As Contas Do Maurício Brito

“Impacto financeiro (anual) da supressão dos estrangulamentos nos acessos aos 5º e 7º escalões nos anos de 2018, 2019 e 2020.

(Ponto prévio: Este trabalho foi por mim realizado após ter sido solicitado pelo Arlindo Ferreira, no âmbito da petição “Pelo fim das vagas no acesso ao 5º e 7º escalões”.)

Começaria por dizer que não é fácil dedicar horas de trabalho e mesmo escrever sobre algo que tenho a sensação de que pouco ou nada servirá. A enorme indignação de ter assistido, há cerca de 2 anos atrás, à ameaça de demissão de um governo e à consequente contabilização de apenas 1/3 do tempo de serviço congelado docente ainda está fresca na memória, principalmente por ter a consciência – a certeza – de que o governo de então mentiu ao apresentar números falsos e exagerados com a contabilização dos famosos 942. Mas a verdade é que desistirmos de lutar contra as injustiças, calarmo-nos, resignarmo-nos ou ficarmos à espera de que outros façam o que deve ser feito não pode nunca ser opção, por mais difícil que pareça a travessia à nossa frente. Por isso mesmo, e recordando o que escrevi, há cerca de um ano atrás, convém termos bem presente os efeitos perversos da contabilização de apenas 1/3 do período de tempo de serviço prestado congelado, somada à necessidade de obtenção de vaga para a progressão aos 5º e 7º escalões: milhares de professores ficarão eternamente “presos” nos 4º e 6º escalões e nunca chegarão ao topo da carreira, por melhores profissionais que sejam ou tentem ser. É este o modelo de avaliação meritocrático que pretendemos ter?

Assim sendo, vale a pena olhar para o que representam estes estrangulamentos, meramente economicistas, nas contas do estado. Que peso têm na rubrica dos vencimentos com pessoal docente e o seu “enorme fardo” (0,007%!) no orçamento maior. As conclusões são simples: representam o desrespeito de sucessivos governos pela classe docente; representam mais uma ferramenta para a proletarização da nossa classe; representam o avolumar do cansaço e da frustração de profissionais que estão há mais de uma década a perder poder de compra, a trabalhar mais e mais horas e a não ver reconhecido o seu trabalho.

Os números falam por si. E exibem a vergonha de um modelo injusto, nada transparente, arbitrário e cruel.”

Anexo:

Maurício Brito

Mas Não Digam Nada Aos Cartistas

Ministra da Saúde salienta que, embora se tenha registado nos últimos dias uma diminuição dos casos de infecção e das mortes por covid-19 em Portugal, a situação não é ainda ideal e remete mais esclarecimentos sobre a reabertura das escolas para 11 de Março.

E esta parte não digam ao Tiago, mesmo se acho muito especulativa, se não ele entra em colapso. Entretanto, será que esta medida fará voltar o Mário às aulas, ou o gabinete é à prova de vírus?

Marta Temido assumiu, na entrevista desta terça-feira, que o Governo está a ponderar incluir os professores no grupo prioritário de vacinas. “É uma hipótese que está a ser analisada. Não só em Portugal como noutros países”, revelou a responsável. “Quando olhamos à nossa volta e vemos os processos de desconfinamento vemos duas novas medidas: a vacinação e a testagem. Poderá fazer sentido que os adultos que trabalhem nesses locais [escolas] possam ser alvo de uma vacinação diferenciada, como fizemos com outros locais”. 

Pelo Público Online

(…) Vou finalizar com uma crítica do mesmo tipo que fiz aos promotores da carta aberta pela reabertura rápida das escolas, de que a economista Peralta faz parte: sejam bem-vindos à luta por uma sociedade mais justa e menos desigual. Em outras ocasiões não demos pela vossa presença, como quando sectores inteiros foram objecto de uma redução substancial de rendimentos logo a partir de 2005. Mas mais vale chegarem tarde à luta pela justiça social e económica do que nunca. Agora só falta algum rigor na descrição e análise da realidade sobre a qual lançam as vossas propostas.

A Ler

(…) recorde-se o saudoso Eduardo Prado Coelho: “Uma ideologia é sempre um conjunto de interesses inconfessáveis.” Qualquer que seja o significado ou a concepção que se tenha de ideologia (historicamente inquestionável no desenvolvimento humano), o leque existente não tem escapado ao desfile de interesses inconfessáveis para comprometer os descomprometer quem governa ou quem se opõe. O país, as pessoas e a pandemia mereciam mais. 

A Ternura Dos Quarenta

Deem-me um texto sobre a reabertura das escolas e eu dir-vos-ei a década de vida em que está @ autor@ e, como consequência, a do nascimento, com uma margem de erro de 1 ou 2 anos. Conraria, Cristo, Oliveira, Peralta, Raposo, Tavares and friends, quase todos estarão ali entre 1969 e 1980. Com bónus, se for um texto muito preocupado com os pobrezinhos e os desfavorecidos, escrito em sala das avenidas novas, da quinta da família ou em solar apalaçado.

Há excepções, claro, mas servem para confirmar a regra.

Estou a ser insuportavelmente preconceituoso em termos sociais? Sim, porque decidi entrar nesta versão de lutas de classes 2.0, só que não pretendo ser o porta-voz daqueles a que não pertenço e de quem mantenho as devidas distâncias, para evitar qualquer contágio, apenas os usando como recurso demagógico.

O Clérigo Conraria

Clérigo da opinião, claro, que não gosto de impor votos a ninguém. Mas indo ao que interessa. Na TVI24, que recentemente parece ter adquirido os seus serviços como comentador, o economista Conraria insurgia-se contra quem impõe o confinamento a outros, dando o popular exemplo dos feirantes que não podem ir às feiras, mas não se dispõe a pagar um imposto para quem perdeu rendimentos com a pandemia. Como seria de esperar, a meio da tirada, fez o àparte que ele não é um desses que defende confinamentos, pelo que julgo razoável deduzir que se estará a excluir dos malandros que devem pagar o tal tributo extraordinário, que algum clero opinativo gosta de apresentar como solidário.

Será que não se consegue desenvolver uma vacina para a hipocrisia?.