Manual Para Eunucos Linguísticos

Confesso que de qualquer organismo dirigido pelo Francisco Assis (aquela “população que um dia, quando era de noite numa localidade portuguesa do norte do país, foi atingida ou esteve para ser por uma manifestação de intolerância cívica, protagonizada por mãos em movimento rápido”) espero todo o tipo de parvoíce, armada em inovação. O homem gosta de estar em lugares, fazer coisas, parecer modernaço.

Por mim, os responsáveis por este tipo de iniciativas “neutras e inclusivas” podem bem ir fazer amor consigo mesmo, se ainda tiverem equipamentos anatómicos em condições de desempenhar essa função que permite algum prazer aos indivíduos de todas os credos, etnias e géneros.

Gestor é substituído por ‘população com cargos de gestão’ e trabalhadores passam a ‘população trabalhadora’. Tudo pela inclusão e pela linguagem neutra. Proposta retirada antes da votação

A imagem seguinte deve ler-se, numa perspectiva inclusiva, da seguinte forma “população caucasiana com capacidades intelectuais moderadas em relação à média desejável para a população em geral, atendendo a padrões padronizados de forma convencional, de acordo com parâmetros a carecer de revisão, tenta atingir um inocente insecto que decidiu descansar no seu órgão olfactivo, com artefacto produzido em contexto artesanal, havendo ainda a possibilidade de, com esse acto, estimular a sua actividade neuronal”.

História Escreve-se Com H…

… e não é bem a mesma coisa que o storytelling dos filmes ou documentário meio ficcionados. Mesmo que seja uma “narrativa” e tenha muitos episódios rocambolescos, são registos um “pouco” diferentes, não devendo a História depender (embora por vezes aconteça, admito) dos humores de financiadores. E muito menos deve “torcer” pelos “personagens principais”, sejam quais forem os seus “estados de alma”.

A história conta-se a partir das emoções e estados de alma das personagens principais, por quem naturalmente passamos a torcer. Fazer diferente é um desafio de storytelling que deveria mobilizar historiadores, professores e governantes.

Domingo – Dia 35

Quando o encerramento das escolas aconteceu e foi claro que duraria mais do que um par de semanas, não era necessária muita perspicácia para prever que a realização, pelo menos, das provas de aferição do Básico era algo dispensável. Mas a 12 de Fevereiro, com uma nova calendarização do resto do ano escolar, continuou a prever-se a realização de quase todas as provas (com a  excepção de algumas do 2.º ano). A 11 de Março tudo voltou a mudar e recuperou-se o modelo que tinha sido adoptado no ano lectivo anterior, deixando-se cair todas as provas de aferição e provas finais do Básico.  Ainda bem que eu planifico o meu trabalho com “autonomia e flexibilidade” ou os meus alunos (de 5.º ano, a quem disse cedo para esquecerem as provas de aferição) estariam a navegar na maior das confusões.