Não é fácil encontrar a solução “certa”, que agrade a todos ou mesmo a uma parte significativa de todos os envolvidos neste novo período de E@D. Não tenho nenhuma solução mágica que considere superior a todas as potenciais alternativas. Ao contrário de quem acha que a tem, apenas tento aprender com o que não correu bem, assim como prever o que parece óbvio ter tudo para não resultar, mo sentido de evitar bloqueios a curto prazo. A questão da desigualdade de acesso está mais do que falada, embora continuei por resolver. Assim como a da preparação da miudagem, em especial dos mais novos, em matéria de literacia digital para efeitos educacionais ficou muito aquém do desejável.
Mas, para além desses problemas, existe o da previsível saturação técnica e humana de uma solução que procure replicar de muito perto os tempos, ritmos e métodos do ensino presencial, só que por via remota. Mais do que 2 a 3 sessões (síncronas) de 30 minutos por dia parece-me algo impensável para os alunos do 1º e 2º ciclo, se essa for uma opção para mais de um par de semanas. Há uma enorme diferença entre aulas síncronas por via remota e aulas presenciais ou jogos online. A miudagem pode estar horas a fazer jogos, mas está longe de ser o mesmo. Será preciso explicar isso? Sim, podem estar horas agarrados aos telemóveis, mas mesmo que consideremos que isso também é “aprendizagem”, não é claramente o mesmo. Assim como uma hora decorre de uma maneira muito diferente se for presencial ou à distância.
Para além disso, acho que nem mesmo os maiores entusiastas e solucionistas do ensino remoto acreditarão que será possível manter o tráfego pela net que implica a realização de milhares de aulas síncronas em simultâneo. Ainda há dias me foi dito que algumas sessões de vídeo-conferência de uma instituição de bastante nomeada não conseguiam ser feitas de modo contínuo nos períodos de maior utilização das plataformas de streaming.
Há erros que podemos evitar, sendo talvez o maior o do preconceito de que “os professores não querem é trabalhar” ou que “os alunos vão sofrer perdas irreparáveis”, se não tiverem uma carga de aulas síncronas de não sei quantos por centro do seu horário presencial. A obsessão com a quantidade continua a sobrepor-se ao da qualidade do trabalho feito. Assim como a obsessão com uma variante da “igualdade” que é a completa antítese da tão apregoada “diferenciação pedagógica”.
A “solução” deve ser feita de “soluções”, conforme as idades e ciclos de escolaridade, conforme o perfil das turmas, conforme as disciplinas, conforme os meios disponíveis. Em vez de grelhas uniformes e rígidas para todos, seria muito importante que a tal ideia da “flexibilidade” fosse mesmo aplicada neste contexto, em que faz todo o sentido. Não é que seja desejável uma espécie de mosaico incoerente, mas parece-me razoável perceber que um 12º ano com 5 disciplinas e alunos com 17-18 anos não pode ser encarado da mesma forma como um 5º ano com 10 disciplinas e petizada de 10 anos. Ou que uma turma de 2º ano não pode ter a mesma “solução” que uma do 9º ano.
Infelizmente, o que vou começando a ver em matéria de horários e “sincronicidades” leva-me a pensar que muitos adultos são realmente de aprendizagem muito lenta.
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