De Volta Ao Problema “Esquecido”

Boa tarde,

Amanhã recomeçam as aulas, e eu começo as aulas às minhas sete turmas, mais de 200 alunos, com dois filhos pequenos em casa. Um que faz agora 2 anos e outro que faz 5 anos em março. No primeiro confinamento foi impossível acompanhá-los (e o mais pequeno começou a andar em março).

Agora ainda vai ser pior porque querem atenção, querem brincar, têm rotinas que vão ser sistematicamente quebradas.

Eu vou estar a dar aulas das 9h às 16h, estamos sozinhos porque me divorciei em julho. Porque não posso levar os meus filhos à escola se se encontra aberta para trabalhadores essenciais?

Porque ficamos nós desprotegidos para dar apoio aos filhos dos outros? Estou em pânico, preocupada com o próximo mês e meio, e sem saber para onde me virar.

(…)

Autonomia E Flexibilidade Digital

Estive a ler um plano de trabalho semanal que contempla as seguintes modalidades de comunicação entre docentes e alunos, para realização das aulas e distribuição/entrega de tarefas.

Vou colocar por ordem alfabética, porque não percebi se existe ordem de prioridade ou se é cada disciplina seu sabor.

  • Escola Virtual
  • Google Classroom + Meet
  • Mail (gmail ou outro)
  • Moodle
  • WhatsApp
  • Zoom

Faltou a minha plataforma favorita, a Phosga-se!

(a minha proposta é que cada alun@/professor@ ande com uma espécie de hub em forma de garfo espetado na parte que lhe aprouver da sua anatom #Somos Confusão)

Quanto Tempo Vão Demorar A Cumprir Isto?

O mail foi enviado há quase dois meses (18 de Dezembro de 2020). Reparem na generosidade que é revelada logo no primeiro parágrafo.

Exmo.(a) Diretor(a)/Presidente CAP/Coordenador(a) Estabelecimento,

Exmo.(a) Professor(a),

Exmo.(a) Responsável TIC,

O Ministério da Educação (ME) disponibiliza, gratuitamente, a todas as escolas públicas os serviços de comunicação de dados (vulgo Intranet e Internet) através da Rede Alargada da Educação (RAE) e de Redes de Área Local (LAN).

A RAE é uma rede segura, nacional, que interliga todas as escolas e organismos regionais e centrais tutelados pelo ME entre si e a um nó central de segurança, filtragem de conteúdos e acesso à Internet.

É, também, através desta rede que os organismos e as escolas disponibilizam serviços ao exterior.

A RAE é uma das maiores redes existente em Portugal que serve, na ligação à internet, mais de um milhão de utilizadores, tem mais de 30.000 novas sessões por segundo, uma conetividade de 40 Gbps, com espaço para ser aumentada, e liga 4331 escolas.

Estamos, neste momento, a iniciar a implementação de novas conectividades na RAE, com todas as escolas a usufruírem de acessos em fibra, com ligações simétricas – ao invés das ligações domésticas, com acessos de 1 Gbps nas escolas com maior número de utilizadores e consumos e com backup para escolas acima dos 200 Mbps.

Na hiperligação http://projetorae.dgeec.mec.pt/ poderá encontrar o planeamento e documentos úteis que ajudem na tramitação do processo, bem como alguns alertas, a destacar:

Para escolas do 1.º ciclo que passam agora para circuitos a fibra e não têm bastidor, devem informar dessa necessidade (falta de bastidor) pois faz parte das obrigações do fornecedor. Informar ainda se existe ponto de energia exclusivo para o Router no local atual ou futuro do bastidor;

Para escolas com ligações acima dos 200 Mbps, devem confirmar se existe espaço e condições (arrumação da cablagem) para se instalar o router de backup, tomada livre na régua de energia e condições para o acesso entrar na escola por outra localização que não a atual;

Para todas as escolas, sempre que existirem novos acesso a serem instalados, e se existirem condutas subterrâneas, indiquem que não pretendem passagem aérea de cablagem;

Para todas as escolas, a ligação tem sempre de atingir os débitos previstos, sem contenções, com métricas retiradas do https://netmede.pt/

Solicitamos o vosso retorno sobre eventuais questões logísticas através dos meios de contacto definidos. Solicitamos igualmente que alimentem o portal de apoio TIC com os contactos das escolas pois será, neste, que de futuro se concentrarão todas as questões relacionadas com tecnologia (o AE/Escola tem total autonomia para adicionar e remover contactos).

Finalmente, aproveitamos ainda a oportunidade para solicitar a v/ melhor compreensão para o facto de, em alguns momentos, ser originada alguma instabilidade decorrente de tal migração em larga escala. Contudo, pretendemos concluir este processo em maio de 2021. Assim sugere-se que aguardem até ao planeamento previsto, sendo que apenas estamos a tramitar, transitoriamente, os casos em que as obras de requalificação deixam a escola sem serviço. Os restantes pedidos ficam dependentes das datas de projeto.

Solicitamos a máxima partilha desta informação por todos os intervenientes neste processo. Desde coordenadores de escola, responsáveis TIC, autarquias ou técnicos externos.

Os nossos agradecimentos por todo o esforço e colaboração.

Cumprimentos,

Jorge Teixeira

Diretor

Direção de Serviços de Tecnologia e Sistemas de Informação

Av. 24 de Julho, n.º 134

1399-054 Lisboa, PORTUGAL

Tel: +351 213 949 200 

www.dgeec.mec.pt 

“Sincronia” Quer Dizer “Ao Mesmo Tempo” Ou “Em Simultâneo”

E não é sinónimo de “vídeo-conferência”. Uma vídeo-conferência deve ser síncrona, mas uma sessão síncrona não implica que se esteja de câmara ligada. Uma sessão de chat também pode ser síncrona. Ou uma troca de mensagens no uótezape.

Eu vou tentar explicar mais em detalhe para quem não domina ainda aquilo do que é “síncrono” ou “assíncrono”, parecendo confundir isso com, como já escrevi acima, a câmara estar ligada ou desligada.

Se começarmos uma aula às 10 da manhã com os alunos todos ao mesmo tempo e os mandarmos fazer qualquer coisa às 10.30 com a câmara desligada (mesmo “saindo” da aula virtual), para depois apresentarem o que fizeram das 11.15 às 11.30, isso significa que se esteve numa sessão síncrona de 90 minutos e não numa síncrona de 45 e outra assíncrona de outros 45. Porque estiveram todos a fazer o mesmo ao mesmo tempo. O que é sincronia. Certo?

Porque estiveram todos a fazer o mesmo, ao mesmo tempo no início, no meio e no fim.

Uma sessão assíncrona acontece quando se termina a sessão síncrona e se deixa uma tarefa para ser feita, com maior ou menor prazo, mas nunca meia hora ou uma hora, pelos alunos, mais tarde.

Por exemplo: após uma aula síncrona de 30 ou 40 minutos, deixa-se uma tarefa para os alunos entregarem até ao final do dia ou da semana e eles podem fazê-la ao seu ritmo, durante mais ou menos tempo, não necessariamente em simultâneo.

Achei útil explicar isto porque há quem diga que o horário não é 100% síncrono porque durante uma parte das aulas os alunos podem fazer tarefas/exercícios de câmara desligada, voltando só perto do final para apresentarem o que fizeram ou “marcar a presença”.

(estariam a bater palmas em sincronia, mesmo se não tivesse sido feita gravação!)

Mas Quem Está Surpreendido Com Isso?

Há meses que o meu cálculo impressionista e muito quintaleiro quanto às necessidades básicas era de, pelo menos, 250.000 equipamentos para as necessidades mais básicas dos alunos e provavelmente mais, caso o objectivo fosse mesmo cobrir todos os alunos com apoio social escolar, mesmo descontando os absentistas (que os há, mesmo que digam que o abandono é residual). E isto sem contar com os casos que, não tem ASE, podem ter um ou dois computadores, mas isso não chegar para as necessidades.

Agora, parece que já há mais quem perceba que nem metade do indispensável está disponível. antes tarde do que nunca, mas confesso que a minha caridade, não sendo cristã, é curta para estas “percepções” tardias.

São precisos 300 mil computadores para o ensino à distância, segundo os directores

(…) Há pelo menos 300 mil estudantes que não têm um computador próprio para poder acompanhar as próximas semanas de aulas à distância, aponta uma estimativa feita pela Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE). Este número tem por base os inquéritos sobre a acessibilidade digital que têm sido feitos pelas escolas para preparar o regresso do ensino remoto, a partir de segunda-feira. Há mais pedidos de equipamentos do que no primeiro confinamento.

Os números avançados pela ANDE apontam para um mínimo de 300 mil estudantes sem equipamento informático em casa, mas o número pode até ser maior e aproximar-se dos 350 mil, antecipa o presidente daquela associação de directores de escolas, Manuel Pereira. A aprendizagem que, tanto as escolas como as famílias, fizeram nos últimos meses sobre a forma como pode funcionar o ensino remoto explica esta evolução.

Em Março, quando as escolas tiveram, pela primeira vez, que a adoptar o regime de ensino à distância, a mesma ANDE estimava que seriam 200 mil os alunos do básico e secundário que não tinham um computador com acesso à Internet para acompanhar as aulas. Seria expectável que, quase 11 meses volvidos, e depois de no 1.º período já terem sido entregues 100 mil equipamentos no âmbito do programa Escola Digital, o cenário fosse mais favorável.

Desta vez, a generalidade dos directores não perguntou se havia um computador com ligação à Internet em casa, antes quis saber se cada aluno tinha um equipamento com o qual pudesse acompanhar as aulas síncronas e ter acesso aos conteúdos disponibilizados online pelos professores.

As próprias famílias perceberam que “não chega tem um computador em casa”, afirma Manuel Pereira. Os pedidos de empréstimo de equipamento que chegaram às escolas aumentaram em comparação com o que aconteceu em Março. “Numa família de cinco, com três filhos na escola e os dois pais em teletrabalho, todos precisam de computador, caso contrário a situação é complicada”, ilustra o presidente da ANDE.

O problema é que foram os representantes dos directores a afirmar que estavam preparados para esta nova vaga de E@D. Quem foi que há menos de duas semanas afirmou que estavam melhor preparados do que em Março?

“As escolas e as famílias tiveram um largo período de aprendizagem no ano passado. As famílias já estão mais preparadas para esse ensino, assim como os professores, que têm a noção de que não é fazer um telefonema de manhã e depois telefonar novamente aos alunos dois dias depois. É, sim, acompanhar diariamente os seus alunos”, revelou. Ao i, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, disse mesmo que as escolas estão preparadas para o ensino não presencial desde setembro.

“As escolas e as famílias tiveram um largo período de aprendizagem no ano passado. As famílias já estão mais preparadas para esse ensino, assim como os professores, que têm a noção de que não é fazer um telefonema de manhã e depois telefonar novamente aos alunos dois dias depois. É, sim, acompanhar diariamente os seus alunos”, revelou. Ao i, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, disse mesmo que as escolas estão preparadas para o ensino não presencial desde setembro.

“A probabilidade de, no dia 8 de fevereiro, começarmos com aulas à distância é fortíssima, mas a situação é bem melhor agora do que em março do ano passado. As escolas conseguiram arranjar mais computadores. Mas a verdade é que há muitos alunos que ainda não têm meios telemáticos em casa à disposição para poderem trabalhar convenientemente. Mas mesmo para aqueles alunos que não tinham meios, em março, a escola também conseguiu arranjar formas de trabalhar com eles. Não a forma ideal, longe disso, mas genericamente não deixámos alunos para trás”, esclareceu.

Quiseram ficar bem no retrato e agora percebem que as culpas lhes irão cair em cima. Ainda ontem andaram a dizer que estavam melhor preparadas, mas já começaram a admitir problemas. Pois, porque em Março se estava a zero. Mais do que zero não é assim tão difícil. O Filinto deveria saber isso, bem como o papá Ascenção. Porque eu também sou papá e não me revejo naquela forma sempre hábil de estar de bem com os fortes e abusar com os fracos.

As escolas dizem estar totalmente preparadas para regressar ao ensino à distância se for essa a decisão do Governo. A tutela já fez chegar às escolas orientações para que estejam preparadas para esse cenário a partir do dia 8 de fevereiro.

Um dos problemas deste modelo hierárquico de poder, em que quem se cala e amocha fica a ganhar, quem colabora recebe em primeiro lugar e em maior quantidade os favores dos governantes, tem o reverso de, quando as coisas correm mal, existir quem lhes venha logo apontar o dedo e, de certa forma, com razão, porque se calaram quando deveriam falar.

Pior, há quem tenha ajudado activamente a criticar quem afirmava que as coisas não estavam prontas, entrando no coro das araras que apresentaram tudo como se estivesse pronto. Não estava. Mas dava jeito enganar a opinião pública. De peito feito, tiveram entradas de campeão e agora estão a tentar escapar-se pela senda habitual de quem falou grosso antes de tempo. Quando em Novembro e Dezembro chegaram os tais 100.000 kits, não perceberam que não chegavam? Os os vossos agrupamentos foram bafejados pelas vantagens de uma distribuição assimétrica da coisa? Ou só agora é que perceberam a vossa realidade? Ricas lideranças.

Ainda bem que eu só vejo o “meu quintal” (como antes só via “o meu umbigo”), porque parece que mesmo assim consigo ver melhor do que quem tem uma “panorâmica global dos problemas”. Ou que consegue fazer ajustes directos em tudo o que lhe interessa, mas depois alega enormes problemas burocráticos para justificar atrasos incompreensíveis.

Como Seria De Esperar

Apesar das pessoas muito inteligentes falarem no “contágio zero”, ignorando que o problema mais grave não era dos portões para dentro.

O Fecho das Escolas Teve o Efeito Brutal na Queda da Curva dos Novos Contágios

Encerramento das escolas, que levou a menor mobilidade, e as medidas mais restritivas impostas pelo Governo ajudaram a uma queda mais rápida da taxa de transmissibilidade, mostram estimativas do projecto Covid19 Insights.

Domingo – Dia 17

Algumas pessoas têm-se revelado extremamente activas na tarefa de nos explicar tudo o que podemos fazer no ensino â distância. Eu confesso que preferia que se concentrassem naquilo que precisamos fazer em primeiro lugar. Porque eu posso fazer muita coisa de que não tenho necessidade. E às vezes nem devo fazer assim tanta coisa. E preferia que se concentrassem no essencial (assegurar o acesso, explicar conceitos básicos de literacia digital) e não tanto se podemos fazer malabarismos mil em 3D. Isso é que seria mesmo #Solução. E não tanto #Exibição.

Porque ainda isto não abriu oficialmente e já estou a relembrar tudo o que detestei na primeira vaga de E@D.