4ª Feira – Dia 24

Aqui por casa é comum estar a professora de História do 10º e 11º ano a dar aulas com temas que se cruzam com os das aulas de História e Geografia de Portugal do 5º ano do professor do 2º ciclo do Básico. Umas vezes ao mesmo tempo, à distância de uma voz em tom controlado, para não entrar no som da aula alheia ou interferir com as aulas da aluna do 12º ano. Um exercício interessante de gestão do espaço, do som e de uma banda quase larga, algo que nem sempre ocorre a quem acha que isto é muito cómodo para quem está em casa em teletrabalho, sendo professor e encarregado de educação. Mas avancemos, não é ncessário fazer uma carta aberta a esse respeito.

Obrigadinho, Ó Mário!

Gosto deste tipo, que não dá uma aula desde que eu sou professor, mas que tem sempre sentenças prontas. Seja no exagero de uns números, seja no rápido aconchegamento às “prioridades”.

Portanto, por ti, vacina-se quem já lá está e quem vem de fora não é preciso? Já agora, pode-se ir vacinando o pessoal enquanto vai dado aulas, não achas?

Falhaste metade da vocação. Devias ter ido para doutor médico e depois logo ias para sindicalista. Demorava mais tempo a tirar o curso, mas parece-me que tens um dom natural. Ou isso ou para contas de sumir.

Vacinar todos os professores e funcionários escolares seria o ideal, diz ao PÚBLICO o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof). Este universo ronda as 250 mil pessoas, estima. Mas se tiverem de ser definidas prioridades, Mário Nogueira não tem dúvidas: “Devem ser aqueles, professores e funcionários, que nunca saíram da escola. Estou a falar dos que pertencem ao grupo de intervenção precoce, que asseguram a educação especial e o funcionamento das escolas de acolhimento, entre outros casos de excepção, nomeadamente de apoio aos alunos que não dispõem de Internet ou computador em casa para poderem acompanhar as actividades lectivas.” Estes não devem ir além dos dez mil no total, calcula o líder da Fenprof.

Mais Uma Cavadela…

… mais uma minhoca apanhada na argumentação da economista Peralta que parece uma daquelas especialistas instantâneas em economia da pandemia, só que truncando ou adulterando a informação que depois outros papagueiam de forma acrítica. E não há nada mais divertido do que ver alguém a “armar-se”, a colocar-se em bicos de pés em cima de barro por cozer.

No seu texto de 26 de fevereiro (“Costa, Marcelo e a penitência da Quaresma”), Susana Peralta argumenta em favor da abertura das escolas, apoiando-se num editorial publicado na revista médica The BMJ. A economista não deve ter feito uma análise cuidadosa da publicação que escolheu, ou teria detetado que o trabalho não apresenta informação científica que negue às escolas impacto na propagação do vírus – explico porquê nos últimos parágrafos deste texto, para quem interessar.

Isso É Mesmo A Sério Ou Continuamos Na Brincadeira?

Nos últimos cinco anos, os donos da verdade em Educação 8des)governaram a seu belo prazer, produziram perfis e referenciais, alongaram-se em monólogos de vaqueir@s, confiantes de que tinham o alfa e o ómega das soluções boas e certas, metodologicamente superiores e moralmente muito superiores a todos os que ousassem discordar de uma concepção mal pensada , mas fortemente ideologizada, do que seria a “Educação do século XXI”. Os mais prudentes desse nicho que se formou em torno do SE costa têm estado a voar baixinho e a tentar passar despercebidos, tamanha foi a demonstração dos seus equívocos e preconceitos, nascidos de leituras passadas que se queriam passar por “inovação”.

Mas parece que agora já acham que se deve passar a “dialogar e a alinhar estratégias convergentes na ação”, como escreve um dos elementos desse grupo, o director Fernando Elias, que ainda há pouco mais de um ano eu ouvi no Fórum Educação e Mudança a anunciar amanhãs que não cantaram a cantiga anunciada.

Se concordo que o tempo para repensar alguns aspectos da Educação já foi anteontem, também acho que muita gente esteve mesmo à espera até ao último momento possível, na expectativa de escapar ao exame da História e agora anda em busca de uma tábua de salvação que consiga minimizar o seu fracasso.

O problema é quando deparamos com aqueles parágrafos que nos comprovam que não aprenderam nada e apenas andam a tentar recauchutar a velha “gramática” da treta, vazia de conteúdo novo e pletórica dos mesmos chavões de sempre, escasseando acção coerente que não venha envolta em “planos”, “monitorizações” e na 73ª “mudança de paradigma”. Então a conversa da “maior colegialidade” por parte de quem quer o poder centralizado em si e só quer trabalho cooperativo para baixo, para quem obedecerá a ordens de forma colaborativa, é de uma hipocrisia tremenda.

2. Uma outra gramática escolar, a mudança de paradigma, o reforço de redes de apoio, uma maior colegialidade, o trabalho cooperativo e colaborativo, de geometria variável e intensiva, tarde ou cedo, vão eclodir, ganhando escala.

3. No desenvolvimento do exercício de autonomia e flexibilidade curricular, tenderá a aumentar o número de escolas com Planos de Inovação e Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário, como respostas à necessidade de se valorizar a ação educativa, tendo em vista o seu efeito mitigador das desigualdades socioeconómicas e a promoção de oportunidades de mobilidade social.