A Mãe

Maria Antónia Palla interroga-se no Público acerca do ódio que existirá em Portugal contra Sócrates. O momento para tal interrogação não deixa de ser curioso, mas eu preferiria relembrar que ele foi o primeiro líder do PS a conseguir uma maioria absoluta e que governou seis anos, com muitos apoios, cumplicidades e silêncios. Para o bem e o mal. E, já agora, gostaria ainda de recordar que o “animal feroz” nunca se caracterizou pela forma simpática ou amorosa de tratar a generalidade dos adversários.

Que o PS tem um problema por resolver? Claro, mas acho que em alguns casos o “ódio” (dentro do PS) é mais porque José Sócrates exagerou (apesar da enorme habilidade em tirar fotocópias), deu nas vistas e há agora quem só com muita dificuldade nos possa fazer acreditar que nada sabia, nada viu ou ouviu.

Pessoalmente, que nunca tive cartão de nenhuma cor, nunca “odiei” o homem (em termos pessoais ou políticos). Só que já em 2005 tinha ouvido o suficiente, mesmo vivendo numa aldeia e não frequentando tertúlias de gente informada, ao ponto de abandonar o comodismo da abstenção (não, não fui votar no Santana, aquietem-se algumas almas muito puristas). Que tanta gente tenha andado distraída é que me causa imensa impressão.

(na TVI24, Sócrates usou como grande argumento em favor da sua honorabilidade o apoio dado por Mário Soares… como se todos nos tivéssemos esquecido do apoio que também deu, por exemplo a Bettino Craxi…)

5ª Feira – Dia 67

É gratificante quando se tem alunos que gostam de ir além do que são os conteúdos curriculares, que questionam, que querem saber mais. Que não hesitam em perguntar ou em informar-se sobre assuntos que os interessam ou acerca dos quais sentem curiosidade. Que vão contra os lugares-comuns que afirmam que os jovens de hoje só querem saber do presente, das tecnologias. Alunos que não acham chatos os tais saberes “enciclopédicos” e que querem que o professor os guie na pesquisa ou que discuta com eles aspectos que vão muito além do previsto nos documentos oficiais.