palestrante era grego 🙂
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Ou me engano muito, mas STE(A)M já vem do tempo do Crato…E primeiro que se percebessem as siglas??
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