Tinha-me Escapado Esta Estupidez Do “Cientista”

Jovens vão ter mais “problemas oncológicos, respiratórios, cardiovasculares e mentais” devido ao confinamento?

Depois do anúncio da decisão do Governo de suspender as atividades letivas e não letivas nas escolas, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, afirmou que “esta é a geração [em idade escolar] que vai pagar uma fatura muito maior do que a geração mais velha. (…) Sabemos que necessariamente vão ter mais problemas de alergologia daqui a 20 anos. Porque vão ser muito mais obesos. Vamos ter problemas oncológicos, respiratórios, cardiovasculares, mentais”. O Polígrafo questionou diversos especialistas sobre esta alegação.

Phosga-se! – A Justificação Definitiva Para Um E@D Com Réplica Síncrona A 100% Do Horário Presencial

“Os professores não estão em layoff, recebem os seus salários iguais.”

E pronto. Numa escola da Grande Lisboa, onde a covid anda a bater em força e não apenas nos pulmões. Aguardo desenvolvimentos, mas dizem-me que há um “certo e determinado medo” em questionar isto em próxima reunião de CP.

Acredito que “fará escola”. Até porque a Norte se adivinham situações semelhantes. E não tarda nada será argumento central dos conrarias, miguelitos, raposos, baldaias e outros assim.

Como se o E@D se esgotasse nas síncronas.

De quem tenho sinceramente mais pena? D@s alun@s.

Têm Andado Muito Ocupados

A encomendar computadores não foi. E ajuda a perceber que, em boa verdade, não estavam mesmo à espera de passar para o não-presencial. Nem equipamentos, nem enquadramento. E os Pedagógicos agora andam a decidir na base do “é para já e em força!”, nem sempre com a dosagem de bom senso que deveria estar na bula.

Nem é que eu concorde com soluções únicas, porque acho que devem ser diferenciadas conforme as idades e ciclos de escolaridade, mas a verdade é que a 20 de Julho (Resolução do Conselho de Ministros n.º 53-D/2020) anunciaram e mais de 6 meses depois nada foi feito, para além de uns esclarecimentos formais (mas que não têm qualquer valor vinculativo) do SE Costa aos directores naquelas sessões de agit-prop de que cheguei a transcrever a maior parte.

16 – Determinar que, quanto à organização e funcionamento das atividades letivas e formativas no regime não presencial:

a) Cabe à escola adequar a organização e funcionamento do regime não presencial, fazendo repercutir a carga horária semanal da matriz curricular no planeamento semanal das sessões síncronas e assíncronas;

b) O membro do Governo responsável pela área da educação define a percentagem de sessões síncronas que devam verificar-se;

c) As sessões síncronas e assíncronas devem respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos, promovendo a flexibilidade na execução das tarefas a realizar;

Sabem o que já está em desenvolvimento em muitos sítios? Isto:

f) Os docentes devem proceder ao registo semanal das aprendizagens desenvolvidas e das tarefas realizadas nas sessões síncronas e assíncronas, recolhendo evidências da participação dos alunos tendo em conta as estratégias, os recursos e as ferramentas utilizadas pela escola e por cada aluno;

O “registo semanal das aprendizagens desenvolvidas”? Todas as disciplinas vão fazer uma esse registo “por cada aluno”? Com base em que metodologia de avaliação? No de soterrar a petizada em tarefas?

Evidências

Notícia de 20 de Janeiro na Visão:

Infeção de Covid-19 nas crianças dos 6 aos 12 anos disparou na última semana

E hoje, no DN:

“O aumento de novos casos tem sido maior dos 6 aos 12 anos”

Janeiro foi o mês mais mortífero em todos os aspetos. A perspetiva é que se atinja o pico das infeções a nível nacional na próxima semana, para a espiral começar a descer. Epidemiologista Manuel Carmo Gomes diz que, atualmente, subida dos novos casos diários é maior entre crianças do 1.º ciclo.

2ª Feira – Dia 11

Não é fácil encontrar a solução “certa”, que agrade a todos ou mesmo a uma parte significativa de todos os envolvidos neste novo período de E@D. Não tenho nenhuma solução mágica que considere superior a todas as potenciais alternativas. Ao contrário de quem acha que a tem, apenas tento aprender com o que não correu bem, assim como prever o que parece óbvio ter tudo para não resultar, mo sentido de evitar bloqueios a curto prazo. A questão da desigualdade de acesso está mais do que falada, embora continuei por resolver. Assim como a da preparação da miudagem, em especial dos mais novos, em matéria de literacia digital para efeitos educacionais ficou muito aquém do desejável.

Mas, para além desses problemas, existe o da previsível saturação técnica e humana de uma solução que procure replicar de muito perto os tempos, ritmos e métodos do ensino presencial, só que por via remota. Mais do que 2 a 3 sessões (síncronas) de 30 minutos por dia parece-me algo impensável para os alunos do 1º e 2º ciclo, se essa for uma opção para mais de um par de semanas. Há uma enorme diferença entre aulas síncronas por via remota e aulas presenciais ou jogos online. A miudagem pode estar horas a fazer jogos, mas está longe de ser o mesmo. Será preciso explicar isso? Sim, podem estar horas agarrados aos telemóveis, mas mesmo que consideremos que isso também é “aprendizagem”, não é claramente o mesmo. Assim como uma hora decorre de uma maneira muito diferente se for presencial ou à distância.

Para além disso, acho que nem mesmo os maiores entusiastas e solucionistas do ensino remoto acreditarão que será possível manter o tráfego pela net que implica a realização de milhares de aulas síncronas em simultâneo. Ainda há dias me foi dito que algumas sessões de vídeo-conferência de uma instituição de bastante nomeada não conseguiam ser feitas de modo contínuo nos períodos de maior utilização das plataformas de streaming.

Há erros que podemos evitar, sendo talvez o maior o do preconceito de que “os professores não querem é trabalhar” ou que “os alunos vão sofrer perdas irreparáveis”, se não tiverem uma carga de aulas síncronas de não sei quantos por centro do seu horário presencial. A obsessão com a quantidade continua a sobrepor-se ao da qualidade do trabalho feito. Assim como a obsessão com uma variante da “igualdade” que é a completa antítese da tão apregoada “diferenciação pedagógica”.

A “solução” deve ser feita de “soluções”, conforme as idades e ciclos de escolaridade, conforme o perfil das turmas, conforme as disciplinas, conforme os meios disponíveis. Em vez de grelhas uniformes e rígidas para todos, seria muito importante que a tal ideia da “flexibilidade” fosse mesmo aplicada neste contexto, em que faz todo o sentido. Não é que seja desejável uma espécie de mosaico incoerente, mas parece-me razoável perceber que um 12º ano com 5 disciplinas e alunos com 17-18 anos não pode ser encarado da mesma forma como um 5º ano com 10 disciplinas e petizada de 10 anos. Ou que uma turma de 2º ano não pode ter a mesma “solução” que uma do 9º ano.

Infelizmente, o que vou começando a ver em matéria de horários e “sincronicidades” leva-me a pensar que muitos adultos são realmente de aprendizagem muito lenta.