Opiniões – Jorge Santos

Confidências

Sou um dos vários milhares de professores do ensino público e estou em regime de teletrabalho, com obrigações de participar em reuniões à distância e de responder a inúmeros emails institucionais. Acontece que na zona onde moro, a ligação à internet sofre interrupções constantes, perdendo a ligação com os meus colegas ou os meus alunos.

Com o retorno do ensino à distância (já sabemos que será no dia 8 de fevereiro), vou ter aulas e reuniões em que ou não consigo entrar ou vou estar poucos minutos. Telefonei há minutos para a minha operadora e expus a situação. Perguntei ao funcionário Sr. X, se a operadora passa um comprovativo em como a minha zona está sinalizada como uma área com fraca qualidade na ligação à internet, de modo a poder justificar porque cheguei atrasado 20 ou 25 minutos à reunião, ou não ter conseguido dar a(s) aula(s) síncrona(s)?

De facto, essas ocorrências já se verificarem muitas vezes, tal como constatei em março, abril, maio, junho de 2019 ou na semana passada (janeiro de 2020).

Respondeu-me o dito funcionário Sr. X:

– Que a empresa não passa esse comprovativo!

Se eu, eventualmente, esquecer-me de pagar a internet na data estipulada, passado 6 ou 7 dias (o que ainda não aconteceu), fico com a ligação cortada, mas a operadora de telecomunicações em causa, não se responsabiliza por emitir um documento a comprovar que na minha zona a ligação à internet está sinalizada como fraca ou, que existem horas em que se verifica excesso de tráfego digital!

Entretanto, enquanto não há um reforço da potência da rede (nove meses é suficiente para corrigir o que esteve menos bem durante o primeiro confinamento), pus os meus neurónios a funcionar e para mitigar os problemas pensei em três soluções:

1º- Subir ao telhado e comunicar por sinais de fumo!

2º – Fazer um contrato com a Associação Columbófila local, e contratar durante um mês, os serviços de 90 pombos-correio, uns para a localidade sede (os mais novos), outros (os mais maduros e resistentes) para as aldeias!

3º -Deixar as tarefas a desenvolver durante a semana, na minha disciplina, numa placa dentro dos supermercados!

Aceito outras sugestões!

O colega (des)animado,

J. Santos

6 opiniões sobre “Opiniões – Jorge Santos

    1. Poderia ser uma solução para entupir o sistema, mas, ao pensar nisso, cheguei a uma rápida conclusão: o ME haveria de enviar, ou mandar as Direções comprarem, umas webcam’s para desenrascar os malucos que o quisessem cumprir horário na escola e tudo ficaria na mesma, ou pior, pois o frio está agreste e o covid está à solta, sendo que, no meu caso, ou eu ou a minha mulher, tb professora, teríamos de levar connosco a nossa filha de 3 anos! E isso não irei arriscar, com receio que a CPCJ nos retirasse a criança para uma família de acolhimento, por óbvios maus tratos e evidente negligência parental!

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      1. a minha escola comprou webcam para todas as salas
        nao estou para apanhar frio nos pés na escola , nao ha climatizacao
        ir para a escola nao é solucao as leis do confinamento obrigam as empresas a fazer teletrabalho
        a nossa empresa (governo) tem de respeitar a lei e fazer teletrabalho com materiais necessarios

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  1. Se o serviço não tem a qualidade prometida, isso é um problema quer para o teletrabalho quer para o telelazer. Deveriam ser apresentadas queixas na ANACOM e na DECO para começar, uma vez que quem lida com os clientes é pessoal de um callcenter e para se chegar à fala com os executivos das telecoms é preciso começar por cima. Por outro lado, nos sítios onde houver mais do que um operador devemos saltitar entre eles e evitar contratos longos. Isso induz melhorias a médio prazo mas é preciso bombardeá-los constantemente. A sete turmas por professor seriam 210 queixas apresentadas.

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  2. Sim Ricardo Silva, estava a pensar no entupimento do sistema mas… não há mobilização, nem adesão fácil a uma opinião que passe por preparar esse caminho! Eu não tenho o seu problema, pois a minha já sabe cuidar dela, mas compreendo-o perfeitamente! Fico é surpreendido com a quantidade de professores que se amotinam para defender as aulas de “cidadania” em contraste com os poucos que se preocupam com questões de princípio!

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  3. “Pena que sejam pessoas a quem nunca vi questionar se o ministro Tiago não ganha o suficiente para pagar a estadia em Lisboa, em vez de receber um subsídio de deslocação, que nenhum professor recebe quando fica deslocado a dar aulas a centenas de quilómetros do seu domicílio.”

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