Eu Depois Coloco A Gravação

A conversa foi interessante, uma meia hora sem muita filtragem e a afinidade natural entre dois professores de História, da mesma geração. Passa pelas 23.20.

O ensino à distância é o tema do programa Da Capa à Contracapa desta semana com os professores Paulo Guinote e Fernando Egídio Reis.

Em tempo aulas digitais, olhamos para o livro “Quando as escolas fecharam”, de Paulo Guinote. O autor recorda o primeiro confinamento registando a vivência das primeiras semanas de aulas à distância, logo depois de 16 de março, por um casal de professores, a filha, aluna do 11.º ano, e a gata da casa, subitamente também perturbada pela alteração do quotidiano.

Mas O Homem Já Não Tinha Idade Para Ter Juízo?

Quando os escreveu já era mais velho do que eu sou agora e teria certamente ambições. Se os escreveu é porque sentiu vontade de o fazer e quase por certo gosto ou mesmo. Preferia que ele os assumisse por inteiro do que estar a tentar desculpar-se de algo que fez quando já estava longe dos “excessos” que se associam à adolescência. Até porque o fez numa revista universitária e não numa qualquer mafazeja “rede social” ou tenebroso blogue. Não entendo muito bem este tipo de vergonha tardia por causa de escritos de “actualidade”, assim como também não percebo que quem o escolheu – pelos vistos sabendo ao que ia – pareça experimentar agora um certo incómodo.

Sorte minha preferir assumir por completo as asneiras que certamente escrevi, do que renegar convicções e querer trocar o que sou ou fui porque qualquer honraria em idade serôria.

Presidente do TC insurgiu-se contra “lobby gay” há 11 anos. Quando se debruçou sobre barrigas de aluguer, em 2018, escreveu que gestão de substituição era “violadora da dignidade da pessoa humana”.

Quando foi escolhido pelos conselheiros para se tornar também juiz do Tribunal Constitucional (TC), em Fevereiro de 2014, o professor universitário João Pedro Caupers deixou um aviso em relação aos textos de opinião que tinha escrito para publicação online da Faculdade de Direito da Universidade Nova durante quatro anos: alguns deles eram muito datados, motivados por questões da actualidade, e não os teria redigido da mesma forma mais tarde.

E Há Tendência Para Piorar

Na primeira vaga do E@D tive direito a engasganços, delays, a imagem a congelar ou a “lagar” como os putos dizem, mas a coisa ia-se aguentando. Hoje, na tal hora de ponta cá em casa de que falei a semana passada, tive direito a interrupção da aula síncrona da manhã durante vários minutos, porque a net contratada não chega a um décimo da velocidade contratada. Não é porque estivesse alguém cá em casa em serviços de streaming, mas apenas porque as operadoras andam a tratar da sua vida e a contabilizar lucros com tanta coisa à distância.

Entretanto, ainda não percebi se é a propaganda que é desmentida, se é a incompetência de quem nos governa que é confirmada.

A Nos assegura que não está prevista “qualquer limitação do tipo de tráfego” nos hotspots com internet grátis que estão a ser emprestados pelo Governo aos alunos da Ação Social Escolar. E avisa que muitos estão a usar o serviço com aplicações “para fins lúdicos” fora do período escolar, como YouTube e Netflix, o que poderá degradar a qualidade internet na hora de assistirem às aulas.

O ECO publicou esta segunda-feira uma entrevista ao secretário de Estado para a Transição Digital, na qual André de Aragão Azevedo afirma que o Governo acordou com os operadores a “seleção do tipo de serviços que estão disponíveis” para “garantir que o consumo de dados só é elegível se for para contexto educativo”. O ECO contactou as operadoras, a Apritel e a Anacom, tendo apenas obtido, até ao momento, resposta da Nos que contraria o governante.

“Os procedimentos definidos pelo Governo para contratação da conectividade móvel no âmbito do programa Escola Digital não preveem, à data de hoje, qualquer limitação do tipo de tráfego”, garante a operadora liderada por Miguel Almeida. “Os beneficiários tanto podem usar o acesso que lhes é disponibilizado gratuitamente para fins educativos, como para fins lúdicos (ex. YouTube, Netflix)”, acrescenta.

3ª Feira – Dia 9

Estive a reler boa parte do que escrevi há quase um ano, durante a primeira vaga de E@D e a sensação de déjà- vu é incómoda. Parece que os problemas são quase os mesmos e ando a escrever em círculos, sem sentir que avançámos para algo diferente, aprendemos com as falhas ou repensámos práticas que provocaram um desnecessário desgaste.