Dramatização Presidencial

Podia ter sido pré-eleitoral, mas agora dizem que não é tempo de apontar erros. Podia ter sido pré-natalícia, mas havia gente que queria ser “humana” e isso também não interessa nada. Podia ter sido antes de uma parte significativa estar “cansada”, porque parece que isto de morrerem outros cansa muito a quem tem de usar máscara, manter distância e não beber o cafézinho matinal.

Ok, ok, tarde, mas chegou.

Mas sempre somos notícia lá fora…

Reuters

FRANCE 24

The Straits Times

Jornal da Record


Para Memória Passada

11 de Abril de 2020:

“Assumimos um objectivo muito claro: Vamos iniciar o próximo ano lectivo assegurando o acesso universal à rede e aos equipamentos a todos os alunos dos ensinos básico e secundário”, declara António Costa em entrevista à agência Lusa, explicando que é também uma medida de prevenção para um eventual segundo surto do coronavírus.

(…)

Mais importante, no entanto, de acordo com o primeiro-ministro, é “garantir a necessidade de que, aconteça o que aconteça do ponto de vista sanitário durante o próximo ano lectivo, não se assistirá a situações de disrupção, porque houve outra face da moeda que esta crise demonstrou”.

Já lá vão mais de 9 meses. O bebé já devia estar cá fora e não apenas a espreitar a ver se…

A Olho Nu

Nunca fomos grande coisa, mas está a entranhar-se fundo, fundo, mesmo em áreas onde antes havia alguma “imunidade”.

Desde 2012 que Portugal oscilava entre os 63 e os 62 pontos, depois de em 2018 ter chegado à sua melhor pontuação, com 64 pontos. Em ano de pandemia, Portugal caiu para a sua pior posição na última década.

Num ano marcado pelo combate à pandemia, não só não se registaram melhorias no combate à corrupção em Portugal, como os níveis de percepção da corrupção passaram a ser os piores de sempre no sector público português, conclui o índice da Transparência Internacional. De acordo com os dados de 2020 a que o PÚBLICO teve acesso, Portugal perdeu três lugares, e caiu do 30.º para o 33.º lugar, ficando “bastante abaixo dos valores médios da Europa ocidental e da União Europeia” (…)

Atentado Ao Pudor Na Via Pública

Tiago Brandão Rodrigues, 21 de Janeiro, conferência de imprensa televisionada:

Após o primeiro-ministro ter anunciado, no final do Conselho de Ministros, que as aulas estavam suspensas a partir desta sexta-feira e até 5 de fevereiro, Tiago Brandão Rodrigues veio esclarecer que esta suspensão abrange todo o ensino, incluindo os estabelecimentos particulares. “Não há exceções”, frisou.

E deixou críticas ao ensino particular, após a associação dos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo, ter admitido recorrer ao ensino à distância nas próximas duas semanas.

António Costa, 27 de Janeiro, Circulatura do Quadrado:

No programa, após críticas feitas pelo antigo dirigente do CDS António Lobo Xavier às posições assumidas pelo ministro da Educação a propósito da suspensão das aulas presenciais, o líder do executivo saiu em defesa de Tiago Brandão Rodrigues.

Ninguém proibiu ninguém de ter o ensino online”, advogou António Costa, recusando que o seu executivo entre “numa discussão fantasma” e que haja “preconceitos” em relação ao ensino do setor privado.

João Costa, 27 de Janeiro, Jornal de Letras:

Há uns cheios de certezas, outros cheios de realismo. As certezas chegam no dia seguinte, no “devia ter sido”. O realismo convive com as (in)certezas dos especialistas, a (im)previsibilidade das estirpes, o estar preparado para o pior e ser surpreendido pelo ainda pior que ninguém adivinhava. Há quem hoje tenha a certeza disto, para no dia seguinte afirmar, confiante, o seu contrário.

5ª Feira – Dia 7

Já lá irei ao PM Costa e aos seus problemas de precoce alzheimer. Antes disso gostava de fazer mais um desabafo sobre a forma como uma geração de gente de escassos conhecimentos e uma superficialidade aterradora se julga no direito de amesquinhar o trabalho dos professores em todo o mais pqueno canto de desconhecimento que cultiva.

Ontem, o final do dia foi exemplificativo disso em dois momentos: o primeiro, numa formação sobre o Holocausto, fui obrigado a ouvir uma “diplomata” com idade para ser irmã mais nova de alunas minhas, a perorar sobre o modo como os professores devem ensinar esse tema, acredito que com boas intenções, mas com uma ignorância atroz sobre as práticas docentes e até sobre o próprio assunto, a acreditar pelas leituras que apresentou e citou. E o que mais custou foi ver gente ali a dizer que tudo estava a ser muito bom e estimulante e assim é que é, que a Escola isto, os professores aquilo, como se alguma coisa do que ali estava a ser dito fosse uma novidade imensa. A sério que me chocou porque, mesmo tendo passado a maioria dos últimos 30 anos no 2º ciclo, sei como os temas são abordados, pelo menos em História, por parte de quem não tirou o curso por correspondência ou na horizontal. E custa-me ver uma abordagem do mais superficial que imaginar se possa, quase nos limites do anedótico, passar por “lição” aos professores.

A segunda foi, já noite adentro, um programa no Porto Canal em que três senhoras de idade entre o jovem e o jovem adulto ou pouco mais discorriam, com ar de quem sabe, sobre como os direitos da comunidade LGBT+ são tratados nas escolas e como é difícil aos professores, por serem “velhos” e terem sido “educados na tradição judaico-cristã”, abordarem tal temática. E diziam isso com um ar de presunção e água benta que daria para baptizar toda a comunidade LGBT+ de São Francisco. Não quero colocar em causa as experiências que tiveram (não percebi se alguma delas era da comunidade ou se era apenas simpatizante ou activista externa), mas gostaria muito que as não generalizassem porque, por acaso, cá em casa a experiência que um casal de professores “velhos”, ela criada na tal tradição judaico-cristã e ele (eu!) criado na tradição comuno-cristã da margem sul, é completamente contrária, pois há alunos que só n@s professor@s encontram a possibilidade de partilhar as suas dúvidas e intgerrogações, sem o receio de serem anatemizados ou levantarem uma tempestade familiar. Ainda se as ditas meninas, senhoras, whatever, tivessem um olhar que fosse além dos chavões sobre o tema, poderia tentar ouvi-las sem me entediar, mas, infelizmente, pareciam saída da jota do Bloco e de um debate de finalistas do 1º ciclos de estudo bolonhês da Faculdade, tamanha a pobreza fransciscana do diálogo. MAs, claro, os professores é que são o problema. Sempre.